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As Origens do Eneagrama

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    16MM
  • 28 de abr. de 2020
  • 12 min de leitura

Origens Antigas, Novas Revelações

O MODERNO ENEAGRAMA de tipos de personalidade não provém de uma única fonte. Ele é um produto híbrido, uma amálgama atual de diversas antigas tradições de sabedoria e da moderna psicologia. Vários autores já se indagaram acerca das origens do Eneagrama e seus entusiastas contribuíram para criar muito folclore sobre sua história e desenvolvimento, mas a verdade é que, infelizmente, muito do que se diz é fruto de má interpretação. Vários dos primeiros pesquisadores do tema atribuíram-no aos mestres sufistas, o que não é o caso, como hoje se sabe.

Para entender a história do Eneagrama, é preciso traçar uma distinção entre o símbolo do Eneagrama e os nove tipos de personalidade. É verdade que o símbolo do Eneagrama é muito antigo, tendo pelo menos 2.500 anos. Da mesma maneira, as origens das ideias que por fim levaram ao desenvolvimento da psicologia dos nove tipos remonta ao século IV d.C., talvez antes. Porém foi apenas há algumas décadas que essas duas fontes de conhecimento foram reunidas.

As origens exatas do símbolo do Eneagrama se perderam na História; não sabemos de onde ele vem, da mesma forma que não sabemos quem inventou a roda ou a escrita. Diz-se que surgiu na Babilônia por volta do ano 2500 a. C., mas há poucas provas em favor dessa hipótese. Muitas das ideias abstratas relacionadas ao Eneagrama, para não falar em sua geometria e derivação matemática, sugerem que ele pode ter origem no pensamento grego clássico. As teorias a ele subjacentes podem ser encontradas nas ideias de Pitágoras, Platão e alguns dos filósofos neoplatônicos. Seja como for, ele certamente pertence à tradição ocidental que deu origem ao judaísmo, ao cristianismo e ao islamismo, bem como a filosofia hermética e gnóstica, cujos indícios podem ser vistos em todas essas três grandes religiões proféticas.

Não há dúvida, porém, de que o responsável pela introdução do símbolo do Eneagrama no mundo moderno foi George Ivanovich Gurdjieff, um greco-armênio nascido por volta de 1875. O jovem Gurdjieff, interessado pelo esoterismo, estava convencido de que os antigos haviam criado uma ciência capaz de transformar a psique humana. Essa ciência se teria perdido ao longo dos séculos. Junto com alguns amigos igualmente apaixonados pela ideia de resgatar a ciência perdida da transformação humana, Gurdjieff passou a juventude tentando reconstituir as relações que havia entre os ensinamentos da antiga sabedoria que ia descobrindo. Juntos, eles criaram um grupo chamado "Os que Buscam a Verdade" e resolveram que cada um exploraria independentemente diferentes ensinamentos e sistemas de pensamento e periodicamente se reuniriam para compartilhar suas descobertas Correram mundo, viajaram pelo Egito, Afeganistão, Grécia, Pérsia, Índia e Tibete, conhecendo monastérios e santuários remotos, aprendendo tudo que podiam acerca das antigas tradições de sabedoria.

Numa de suas viagens, possivelmente ao Afeganistão ou à Turquia, Gurdjieff encontrou o símbolo do Eneagrama. A partir daí, elaborou uma síntese de tudo que ele e seu grupo haviam pesquisado. Gurdjieff concluiu seus muitos anos de busca pouco antes da I Guerra Mundial e começou a ensinar em São Petersburgo e Moscou, atraindo imediatamente uma ávida plateia.

O sistema que Gurdjieff ensinava era um complexo estudo de psicologia, espiritualidade e cosmologia que visava ajudar os discípulos a discernir seu lugar no universo e seu propósito objetivo na vida. Ele ensinou também que o Eneagrama era o símbolo central e mais importante em sua filosofia. A seu ver, ninguém podia compreender nada completamente se não o fizesse em termos do Eneagrama, isto é, se não colocasse corretamente os elementos de um processo nos pontos corretos do Eneagrama, vendo assim a interdependência e o apoio existentes entre as partes do todo. O Eneagrama ensinado por Gurdjieff era, portanto, basicamente um modelo de processos naturais e não uma tipologia psicológica.

Gurdjieff explicou que o símbolo do Eneagrama tem três partes que representam as três leis Divinas, as quais regem toda a existência. A primeira delas é o círculo, uma mandala universal, presente em quase todas as culturas. O círculo diz respeito à unidade, integridade e identidade e simboliza a ideia de que Deus é uno, compartilhada pelas três maiores religiões ocidentais: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.

Dentro do círculo, encontramos o símbolo seguinte, o triângulo. No cristianismo, ele tradicionalmente se refere à Trindade do Pai, Filho e Espírito Santo. Da mesma forma, a Cabala, um ensinamento esotérico do judaísmo, prega que Deus inicialmente se manifesta no universo como três emanações ou “esferas", os Sefirot (Kether, Binah e Hokmah), designado pelo principal símbolo da Cabala, a Árvore da Vida. Podem-se ver reflexos da ideia da trindade em outras religiões: os budistas falam de Buda, Dharma e Sangha; os hindus, de Vishnu, Brahma e Shiva; os taoístas, de Céu, Terra e Homem.

Surpreendentemente, quase todas as grandes religiões pregam que o universo não é a manifestação de uma dualidade, como ensina a lógica ocidental, mas sim de uma trindade. Nossa forma usual de ver a realidade baseia-se em pares de opostos, como bom e mau, preto e branco, macho e fêmea, introvertido e extrovertido, e assim por diante. As antigas tradições, por sua vez, não veem homem e mulher, mas homem, mulher e criança. As coisas não são classificáveis segundo o preto ou o branco, mas segundo o preto, o branco e o cinza.

Gurdjieff chamava a esse fenômeno a Lei da Trindade" e dizia que tudo que existe resulta da interação de três forças (sejam elas quais forem numa determinada situação ou dimensão). Até as descobertas da física moderna parecem respaldar a ideia da Lei da Trindade. Na escala subatômica, os átomos são feitos de prótons, elétrons e nêutrons e, em vez das quatro forças fundamentais que julgávamos haver na natureza, a física descobriu que só existem três: a força forte, a fraca e o eletromagnetismo.

A terceira parte desse símbolo tríplice chama-se héxade (a figura que interliga os números 1-4-2-8-5-7). Essa figura simboliza o que Gurdjieff chamava de "a Lei do Sete", que diz respeito a processos e desenvolvimento ao longo do tempo. Ela afirma que nada é estático; tudo está em movimento e no processo de tornar-se outra coisa. Mesmo as rochas e as estrelas por fim se transformam. Tudo está em mudança, recicla-se e evolui ou involui – embora de maneira previsível e de acordo com uma lei, segundo sua natureza e as forças que estejam atuando. Os dias da semana, a Tabela Periódica e a oitava musical ocidental baseiam-se na Lei do Sete. Quando juntamos estes três elementos – o círculo, o triângulo e a héxade – temos o Eneagrama. Ele é um símbolo que demonstra a integridade de algo (círculo), cuja identidade resulta da interação de três coisas (triângulo) e evolui ou muda ao longo do tempo (héxade).

Gurdjieff ensinava o Eneagrama mediante uma série de danças sagradas, explicando que ele deveria ser concebido, não como um símbolo estático, mas sim como vivo, mutável e dinâmico. Contudo, nem nas suas publicações nem nas de seus discípulos, encontra-se menção ao Eneagrama de tipos de personalidade. As origens deste são mais recentes e têm duas fontes modernas principais.

A primeira é Oscar Ichazo. Assim como Gurdjieff, quando jovem Ichazo era fascinado pela ideia de recuperar conhecimentos perdidos. Na infância, ele aplicou sua notável inteligência à absorção de informação na vasta biblioteca de filosofia e metafísica de um tio. Ainda muito jovem, viajou da Bolívia para Buenos Aires, na Argentina, e depois para outros países em busca da antiga sabedoria. Após viajar pelo Oriente Médio e por outros lugares, voltou à América do Sul e começou a depurar o que havia aprendido.

Ichazo pesquisou e sintetizou os vários elementos do Eneagrama até que, no início da década de 50, descobriu qual a relação entre o símbolo e os tipos de personalidade. Os nove tipos que ele ligou ao símbolo do Eneagrama provêm de uma antiga tradição que lembrava os nove atributos Divinos conforme se refletem na natureza humana. Essas ideias começaram com os neoplatônicos, se não antes, e aparecem, no terceiro século d.C, nas Enéadas de Plotino. Elas penetraram na tradição cristã como seu contrário: a distorção dos atributos Divinos deu origem aos Sete Pecados capitais (ou "Pecados Mortais" ou "Paixões”), acrescidos de mais dois (medo e ilusão).

Comum tanto ao Eneagrama quanto aos Sete Pecados capitais é a ideia de que, embora tenhamos em nós todos eles, um especificamente se avulta. Ele é a origem de nosso desequilíbrio e de nosso apego ao ego. Conforme as pesquisas de Ichazo, as primeiras ideias sobre os nove atributos Divinos remontam à Grécia e aos pais do deserto do século IV, que foram os que primeiro elaboraram o conceito dos Sete Pecados capitais. Daí, introduziram-se na literatura medieval, por meio dos Contos de Canterbury, de Chaucer, e do Purgatório, de Dante.

Ichazo estudou ainda a antiga tradição judaica da Cabala. Esse ensinamento místico surgiu em comunidades judias da França e da Espanha entre os séculos XII e XIV de nossa era, embora tivesse antecedentes em antigas tradições místicas judaicas, bem como no gnosticismo e na filosofia neoplatônica. De importância central na filosofia cabalística é o símbolo conhecido como a Árvore da Vida (Etz Hayim), o qual, como o Eneagrama, contém as ideias de unidade, trindade e de um processo de desenvolvimento que implica sete partes.


As Noves Paixões

Compreenderemos melhor a ideia dos Pecados capitais (também chamados "Paixões") se pensarmos na palavra pecado não como algo errado ou ruim, mas sim como a tendência a "falhar, errar o alvo" de alguma forma. As Paixões representam as nove principais maneiras de perder o equilíbrio e incorrer em distorções de raciocínio, sentimento e ação.

1. Ira: Esta paixão estaria mais bem descrita pela palavra Ressentimento. A ira em si não é problema, mas no Tipo Um ela é reprimida, levando a constantes frustrações e dissabores em relação a si e ao mundo.

2. Soberba: A soberba consiste numa incapacidade ou falta de disposição para reconhecer o próprio sofrimento. Enquanto procura "ajudar" os outros, o Tipo Dois nega muitas de suas próprias necessidades. Esta paixão também poderia ser descrita como Vanglória – orgulho das próprias virtudes.

3. Ilusão: A ilusão consiste em pensar que somos apenas o ego. Quando acreditamos nisso, esforçamo-nos para desenvolver o ego, em vez da nossa verdadeira natureza. Também poderíamos chamar esta paixão de Vaidade, uma tentativa de fazer o ego sentir-se importante sem recorrer à fonte espiritual.

4. Inveja: A inveja baseia-se na sensação de que algo fundamental nos falta. Ela leva o Tipo Quatro a pensar que os outros têm qualidades que ele não possui. As pessoas desejam o que está ausente, esquecendo-se muitas vezes de ver as dádivas com que foram abençoadas.

5. Avareza: O Tipo Cinco acredita que, por ter poucos recursos interiores, a interação com as pessoas o levará a uma catastrófica redução ou esgotamento. Esta paixão leva as pessoas a esquivar-se do contato com o mundo e a minimizar suas necessidades para garantir a preservação de seus recursos.

6. Medo: Esta paixão estaria mais bem descrita pela palavra Ansiedade, pois esta nos faz recear coisas que na verdade não estão acontecendo. O Tipo Seis vive a vida em constante estado de apreensão e preocupação com possíveis eventos futuros.

7. Gula: A gula aqui se refere ao desejo insaciável de "encher-se" de experiências. O Tipo Sete tenta superar a sensação de vazio interior dedicando-se a inúmeras ideias e atividades estimulantes e positivas, mas acha que tem o bastante.

8. Luxúria: A luxúria não se aplica apenas ao desejo sexual; o Tipo Oito tem luxuria no sentido de deixar-se mover por uma constante necessidade de intensidade, controle e quantidade. A luxúria leva o Tipo Oito a tentar controlar tudo em sua vida – a afirmar-se com obstinação.

9. Preguiça: A preguiça não significa apenas inação, já que o Tipo Nove pode ser bem ativo e realizador. Aqui, ela se refere mais ao desejo de não ser afetado pelas coisas, uma falta de disposição para entregar-se plenamente à vida.


Num lampejo de genialidade, foi Ichazo quem conseguiu pela primeira vez, em meados dos anos 50, dar a esse material a sequência adequada no símbolo do Eneagrama. Só então as diferentes correntes de transmissão se juntaram para formar o padrão básico do Eneagrama conforme hoje o conhecemos.

Em 1970, o eminente psiquiatra Claudio Naranjo, que estava elaborando um método de gestalt-terapia no Esalen Institute, em Big Sur, na California, juntamente com um grupo de pensadores do movimento do potencial humano, viajou para Arica, no Chile, para estudar com Ichazo. Este estava ministrando um curso intensivo de quarenta dias, criado para ajudar seus discípulos a encontrar a auto-realização. Um dos primeiros itens abordados nesse curso foi o Eneagrama e os nove tipos ou, como ele os chamava, "fixações do ego".

O Eneagrama imediatamente cativou várias pessoas do grupo, particularmente Naranjo, que voltou a Califórnia e começou a aplicá-lo aos sistemas psicológicos que havia estudado. Naranjo interessou-se em correlacionar os tipos do Eneagrama às categorias psiquiátricas que conhecia e, assim, começou a expandir as resumidas descrições que Ichazo inicialmente fizera dos tipos. A forma que encontrou para demonstrar a validade do sistema foi reunir grupos de pessoas que se identificavam com um determinado tipo, ou cujas categorias psiquiátricas eram conhecidas, entrevistando-as para destacar as semelhanças entre elas e obter informações adicionais. Ele reunia, por exemplo, todas as pessoas de seu grupo que tinham personalidade obsessivo-compulsiva e observava como suas reações se encaixavam nas descrições do Tipo Um de personalidade, e assim por diante.

O método de Naranjo – usar grupos para estudar os tipos não faz parte, como já se afirmou, de nenhuma antiga tradição oral. Tampouco o Eneagrama da personalidade provém de um corpo de conhecimento que tenha sido transmitido oralmente a nossos dias. O uso de grupos começou com Naranjo no início dos anos 70 e constitui apenas uma forma de estudar e esclarecer o Eneagrama.

Naranjo começou a divulgar uma versão preliminar do sistema a pequenos grupos de estudantes em Berkeley, na Califórnia, e, a partir daí, houve uma rápida disseminação. O Eneagrama ganhou mestres entusiastas na área metropolitana de San Francisco e em retiros jesuítas de todo o território norte-americano, num dos quais um de nós, Don, então um seminarista jesuíta, teve contato com o novo material. Desde o surgimento da obra fundamental de Ichazo e Naranjo, várias pessoas, entre as quais nos incluímos, vêm desenvolvendo o Eneagrama e descobrindo nele muitas novas facetas.

Nosso trabalho consistia principalmente no desenvolvimento da base psicológica dos tipos, pela ampliação das resumidas descrições originais e pela demonstração da forma como o Eneagrama se relaciona com outros sistemas psicológicos e espirituais. Don sempre teve certeza de que, se as descrições dos tipos não fossem plena e precisamente resolvidas, o Eneagrama teria pouca utilidade e, de fato, poderia tornar-se uma fonte de informações erróneas e tentativas equivocadas de crescimento.

Um avanço de grande importância verificou-se em 1977, quando ele descobriu os Níveis de Desenvolvimento. Os Níveis revelaram as gradações de crescimento e decadência realmente encontradas pelas pessoas no decorrer de suas vidas. Eles mostraram quais os traços e motivações inerentes a cada tipo e o porquê. Mas o mais importante é que eles indicaram o grau de nossa identificação com a personalidade e nossa consequente falta de liberdade. Don também chamou a atenção para as motivações psicológicas de cada tipo, de uma maneira muito distinta das descrições impressionistas que prevaleciam quando começou sua pesquisa. Ele desenvolveu essa e outras ideias, tal como a das correlações com outras tipologias psicológicas, e apresentou suas conclusões em Personality Types (1987) e Understanding the Enneagram (1990).

Russ juntou-se a Don em 1991, inicialmente para ajudar na elaboração de um questionário sobre os tipos do Eneagrama – que veio a ser o Riso-Hudson Enneagram Type Indicator (RHETI)/Indicador Tipológico via Eneagrama Riso-Hudson (ITERH) –, e posteriormente nas revisões de Personality Types (1996). Russ trouxe sua experiência e compreensão das tradições e práticas por trás do Eneagrama para o trabalho. Subsequentemente, ele desenvolveu as ideias inicialmente apresentadas por Don, revelando as estruturas profundas dos tipos e as várias implicações do sistema em relação ao crescimento pessoal. Desde 1991, ambos temos ministrado workshops e seminários em todo o mundo. Grande parte das revelações contidas neste livro vem dessa nossa experiência de trabalho com alunos. Tivemos o privilégio de trabalhar com pessoas dos cinco continentes e de todas as principais religiões. Continuamos surpresos e impressionados com a universalidade e a utilidade do Eneagrama.


A História do Serralheiro: Uma Parábola Sufista

Era uma vez um serralheiro que, acusado de crimes que não cometera, foi condenado a viver encerrado numa prisão escura. Decorrido algum tempo da sentença, sua mulher, que muito o amava, foi ao Rei e suplicou-lhe que a deixasse ao menos enviar ao marido um tapete para que ele pudesse observar as cinco prostrações diárias para a oração. O Rei acedeu e permitiu-lhe que mandasse ao marido o tal tapete. O prisioneiro, agradecido pelo presente que ganhara da mulher, passou a cumprir fielmente suas prostrações diárias no tapete.

Muito tempo depois, ele fugiu da prisão. Quando as pessoas lhe perguntavam como havia conseguido sair, o serralheiro explicava que, após anos e anos cumprindo as prostrações e orando para ser libertado, percebera o que estava bem diante de seu nariz. Um dia ele viu subitamente que a forma que sua mulher havia bordado naquele tapete não era outra coisa senão o mecanismo da fechadura que o separava da liberdade. Ao perceber isso e compreender que possuía todas as informações de que precisava para fugir, começou a fazer amizade com os guardas. Persuadiu-os de que todos teriam uma vida melhor se colaborassem e fugissem juntos da prisão. Eles concordaram porque, embora fossem guardas, se deram conta de que também viviam presos. Queriam sair dali, mas não tinham como.

Então o prisioneiro e seus guardiães elaboraram o seguinte plano: eles lhe trariam pedaços de metal, e o serralheiro confeccionaria utensílios que poderiam ser vendidos no mercado. Juntos acumulariam recursos para a fuga e, com o pedaço de metal mais resistente que encontrassem, o serralheiro faria uma chave.

Uma noite, quando tudo estava preparado, o prisioneiro e seus guardiães abriram o portão e saíram para o frescor da noite. O serralheiro deixou o tapete na prisão para que, assim, outros prisioneiros astutos o bastante para interpretar o que nele estava bordado pudessem fugir também. Desse modo, o serralheiro voltou para a mulher que o amava, seus antigos guardiães tornaram-se seus amigos e todos viveram em paz. O amor e a habilidade venceram.

Essa tradicional parábola sufista de Idries Shah pode simbolizar nosso estudo do Eneagrama: a fechadura é nossa personalidade, o tapete é o Eneagrama e a chave é o Trabalho. Observe que, embora a mulher tenha enviado o tapete, para conseguir os instrumentos o serralheiro teve de criar algo útil para seus guardiães. Ele não podia sair dali sozinho e precisava dar-lhes algo em troca. Além disso, enquanto orava por sua própria libertação, o meio de que precisava estava literalmente "bem embaixo de seu nariz", apesar de ele não ter visto o mecanismo da fechadura no tapete nem entendido o que significava. Um dia, porém, ele despertou, viu-o e ficou pronto para sair da prisão.

A moral da história é evidente: todos estamos numa prisão. Precisamos apenas despertar para "ler" o mecanismo da fechadura que nos permitirá ganhar a liberdade. (Traduzido de "The Wisdom of the Enneagram", de Don Richard Riso & Russ Hudson, por ~mamado frentista)

1 Comment


Marcos Anselmo da Vitória
Marcos Anselmo da Vitória
Jan 31, 2023

Parabéns pela página, gostei muito sobre todas as informações sobre Eneagrama!

Inteligente ideia de traduzir esse material do Riso.

Uma observação, senti falta do Tipo 1 - Perfeccionista.

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