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Dinâmica e Variações

  • Foto do escritor: 16MM
    16MM
  • 21 de mai. de 2020
  • 35 min de leitura

O ENEAGRAMA não é vago. Ele pode ajudar-nos a situar e personalizar nossa compreensão por meio de um conjunto ainda mais detalhado de distinções do que os nove tipos básicos. Cada tipo possui duas Asas e três Variantes Instintivas. Essas duas "lentes" permitem-nos concentrar-nos em nossos traços de personalidade com maior precisão e especificidade. Mas não é só isso: o Eneagrama é único entre as tipologias de personalidade pelo fato de apontar caminhos para o desenvolvimento. Ele assinala com precisão não apenas os padrões de nosso crescimento como também aqueles que nos criam problemas. Por meio dos Níveis de Desenvolvimento e das Tendências rumo à Integração e a Desintegração, podemos compreender a dinâmica de nossa personalidade – as formas como mudamos ao longo do tempo.

As Asas

As asas permitem-nos individualizar os nove tipos (mais gerais) do Eneagrama. Cada asa é um subtipo do tipo geral. Conhecendo a asa, podemos concentrar-nos nos problemas que devemos enfrentar no caminho espiritual.

Como os nove tipos arrumam-se em torno de um círculo, qualquer que seja seu tipo básico, haverá sempre dois outros tipos ao lado dele. Um desses dois tipos será a sua asa. Ela mistura-se ao tipo básico e modifica-o, ressaltando certas tendências. Por exemplo, se seu tipo básico é o Nove, sua asa será Oito ou Um. Não existem tipos puros e, em alguns casos, encontramos tipos com ambas as asas. Na maioria das vezes, porém, as pessoas possuem uma asa predominante.


Quando se leva em consideração essa asa predominante, produz-se um subtipo característico, reconhecível no dia-a-dia. Por exemplo, observando as pessoas do Tipo Sete, vemos que umas têm asa Oito e outras têm asa Seis. Esses dois subtipos possuem características bem peculiares. As combinações entre tipos e asas produzem dezoito subtipos, a depender da asa de cada um. Eles são descritos nos capítulos atribuídos a cada tipo específico.


Talvez fique mais fácil pensar nas diferenças individuais se imaginarmos que a circunferência do Eneagrama é uma cartela de cores que mostra toda a escala de matizes disponíveis. Assim, os tipos podem ser vistos como uma família de tons inter-relacionados. Dizer que alguém é do Tipo Seis, por exemplo, seria o mesmo que dizer que é da família dos azuis". Embora isso não indique precisamente qual o tom exato de azul (azul-marinho, azul-celeste, azul-real, azul-turquesa, etc.), certamente já permite a distinção entre o azul e o vermelho ou entre o azul e o laranja, por exemplo.

Essa maneira de ver os tipos mostra que existe um continuum na expressão humana, da mesma forma que há um continuum no espectro das cores. Não existem reais divisões entre os vários tipos de personalidade, da mesma forma que não as há entre as cores do arco-íris. As diferenças particulares são tão singulares quanto os diferentes tons, matizes e intensidades de cor. Os nove pontos do Eneagrama são simplesmente "nomes de família", como sobrenomes que usamos para referir-nos a diferenças de personalidade; modos de falar a respeito de características importantes sem nos perder em detalhes.

As Variantes Instintivas

As Variantes Instintivas indicam quais dos três instintos básicos foram mais distorcidos na infância, acarretando preocupações e comportamentos característicos através de toda a gama de tipos de personalidade.

Além dos dois subtipos fornecidos pelas asas, cada tipo do Eneagrama possui três Variantes Instintivas que indicam as diferentes áreas onde se concentram os interesses particulares de cada tipo. A Variante Instintiva de uma determinada pessoa representa o campo no qual os problemas de seu tipo mais se apresentarão.

Da mesma forma que todos os nove tipos do Eneagrama, todas as três Variantes também estão contidas em nós, embora uma delas sempre predomine. Os três instintos podem ser arrumados como as camadas de um bolo, com o predominante ocupando a camada de cima, outro na intermediária e o mais fraco na de baixo. Ademais, isso pode ser feito sem que se saiba qual o tipo a que pertence a pessoa – os instintos são claramente definidos e observáveis e representam uma variável que funciona independentemente do tipo, não sendo, portanto, um "subtipo" no sentido da palavra.

As Variantes Instintivas baseiam-se nos três instintos primários que motivam o comportamento humano: o Instinto de Autopreservação, o Instinto Social e o Instinto Sexual. Assim, cada tipo do Eneagrama possui três variantes com base nos três possíveis instintos dominantes. Alguém do Tipo Seis, por exemplo, poderá ser um Tipo Seis Autopreservacionista, Social ou Sexual. Cada uma dessas variantes teria interesses e preocupações sensivelmente diversos.

Portanto, as pessoas podem ser descritas como sendo uma combinação entre um tipo básico, uma asa e uma Variante Instintiva – por exemplo, Tipo Um Autopreservacionista com Asa Dois ou Tipo Oito Sexual com Asa Nove. Já que as Variantes Instintivas e as asas não são diretamente relacionadas, geralmente é mais fácil examinar um tipo através da "lente" da asa ou da Variante Instintiva. Todavia, a combinação dessas duas referências diferentes produz seis variações para cada tipo, totalizando 54 importantes possibilidades em termos do Eneagrama como um todo.

Levar em consideração essa dimensão da personalidade representa exigir um grau de detalhe muito maior do que exigiria a maioria das pessoas, mas, para o trabalho de transformação, as Variantes Instintivas são importantes. Além disso, elas têm interesse pelo fato de desempenharem um papel crucial nos relacionamentos. As pessoas que se inserem na mesma Variante tendem a compartilhar valores e compreender-se, ao passo que os casais que apresentam Variantes diversas (por exemplo, Autopreservacionista X Sexual) tendem a ter mais conflitos por seus valores mais importantes serem tão dispares.

A Variante Autopreservacionista

A maioria das pessoas identifica facilmente esta Variante Instintiva. Os Autopreservacionistas preocupam-se em obter e manter a segurança e o conforto físicos, o que geralmente se traduz na preocupação com a alimentação, o vestuário, o dinheiro, a moradia e a saúde. Esses itens constituem sua maior prioridade e, na sua dedicação em obtê-los, outras áreas da vida podem ficar relegadas a segundo plano.

De Podemos detectar essa Variante Instintiva em nós mesmos ou nos outros observando aquilo que se nota assim que se entra numa sala. Os Autopreservacionistas tendem a concentrar-se no conforto do ambiente e na capacidade que este tem de dar-lhes ou manter-lhes o bem-estar. Eles logo percebem a iluminação insuficiente, as cadeiras desconfortáveis e a temperatura desagradável e sempre reagem procurando dar um jeito nessas coisas. Podem ficar pensando quando será o próximo intervalo ou refeição e preocupar-se com a quantidade ou o tipo de comida que será servido, isto é, se será a que eles gostam ou a que atende aos requisitos de sua dieta.

Quando esse instinto funciona em harmonia com o tipo de personalidade, essas pessoas mostram-se simples e práticas. Empregam suas energias no atendimento das necessidades básicas da vida – criar um ambiente seguro, comprar provisões, manter a casa e o local de trabalho, pagar as contas e adquirir habilidades práticas que lhes permitam agir sem interromper a ordem do fluxo da vida. Porém, quando se mostra pouco saudável, a personalidade distorce o instinto, levando essas pessoas a não cuidarem bem de si mesmas e, muitas vezes, a apresentarem distúrbios de alimentação e de sono. Elas podem estocar demasiadas coisas – comprando e comendo em excesso – e sobrecarregar-se com todo tipo de "bagagem" supérflua.

Os Autopreservacionistas menos saudáveis podem descuidar da parte física ou tornar-se obsessivos com relação à saúde e à comida – ou ambas as coisas. Além disso, seu instinto prático e seu tino financeiro podem distorcer-se, resultando em problemas com dinheiro e com a organização das tarefas. Quando o instinto de Autopreservação é completamente subjugado pelos problemas inerentes à personalidade, as pessoas podem partir para comportamentos autodestrutivos, nos quais o instinto se volta contra si mesmo.

Quando os outros dois instintos predominam sobre o instinto de Autopreservação, colocando-o na posição de ser o menos desenvolvido, o atendimento das necessidades primárias da vida passa a não ser uma atitude natural. As pessoas esquecem-se de que precisam comer e dormir adequadamente. Os fatores ambientais tornam-se apenas relativamente significativos e as pessoas tendem a perder a motivação para acumular riqueza e propriedades, ou mesmo para importar-se com essa questão. Dentro desse quadro, é típica a negligência da administração do tempo e dos recursos, quase sempre com efeitos perniciosos para a carreira, a vida social e o bem-estar material dessas pessoas.

A Variante Social

A maioria percebe que todas as pessoas possuem um componente social, mas tende a vê-lo como um desejo de ter uma vida social ativa, participar de festas e reuniões, pertencer a grupos etc. Entretanto, o instinto Social é, na verdade, algo bem mais primário: ele é um desejo muito forte, presente em todos os seres humanos, de ser apreciado, aceito e sentir-se seguro ao lado dos outros. Sozinhos, somos bem fracos e vulneráveis e estamos à mercê da hostilidade do meio ambiente. Como não temos as garras, as presas nem as carapaças que têm outros animais, se não nos agrupássemos e cooperássemos uns com os outros, dificilmente nossa espécie – ou nós mesmos, enquanto indivíduos-poderíamos sobreviver. A capacidade de conviver com os outros e de ser aceito por eles é um instinto humano fundamental, baseado na sobrevivência.

As pessoas cujo instinto predominante é o Social preocupam-se em ser aceitas e necessárias em seu mundo. Elas se empenham em alimentar a sensação de importância que obtém pela participação em atividades com outras pessoas, sejam essas atividades familiares, grupais, comunitárias, nacionais ou globais. Os tipos Sociais gostam de envolver-se e interagir com os demais em função de objetivos comuns.

Ao entrar numa sala, os tipos Sociais imediatamente se apercebem das estruturas de poder e das sutis "políticas” existentes entre as pessoas e os grupos diversos. Eles concentram-se subconscientemente nas reações que provocam nos outros, principalmente no que se refere ao fato de serem aceitos ou não. Além disso, ajustam-se à noção de "lugar" dentro de uma hierarquia social, não só em relação a si mesmos como aos demais. Isso pode manifestar-se de diversas maneiras, tais como a busca de atenção, sucesso, fama, reconhecimento, honrarias, liderança e apreciação, bem como a segurança de fazer parte de algo que é maior que sua simples pessoa. De todas as variantes Instintivas, a Social é que mais se sintoniza ao que se passa no mundo em torno; os tipos Sociais necessitam do contato com os outros para sentir-se seguros, vivos e cheios de energia. Esse contato pode variar desde um interesse pela política do local de trabalho ou pelas fofocas do bairro até as notícias do mundo e a diplomacia internacional. Poderíamos dizer que o instinto Social é uma espécie de inteligência contextual: ele nos proporciona a capacidade de ver nossas atitudes e seus efeitos dentro de um contexto mais amplo.

Em geral, os tipos Sociais gostam de interagir com as pessoas, embora, ironicamente, tendam a evitar a intimidade. Como ocorre com todos os instintos, quando o indivíduo não está saudável, o instinto se manifesta como seu oposto. Os tipos Sociais pouco saudáveis podem tornar-se extremamente antissociais, detestando as pessoas e ressentindo-se contra a sociedade e, por isso, apresentar habilidades sociais pouco ou mal desenvolvidas. Ao mesmo tempo que têm medo e desconfiança dos outros e não conseguem conviver com ninguém, eles não sabem viver sem manter relações sociais. Em resumo, os tipos Sociais concentram-se em interagir com as pessoas de modo que os ajude a construir seu valor pessoal, sua noção de realização e seu lugar na sociedade.

Quando os outros dois instintos predominam sobre o instinto Social, colocando-o na posição de ser o menos desenvolvido, o empenho e os compromissos sociais passam a não ser uma atitude natural. Tais indivíduos têm dificuldade em chegar a criar e manter relações sociais, muitas vezes desconsiderando o impacto que possui a opinião dos demais. Sua sensação de envolvimento com a comunidade, em qualquer nível, pode ser a mínima. Eles quase sempre têm pouca ligação com as outras pessoas, agindo como se não precisassem delas ou como se elas não precisassem deles. Assim, pode haver frequentes mal-entendidos com colegas e admiradores, bem como com amigos e familiares.

A Variante Sexual

A princípio, muita gente quer identificar-se como pertencente a esta Variante, talvez porque ache que isso significa ser sexy ou gostar de sexo. Mas o fato é que a definição do que é sexy é altamente subjetiva e, além disso, há gente "sexy" em qualquer das três Variantes. Se quisermos pertencer a esta Variante em vez de aquela, é bom lembrarmos que a personalidade tende a interferir no instinto predominante e distorce-lo. Assim, as pessoas que pertencem à Variante Sexual costumam apresentar recorrentes problemas na área dos relacionamentos íntimos. Assim como ocorre com as demais variantes, é preciso ver como o instinto se manifesta de uma forma mais ampla.

Nos tipos Sexuais, há uma busca constante de conexão e uma atração por experiências intensas – não apenas experiências sexuais, mas qualquer situação em que haja a promessa de uma carga semelhante. Eles são os “junkies da intimidade" dentre os tipos das Variantes Instintivas, buscando contato intenso em todas as coisas: um salto de esqui, uma conversa séria, um filme cheio de emoções. No lado positivo, são dotados de uma abordagem exploratória e variada da vida; no negativo, têm dificuldade em perceber quais as suas verdadeiras necessidades e prioridades.

Ao entrar numa sala, os tipos Sexuais concentram-se rapidamente em descobrir onde estão as pessoas mais interessantes e tendem a seguir os ditames da atração. (Os tipos Sociais, por sua vez, observam quem está falando com o anfitrião, quem tem poder e prestígio ou poderia ser-lhes útil. Já os Autopreservacionistas observarão qual a temperatura ambiente, onde estão os drinques e qual seria o lugar mais confortável para se sentar.) Eles gravitam em torno das pessoas que os atraem, independentemente da posição social que tenham ou de sua potencial utilidade. É como se perguntassem: "Onde está a vida nesta sala? Quem tem mais energia e intensidade?"

Os tipos Sexuais costumam ter dificuldade em levar adiante os próprios projetos e cuidar bem de si mesmos porque subconscientemente estão sempre buscando a pessoa ou situação que os completará. São como uma tomada em busca de um soquete e podem desenvolver uma obsessão quando acham que encontraram a pessoa certa para eles. Podem descurar obrigações e até suas próprias necessidades caso se deixem levar por algo ou alguém que os cative. Quando não são saudáveis, os tipos Sexuais podem mostrar-se profundamente dispersivos e incapazes de concentrar-se. Eles poderão manifestar promiscuidade sexual ou apresentar uma atitude receosa e inadequada em relação ao sexo e à intimidade. Quando se pautam pela segunda possibilidade, demonstram igual intensidade naquilo que evitam.

Quando os outros dois instintos predominam sobre o instinto Sexual, colocando-o na posição de ser o menos desenvolvido, o atendimento das questões relativas à intimidade e à estimulação – mental ou emocional – passa a não ser uma atitude natural. Essas pessoas sabem do que gostam, mas geralmente têm dificuldade em emocionar-se ou entusiasmar-se muito com qualquer coisa. Tais indivíduos também têm dificuldade em partilhar a intimidade com outras pessoas, podendo inclusive chegar a evitá-la inteiramente. Além disso, eles tendem a apegar-se a rotinas, sentindo-se pouco à vontade quando as coisas não lhe são muito familiares. Às vezes, sentem-se socialmente envolvidos com as pessoas, mas, curiosamente, distantes até de seus parceiros, amigos e familiares.

Os Níveis de Desenvolvimento

Os Níveis de Desenvolvimento constituem um meio de observar e medir nosso grau de identificação com as estruturas da personalidade. Além disso, eles possibilitam distinções cruciais entre os tipos, acrescentando, dentro de cada tipo, uma dimensão "vertical" a um sistema de categorização que, de outro modo, seria “horizontal".

Evidentemente, há pessoas cujo nível de funcionamento é muito alto: elas são abertas, equilibradas, estáveis e capazes de lidar bem com o stress. Outras, por seu turno, são mais complicadas, reativas, emocionalmente bloqueadas e incapazes de reagir bem ao stress. Além disso, é provável que a maioria das pessoas – inclusive nós mesmos – tenha vivido diversos estados no decorrer da vida, desde aqueles em que há liberdade e vitalidade até aqueles em que há sofrimento, falta de visão e neurose.

Sozinhos, os nove tipos de personalidade são simplesmente um conjunto de categorias "horizontais”, por mais minuciosas que elas sejam. Mas, se deve refletir com exatidão a natureza humana e os estados em constante mudança inerentes aos tipos, o sistema deve também dar conta do desenvolvimento e do movimento "vertical" dentro de cada tipo. Os Níveis de Desenvolvimento e as Tendências Rumo à Integração e à Desintegração atendem a essa necessidade.

Para Ken Wilber, pioneiro no desenvolvimento de modelos da consciência humana, todo sistema psicológico completo deve dar conta tanto da dimensão horizontal quanto da vertical. A dimensão horizontal descreve apenas as características dos tipos, porém, para ser completo, um sistema deve levar em conta o elemento vertical, o que é feito por meio dos Níveis de Desenvolvimento.

Por mais óbvio que isso pareça agora e por mais utilizada que venha sendo essa distinção, nada disso havia sido feito até que Don começasse a elaborar a dimensão vertical dos tipos do Eneagrama (pela distinção entre as faixas saudável, média e não-saudável). Quando ele propôs os ainda mais detalhados nove Níveis de Desenvolvimento, o Eneagrama tornou-se um modelo bidimensional perfeitamente acabado, muito mais capaz de representar a complexidade da natureza humana. Essas duas dimensões podem ser representadas, até certo ponto, como um bolo de nove camadas.


Os Níveis de Desenvolvimento possuem muitas implicações profundas, tanto práticas quanto terapêuticas, conforme veremos ao longo deste livro. Eles constituem parâmetros que tornam claros o movimento, o crescimento e a decadência dentro de cada tipo; ajudam na previsão de comportamentos e, no mínimo, fornecem um critério de avaliação da saúde mental e emocional de uma pessoa.

Dentro de cada tipo, os Níveis são distintos, apesar de inter-relacionados: eles nos permitem pensar em termos de "onde" está uma pessoa, segundo uma faixa de traços saudáveis, médios e não-saudáveis, dentro de cada tipo e qual a direção" da tendência pela qual ela se orienta. Do ponto de vista da terapia e da auto-ajuda, os Níveis têm a virtude de permitir determinar quais os problemas fundamentais no trabalho de transformação de uma pessoa num determinado momento. Além disso, eles nos permitem compreender que traços e motivações correspondem a cada tipo e, por conseguinte, as causas dos erros de classificação tipológica e outras confusões. Por exemplo, o Tipo Oito é muitas vezes caracterizado como "agressivo" e o Dois, como "sedutor", embora todos os demais tipos possam ser agressivos e sedutores a seu próprio modo. Os Níveis nos permitem ver como e quando uma pessoa do Tipo Oito poderia ser agressiva, por exemplo, e principalmente por que. Mas talvez o mais importante seja o fato de que os Níveis nos deem uma medida do grau de identificação de uma pessoa com sua personalidade, isto é, o quanto ela é defendida e fechada ou liberada e aberta.

É praticamente impossível fazer generalizações acerca dos tipos sem levar em conta os Níveis de Desenvolvimento, pois, à medida que cada tipo se deteriora e cai de Nível, muitas de suas características passam a ser seu exato oposto. Por exemplo, as pessoas do Tipo Oito que estão na faixa saudável estão entre as mais generosas e construtivas de todos os tipos. Elas propiciam as circunstâncias em que os demais podem florescer e fortalecer-se. Mas o contrário se aplica às pessoas do Tipo Oito que estão na faixa não-saudável: cheias de rancor e convencidas de que o mundo está contra elas, são extremamente destrutivas e impiedosas. Assim, a pessoa que está na faixa não-saudável será tão diferente da que está na saudável que, mesmo pertencendo ao mesmo Tipo Oito, parecerá pertencer a um tipo distinto. Além disso, como as pessoas variam dentro dos Níveis de seu tipo, não há um traço que sempre se aplique a um tipo. Portanto, não adianta fazer classificações tipológicas com base num grupo de características, já que todos os comportamentos próprios de cada tipo mudam conforme o Nível de Desenvolvimento em que se encontra o indivíduo.

Embora aparentemente o tipo seja inato, resultante de fatores hereditários e pré-natais que incluem o padrão genético, o principal fator na determinação do Nível de Desenvolvimento em que operamos é o ambiente da primeira infância. Por meio de entrevistas com participantes dos workshops e cursos de treinamento profissional que ministramos, confirmamos a previsível conclusão de que a dedicação dos pais e outros fatores ambientais relacionados tais como saúde, educação, nutrição e disponibilidade de outros recursos) exercem um tremendo impacto sobre o subsequente nível com que o filho desempenhará suas funções.

Isso é assim porque cada Nível representa uma camada cada vez maior de medo e defesa. Porém, é importante lembrar que todos esses medos e defesas surgem na infância e são transmitidos à vida adulta por hábitos automáticos e crenças e convicções não revisadas. Podemos ver também como o grau de disfunção que tivemos de enfrentar na infância determina a quantidade de camadas de defesas que tivemos de adotar. Quanto mais tóxico o ambiente da infância, maior o medo que nos foi instilado e mais limitados e rígidos os meios que empregamos para lidar com a situação.

Os Níveis convidam-nos a pensar sobre o desenvolvimento dos tipos não como um mero interruptor que se pode ligar e desligar, mas sim como um continuum de crescimento. Eles nos fornecem advertências que nos permitem saber – a tempo de intervir – quando estamos começando a cruzar a linha dos comportamentos antes que os maus hábitos se instalem definitivamente. Nos capítulos dedicados aos tipos, indicaremos "Sinais de Alerta", "Papéis Sociais" e "Bandeiras Vermelhas" específicos, além de outras dicas que o ajudarão a conscientizar-se mais de seu progresso ou decadência ao longo dos Níveis de seu tipo. À medida que os vai conhecendo e vendo em operação em si mesmo e nos outros, você se dará conta de que eles representam um instrumento para a percepção que só perde em importância para o próprio Eneagrama.

A Estrutura Dos Níveis

Cada tipo possui três faixas principais: saudável, media e não-saudável, cada uma abarcando três Níveis. A faixa saudável (Níveis 1-3) representa os aspectos com alto grau de funcionamento do tipo. A faixa média (Níveis 4-6) representa os comportamentos "normais” do tipo. Essa é a faixa na qual estamos a maior parte do tempo e também onde está a maioria das pessoas. A faixa não-saudável (Níveis 7-9) representa as manifestações mais desestruturadas de cada tipo.

Podemos entender os Níveis também como uma medida de nosso grau de liberdade e conscientização. Na faixa saudável, estamos cada vez mais livres das restrições impostas pelas estruturas da personalidade, bem como dos hábitos e mecanismos do ego. Somos livres para estar no presente, para escolher e para agir com sabedoria, força e compaixão espontâneas, entre outras qualidades positivas.

Todavia, à medida que descrevemos uma espiral descendente pelos Níveis, nossa liberdade se restringe cada vez mais. Passamos a identificar-nos tanto com os mecanismos da personalidade que começamos a ser inteiramente dirigidos por eles, o que acarreta mais sofrimento para nós mesmos e para os outros. Perdemos cada vez mais o contato com a realidade e a capacidade de fazer avaliações equilibradas e de interromper a avalanche das compulsões do ego. E, se decairmos para a faixa não-saudável, perdemos praticamente toda a liberdade de opção. Talvez a única liberdade que reste nos Níveis inferiores seja a de escolher seguir com os mesmos padrões destrutivos ou procurar ajuda – dizer "não" ou "sim" à vida.

A Amplitude de Banda

Embora o tipo básico não mude, o Nível em que operamos muda o tempo todo. Podemos subir ou descer vários Níveis do tipo num só dia, dentro dos limites de uma determinada "amplitude de banda" ou faixa de comportamentos habituais. Podemos acordar num estado equilibrado, saudável, mas ter uma discussão feia com um colega e descer dois ou três Níveis. Embora nosso estado possa mudar radicalmente em pouco tempo, não é que o tipo de personalidade tenha mudado estamos simplesmente demonstrando comportamentos diferentes em diferentes Níveis de nosso tipo.

Podemos visualizar os nove Níveis de cada tipo como um tabuleiro de madeira com nove furos, um para cada Nível. Temos um pino de madeira num desses nove furos. A localização de nosso pino representa o "centro de gravidade de nossa personalidade. Ao mesmo tempo, temos um elástico preso ao pino, que sobe quando estamos mais relaxados e desce quando estamos estressados. Quando as coisas estão dentro da normalidade, nossa tendência é voltar ao Nível onde está o pino, que é o nosso centro de gravidade. O que devemos compreender é que não é o movimento do elástico que denota a verdadeira transformação, mas sim o movimento do pino. Quando nosso centro de gravidade se altera, pressupõe-se uma profunda mudança em todo o nosso modo de ser.


Nosso humor ou estado muda todo o tempo, ao passo que nosso centro de gravidade muda muito mais devagar, geralmente em decorrência de graves crises de vida ou de um trabalho de transformação de longo prazo. Quando o centro de gravidade sobe, mesmo que seja só um Nível, a gente olha para trás, vê os estados em que vivia e se pergunta como conseguia. Podemos ver nossos antigos comportamentos e atitudes de Níveis inferiores como realmente eram, com suas restrições e compensações, coisa que não era possível quando estávamos ainda identificados com eles.

A ilustração servirá para tornar essas ideias mais claras. A amplitude de banda da pessoa A varia entre os Níveis 2 e 5, ao passo que a da pessoa B está entre os Níveis 5 e 8. Embora pertençam ao mesmo tipo, essas duas pessoas teriam diferenças marcantes em suas motivações, atitudes e comportamentos, bem como na estabilidade emocional e na qualidade de seus relacionamentos. As setas indicam onde está o "pino" ou centro de gravidade de cada uma. Conforme se vê, o da pessoa A está no Nível 3, enquanto o da pessoa B está no 6, o que, mais uma vez, justifica grandes diferenças na expressão da estrutura da personalidade de cada uma.

Se quisermos que o trabalho interior dê certo, é importante reconhecer uma verdade inquietante: independentemente do Nível em que realmente operemos (ou seja, de onde esteja nosso centro de gravidade), tendemos a situar nossas motivações na faixa saudável. As defesas do ego são tamanhas que sempre nos vemos como a auto-imagem idealizada, mesmo quando estamos dentro da média ou até do patológico. Por exemplo, nosso comportamento de fato pode estar no Nível 6 ou 7, mas isso não nos impedirá de pensar que estamos num Nível muito mais saudável (geralmente, o nível 2). Portanto, talvez o primeiro passo que de fato possamos dar em nossa jornada interior e identificar com precisão não só o nosso tipo, mas a faixa de Níveis na qual normalmente transitamos e, também, onde está no momento o nosso centro de gravidade. O Eneagrama não nos ajudará em nada se nos iludirmos pensando que somos mais saudáveis do que realmente somos.

Humor X Nível

Vale ressaltar também que o movimento ascendente através dos Níveis não é o mesmo que uma simples mudança de humor. O bom humor não indica necessariamente um Nível mais alto de Desenvolvimento. O Nível é, na verdade, uma função da liberdade e da conscientização, não do humor. Assim, o fato de estarmos num Nível mais alto não implica que estaremos sempre de bom humor, da mesma forma que estando num Nível inferior não estaremos sempre de mau-humor. A pessoa pode estar refestelada no Nível 6 e ser completamente identificada com sua personalidade e muito reativa. Suponhamos que ela tenha acabado de fechar um contrato que massacra um semelhante e, mesmo assim, sinta-se ótima por ter feito isso. A alegria desse tipo de reação não equivale à liberdade interior nem à verdadeira alegria. Quando alguma coisa dá errado, essa pessoa volta a ser reativa e negativa, estando mais uma vez à mercê de fatores externos.

Por outro lado, a serenidade, a vitalidade e o compromisso com o mundo real – ao contrário de nossos erros e ilusões – em meio às dificuldades são sinais de crescimento espiritual. Quando estamos centrados e ancorados, ligados em nós mesmos e em nosso Ser Essencial, vivenciamos uma alegria tranquila que é sensivelmente distinta do simples bom humor. Assim, no que têm de mais profundo, os Níveis são, na verdade, uma medida do grau de conexão que temos com nossa verdadeira natureza.

Analisaremos a seguir algumas das principais características das faixas média, não-saudável e saudável dos Níveis de Desenvolvimento e sua relevância para o trabalho interior. Adotamos essa sequência porque os capítulos dedicados aos tipos estão assim estruturados e porque a maioria das pessoas se verá na faixa média ao começar seu trabalho de transformação.

A Faixa Média

Nessa faixa, embora as pessoas funcionem e se comportem de maneiras que os demais considerariam normais, elas estão muito identificadas com o ego. Por conseguinte, são conscientes e capazes de atualizar apenas uma gama relativamente estreita de seu pleno potencial humano. Com efeito à medida que as pessoas se movem em espiral descendente dentro da faixa média, os tipos manifestam graus crescentes de egocentrismo, já que a manutenção do ego se torna a prioridade da personalidade. Além disso, a vida e os relacionamentos apresentam muitas situações que não respaldam a auto-imagem, o que dá ensejo a manipulações e automanipulações e a inevitáveis conflitos interpessoais.

O Sinal de Alerta

O Sinal de Alerta serve para indicar que estamos prestes a deixar a faixa saudável de nosso tipo rumo à faixa média, onde o desenvolvimento é mais lento. Ele vale como indicio de que estamos ficando mais identificados com o ego e de que conflitos e outros problemas certamente surgirão. Por exemplo, o Sinal de Alerta para o Tipo Nove é a tendência a evitar conflitos concordando com as pessoas. À medida que se identificam mais com a estrutura específica de seu ego, as pessoas desse tipo dizem "sim" a coisas que não querem fazer, reprimindo a si mesmas e a necessidades e desejos legítimos até que os conflitos se tornam inevitáveis.

Discutiremos mais detalhadamente os sinais de Alerta para os nove tipos nos capítulos especificamente dedicados a eles. Uma das formas mais eficazes de usar o Eneagrama é observar até que ponto o seu comportamento corresponde aos Sinais de Alerta descritos.

O Papel Social

Quando estamos na faixa média, temos a sensação cada vez mais forte de precisar ser de uma determinada forma e necessitar que as pessoas reajam ao fato de sermos assim. Dependemos muito mais dos mecanismos de que dispõe nosso tipo para enfrentar as situações e fixamo-nos também mais em satisfazer nosso Desejo Fundamental por meio desses mecanismos. Embora ainda possamos dar conta de nossas funções e ser agradáveis o suficiente, entra em cena uma certa mesmice ou repetição. Na teoria dos sistemas familiares, é aqui que a criança começa a desempenhar um determinado papel, como, por exemplo, o do Herói Familiar, o do Filho Perdido ou o do Bode Expiatório. O Papel Social de cada um dos tipos será discutido adiante, nos capítulos a eles dedicados. Uma das formas mais práticas e eficazes de transformar a vida num palco para a prática da transformação está em observar-se no momento em que você entra e sai de seu Papel Social.

O Papel Social e os Relacionamentos

Quando ficamos presos a nossos Papéis Sociais, queremos que o ambiente – basicamente, as pessoas – respalde nosso ego e suas prioridades, o que geralmente resulta em conflitos. Quando isso ocorre, sabemos que estamos nos identificando mais com as prioridades da nossa personalidade. Exigimos que os outros interajam conosco apenas de maneira que reforce nossa auto-imagem. Os conflitos surgem porque cada tipo usa as pessoas para obter o que é preciso para subornar o ego. As pessoas que se identificam com seu Papel Social podem ficar presas a uma dança frustrante em que as recompensas e as rejeições se alternam de parte a parte, sempre o bastante para manter o parceiro na dança. Em relacionamentos desse tipo, a neurose de um se encaixa na do outro, criando um equilíbrio estático muitas vezes difícil de romper.

Podemos também manipular as pessoas para levá-las a satisfazer nosso Desejo Fundamental mediante várias estratégias impróprias que, a longo prazo, nos sairão como tiros pela culatra. Muitas de nossas relações fracassadas ou conturbadas são testemunhas do quanto essas estratégias são frustrantes. Uma vez presos ao padrão de defesa da auto-imagem e manipulação para que os outros a respaldem, um verdadeiro relacionamento torna-se, se não impossível, difícil.

A Regra de Chumbo

Quando essas manipulações não conseguem garantir a satisfação de nossas necessidades, nós muitas vezes intensificamos a campanha. Sem a conscientização, em vez de parar com o comportamento contraproducente, tendemos a adotá-lo com ainda mais agressividade. Quando chegamos a esse ponto, já não estamos simplesmente buscando o apoio dos outros para as prioridades de nosso ego; estamos impondo-lhes essas prioridades. A inflação do ego atinge o máximo, levando-nos a atuar as ansiedades e buscar agressivamente o nosso Desejo Fundamental, seja aberta ou dissimuladamente.

Descobrimos uma característica dos tipos que se verifica na parte inferior da faixa média. Nós a denominamos Regra de Chumbo, por ser ela o oposto da famosa Regra de Ouro. Se a Regra de Ouro é: "Faça aos outros o que gostaria que lhe fizessem", a Regra de Chumbo diz: "Faça aos outros o que mais teme que lhe façam".

A Regra de Chumbo afirma que cada tipo tem sua maneira particular de debilitar os outros para reforçar o próprio ego. A crença errónea é a de que, fazendo alguém descer um degrau, se sobe outro. Assim, cada tipo passa a infligir aos demais seu próprio Medo Fundamental. Por exemplo, se as pessoas do Tipo Oito temem ser magoadas ou controladas, começam a ameaçar controlar e magoar os outros. ("É melhor fazer o que estou mandando, senão você vai se arrepender. Se eu me aborrecer, você já sabe o que vai acontecer!") Elas se tornam intimidadoras, beligerantes e extremamente provocadoras. Se o Medo Fundamental dos representantes do Tipo Quatro é o de não ter nenhuma importância como pessoas, eles podem começar a descartar os outros com a maior indiferença, tratando-os como se não valessem nada. Assim, podem ser ríspidos com garçons e porteiros ou isolar os amigos completamente, tratando-os como se eles não existissem ou não tivessem nenhum sentimento.

A Bandeira Vermelha

Antes que um tipo entre na faixa não-saudável, encontra o que chamamos o medo da Bandeira Vermelha. Se o Sinal de Alerta era um convite a que despertássemos antes de chegar a embrenhar-nos mais nos Níveis médios, no “sono" crescente e na fixação, a Bandeira Vermelha constitui um alarme muito mais grave, que prenuncia uma crise iminente.

A Bandeira Vermelha é um medo, embora seja realista e precise ser levado em conta caso queiramos resistir as forças destrutivas que ameaçam fazer-nos descer mais e mais ao longo da escala dos Níveis. Se esse medo conseguir chocar-nos a ponto de fazer-nos perceber o que está acontecendo, seremos capazes de parar de atuar os comportamentos e atitudes que nos levaram a essa perigosa situação. Porém, se não conseguirmos ou não quisermos dar-lhe ouvidos, talvez insistamos no comportamento inadequado, tendo como provável resultado a queda em estados cada vez mais destrutivos.

A Faixa Não-Saudável

Por inúmeras razões, as pessoas podem entrar na faixa não-saudável, mas, felizmente, não é tão fácil ficar preso nela para sempre. Podemos adotar temporariamente atitudes não-saudáveis, mas é raro que nosso centro de gravidade se fixe na faixa não-saudável. Isso porque a zona entre as faixas média e não-saudável parece funcionar como uma espécie de freio na decadência da personalidade. Assim, muita gente pode ficar anos na faixa média sem se tornar não-saudável. Chamamos a essa zona-limite entre os Níveis de ponto de choque.

Como é preciso um "choque” ou input de energia extra para que se entre nos Níveis não-saudáveis, a maioria das pessoas não chega a isso sem que ocorra uma de duas coisas. A primeira é uma grande crise de vida – a perda do emprego ou do cônjuge por divórcio ou morte, um problema grave de saúde ou uma catástrofe financeira. Se não estivermos psicológica e espiritualmente prontos para lidar com esse tipo de crise, podemos de repente entrar na faixa não-saudável e não conseguir mais sair. Felizmente, em tais circunstâncias, muitas pessoas percebem que estão "caindo" e precisam de terapia ou de algum tipo de programa de recuperação.

A segunda razão para se entrar na faixa não-saudável é o estabelecimento de padrões não-saudáveis na infância. As pessoas regridem a um comportamento inicial, mais primitivo, quando as condições ficam pesadas demais. Os que foram magoados e sofreram abusos (emocionais, mentais, sexuais ou físicos) quando crianças tiveram de erguer imensas defesas para proteger-se. Sendo tais as circunstâncias, eles jamais tiveram a oportunidade de aprender a lidar com as situações de forma saudável e mostram-se extremamente vulneráveis à possibilidade de descambar mais uma vez para padrões destrutivos.

Quando agimos de modo não-saudável, perdemos cada vez mais o contato com nossa verdadeira natureza e com a realidade. Vemo-nos presos num labirinto de reações e ilusões, perdemos o controle e não conseguimos ver as soluções para nossos medos e conflitos cada vez mais intensos nem para qualquer problema prático que enfrentemos. A única coisa que conseguimos fazer é reagir ainda com mais força e pressionar ainda mais os outros para que resolvam por nós os nossos problemas. Identificamo-nos tão completamente com os limitados mecanismos da personalidade que não nos ocorrem outras soluções – ou, mesmo que ocorram, percebemos que não conseguiremos implementá-las sem um esforço extraordinário. Naturalmente, não é que nos desejemos ser não-saudáveis, mas caímos nesses estados por ignorância ou porque as circunstancias iniciais de nossa vida não nos mostraram formas mais saudáveis de lidar com os problemas.

Ao fim de tudo, a faixa não-saudável representa um profundo auto-abandono, embora este nos tenha sido imposto pelas circunstâncias. Apesar de não podermos mudar o que aconteceu na infância nem impedir que as revezes aconteçam, nós podemos fortalecer nossos recursos interiores para não deixar que os problemas nos destruam. Além disso, podemos encurtar o período de recuperação quando há dificuldades. Nosso trabalho de transformação pode trazer-nos por fim muita serenidade, aceitação, compaixão e uma perspectiva mais ampla da vida.

A Faixa Saudável

Nessa faixa, embora exista identificação com o ego, ela transcorre sem alarde, por assim dizer, e se manifesta de modo benéfico. Cada tipo tem sua maneira saudável de personificar as qualidades com que mais se identifica. A pessoa que age dentro da faixa saudável é vista dentro da cultura a que pertence como extremamente equilibrada, madura e eficiente, embora ainda aja com base no ego, buscando compensar seu Desejo e seu Medo Fundamentais, mesmo estando entre os Níveis 2 e 3.

Por exemplo, as pessoas do Tipo Oito definem-se como fortes, competentes, enérgicas e assertivas. Elas têm necessidade de provar que são assim para si mesmas e para os demais, então aceitam os desafios e dedicam-se a atividades construtivas que exijam força e decisão. Tornam-se então líderes magnânimos, criando condições para que os outros também cresçam.

As pessoas do Tipo Dois definem-se como afetuosas, atenciosas e desprendidas, mas as que agem na faixa saudável reforçam ainda mais essa auto-imagem por darem ao mundo incontestáveis provas de amor, interesse e generosidade. Elas se tornam amigas e benfeitoras que compartilham seus dons e recursos, pois essa atitude reforça sua autodefinição.

Se houvesse mais gente agindo dentro da faixa saudável, o mundo seria um lugar muito melhor. Embora quase todos nós já tenhamos tido a oportunidade de saber como é agir nessa faixa, o meio, a cultura e talvez a própria família a que pertencemos em geral não apoiam esse tipo de abertura. Assim, poucos conseguem manter esse grau de liberdade por muito tempo. Os medos aparecem com muita frequência, levando-nos a permanecer na faixa média.

Entretanto, para continuar na faixa saudável, precisamos ter a intenção de ser saudáveis, o que exige a intenção de estarmos presentes e despertos. Isso significa que precisamos fazer uso das práticas e dos instrumentos de que dispomos para cultivar a percepção. À medida que nossa percepção cresce, conscientizamo-nos da existência de outro "ponto de choque" entre as faixas média e saudável (Níveis 3 e 4). Podemos passar por esse "ponto de choque" e seguir em qualquer das direções: cair nas faixas média ou não-saudável devido a crises ou circunstâncias de vida ou subir na escala dos Níveis, trabalhando conscientemente os problemas existentes.

O Nível de Liberação

No momento em que tivermos resolvido nossos problemas (mais ou menos Nível a Nível) e atingido plenamente a faixa saudável, o ego terá alcançado um grau notável de equilíbrio e transparência, deixando-nos prontos para dar o passo que falta para que possamos viver da nossa natureza Essencial. Dito de maneira simples, a liberação ocorre na medida em que já não nos identificamos com o ego. Podem existir ainda alguns aspectos do ego, mas eles já não constituem o fulcro da identidade. Entretanto, o ego deve recuperar seu equilíbrio e funcionamento naturais para que se possa atingir a liberação verdadeira e duradoura. Nesse estágio, a pessoa já abriu mão de uma determinada auto-imagem, resolveu seu Medo Fundamental e ampliou sua percepção para agir conforme o Desejo Fundamental. Todos esses processos exigem equilíbrio, sabedoria, coragem, força e integridade psicológica suficientes para suportar a ansiedade gerada pela dissolução da identificação com o ego.

Quando chegamos ao Nível de Liberação, geralmente ficamos muito surpresos ao perceber que já temos todas as qualidades que buscávamos. Tomamos consciência de que elas já estavam presentes em nós todo o tempo, mas nós as procurávamos da forma errada. Como Dorothy no final de o mágico de Oz, descobrimos que estávamos mais perto de realizar nosso objetivo do que imaginávamos. Tudo que precisamos para a transformação, tudo que queremos para sermos seres humanos completos, está e sempre esteve à nossa disposição em nossa natureza Essencial. Na realidade, no Nível 1, nós de fato realizamos nosso Desejo Fundamental. Quando compreendemos isso, nossa questão mais importante passa a ser como poder manter esse estado mais vibrante e aberto – ou, na verdade, como permitir que ele se mantenha em nós. Como podemos continuar nos abrindo para que a graça atue em nós?

As Tendências Rumo À Integração E À Desintegração

As Tendências Rumo à Integração e à Desintegração ajudam-nos a definir se estamos progredindo ou regredindo em nosso desenvolvimento. A Integração nos fornece indicadores objetivos de crescimento. A Desintegração mostra-nos como agimos sob stress, quais os nossos comportamentos e motivações inconscientes e, paradoxalmente, quais as qualidades que mais precisamos integrar.

Se observarmos o Eneagrama, veremos que a cada um dos números em torno do círculo estão ligadas duas linhas internas. O Oito, por exemplo, está ligado ao Dois e ao Cinco. O Nove está ligado ao Três e ao Seis, e assim com todos os tipos.

Uma dessas linhas representa a Tendência à Integração, ou seja, é a linha do desenvolvimento natural rumo à plenitude, enquanto a outra linha representa a Tendência à Desintegração do tipo, a qual mostra os comportamentos que adotamos quando levamos a extremos as atitudes características de nosso tipo. O movimento em direção a qualquer dessas tendências é um processo que ocorre naturalmente, pois o Eneagrama prevê o que será cada tipo à medida que se torna mais saudável (menos restrito ou fixado) ou, ao contrário, mais identificado, tenso e desajustado. (O movimento em direção às Tendências Rumo à Integração e à Desintegração é distinto do movimento de ascensão e descenso ao longo da escala de Níveis, embora esteja a ele relacionado. Sobre isso, teremos mais a dizer posteriormente.)


Para sermos exatos, não podemos dizer que uma Tendência seja "inteiramente positiva" e que a outra seja necessariamente "inteiramente negativa". A natureza humana possui mecanismos de atuação que se inserem em ambas as Tendências, e o Eneagrama é capaz de determinar as mudanças nesses sutis mecanismos como nenhum outro sistema. Se compreendermos esses movimentos e pudermos identificá-los em nosso dia-a-dia, poderemos acelerar o nosso desenvolvimento.

As setas no Eneagrama ao lado indicam as Tendências Rumo à Desintegração de cada tipo. Por exemplo, o Tipo Oito representa a Tendência Rumo à Desintegração do Tipo Dois.

Como as setas para a Tendência Rumo à Integração seguem a ordem contrária, a Tendência Rumo à Integração do Tipo Oito está no Tipo Dois e assim por diante com relação aos demais tipos.

Se a classificação tipológica tiver sido bem feita, o Eneagrama pode prever o comportamento futuro. Ele indica como o tipo se tornará se continuar a decair em seu padrão de identificações, defesas e comportamentos contraproducentes. Ele prevê também quais as qualidades saudáveis que surgirão quando a pessoa se identificar menos com os padrões, estruturas e defesas de seu tipo.

A Tendência Rumo À Desintegração


A Tendência Rumo à Desintegração em geral se manifesta quando vivemos um período de stress ou insegurança crescentes. Quando levamos a estratégia característica de nosso tipo o mais longe possível (sem, contudo, chegar a decair para um Nível inferior) e ela não melhora a situação nem nos dá o que queremos, nós inconscientemente começamos a agir como o tipo que representa a nossa Tendência Rumo à Desintegração. Em psicologia, isso é conhecido como atuação (acting out), pois essas atitudes e comportamentos costumam ser inconscientes e compulsivos, embora não sejam necessariamente destrutivos de imediato.

Na maioria das vezes, nós nos veremos (ou à outra pessoa) atuando mais ou menos no mesmo Nível em que estamos dentro de nosso tipo básico. Isso ajuda a explicar todas aquelas desconcertantes "inversões" de comportamento que notamos nas pessoas. Além disso, explica ainda por que não saltamos de repente do comportamento médio de nosso tipo para o comportamento patológico de nossa Tendência à Desintegração e por que não precisamos estar na faixa não-saudável de nosso tipo para seguir a Tendência Rumo à Desintegração.

As pessoas do Tipo Dois, por exemplo, acham que devem ser sempre gentis e amáveis e que precisam levar em conta as necessidades dos outros, em vez das suas próprias. Mas, na verdade, elas também querem que suas necessidades sejam levadas em conta e pensam que, sendo afetuosas o bastante, receberão dos outros generosidade a altura da sua. Se continuarem a dar sem receber nada em troca – ou sem receber o que consideram carinho –, essas pessoas tentarão satisfazer suas necessidades de modo ainda mais enérgico e rancoroso. É isso que constitui a passagem do Tipo Dois ao Tipo Oito: elas começam a atuar a raiva reprimida com ímpeto e agressividade. Em vez de continuar a suprimir a carência e a elogiar os outros, elas se tornam assertivas e diretas. Quanto mais negam a raiva e as próprias necessidades, mais explosiva e destrutiva é a sua atuação.

O princípio seguinte se aplica a todos os tipos: aquilo que é reprimido por um determinado tipo será atuado quando houver pressão da maneira indicada pela Tendência Rumo à Desintegração própria desse tipo. O quadro acima fornece um esboço desse processo; os capítulos dedicados aos tipos o descrevem mais detalhadamente.

Vale observar que, de uma certa perspectiva, a adoção da Tendência Rumo à Desintegração é simplesmente mais um mecanismo de sobrevivência. A natureza nos dotou a psique de várias "saídas de emergência", de modo que não é tão fácil descambarmos para o patológico. A Tendência Rumo à Desintegração é, assim, uma espécie de válvula de escape para a pressão. A atuação proporciona alívio temporário e desacelera uma descida potencialmente mais grave à faixa não-saudável de nosso tipo básico. Porém, é evidente que isso não nos resolve os problemas. A atuação nos faz despender uma grande quantidade de energia e, depois, ainda temos que enfrentar os problemas que tínhamos antes. Ela apenas nos permite adiar a resolução desses problemas. Quando a personalidade é submetida a um longo período de stress, nosso comportamento pode mudar a ponto de fazer-nos parecer pertencer ao tipo para o qual aponta nossa Tendência Rumo à Desintegração. Por isso, é comum que as pessoas que atravessam crises importantes e dificuldades emocionais errem e pensem que pertencem ao tipo para o qual aponta sua Tendência Rumo à Desintegração, e não ao seu verdadeiro tipo.

A Atuação
Qual é a diferença entre sentir uma emoção e atuá-la? Quando sentimos raiva, podemos atuá-la num acesso ou resistir ao impulso e guardar o que sentimos conosco, observando as sensações que a raiva provoca em nós. Quando o fazemos, temos a oportunidade de ver mais profundamente os nossos sentimentos. Isso não quer dizer que os estejamos suprimindo. Pelo contrário, significa que os sentimos de fato, em vez de permitir-lhes conduzir-nos a comportamentos compulsivos. Como exercício de Trabalho Interior, na próxima vez que se pegar atuando conforme dita sua Tendência Rumo à Desintegração, procure parar de fazê-lo, mesmo que já tenha começado. Pare no meio de uma frase, se necessário, e procure sentir seu corpo. Verifique qual a sensação provocada por não atuar e em que lugar do corpo está a energia. Veja o que acontece com ela ao vivencia-la diretamente, em vez de descarregá-la. Como você consegue fazer isso? Procure identificar as possíveis "histórias" que está contando a si mesmo sobre a situação. O que acontece se você continuar a atuar? Observe-se sem julgamentos, conseguindo ou não realizar bem este exercício.

A Tendência Rumo À Integração


A Tendência Rumo à Desintegração é inconsciente e compulsiva; é a maneira que o ego encontra de compensar automaticamente os nossos desequilíbrios psíquicos. A transformação para a Tendência Rumo à Integração é algo completamente diferente, pois requer opção consciente. Quando estamos no caminho da integração, estamos dizendo a nós mesmos: "Quero estar mais plenamente em minha vida. Quero abandonar meus antigos hábitos e histórias. Estou disposto a apoiar a verdade de tudo aquilo que aprender a meu respeito. Independentemente do que sentir e do que descobrir, quero ser livre e estar vivo de verdade".

Assim, a Tendência Rumo à Integração começa a se fazer sentir por volta do Nível 4, mas se torna mais acessível a partir do Nível 3.

Quando começamos a abandonar a bagagem da personalidade, há crescimento e desenvolvimento numa determinada "direção" – a da cura de nossas questões mais essenciais, conforme simboliza o tipo para o qual aponta a nossa Tendência Rumo à Integração. As próprias qualidades que precisamos para crescer tornam-se mais acessíveis e, quanto mais nos valemos delas, mais elas aceleram o progresso da libertação das limitações da personalidade. Por exemplo, quando as pessoas do Tipo Oito começam a libertar-se dos problemas que têm com a autoproteção (que as levam a vestir uma armadura e não baixar jamais a guarda), automaticamente entram em contato com sua vulnerabilidade e sua mágoa. Elas começam a entender por que a armadura vinha em primeiro lugar. Quanto mais se libertam dessas defesas, mais percebem o quanto é bom ter afeto e interesse pelos outros, como demonstram as pessoas do Tipo Dois quando na faixa saudável. As pessoas do tipo Oito sabem que estão no caminho certo quando começam a dar-se conta de que realmente gostam de relacionar-se com os outros e fazer-lhes o bem.

À medida que aprendemos a estar mais presentes, as qualidades positivas do tipo para o qual aponta a nossa Tendência Rumo à Integração começam a surgir naturalmente. Quando isso acontece, fica difícil não admitir as limitações da faixa média de nosso próprio tipo. Isso nos estimula ainda mais a continuar com a prática e a reconhecer quando descambamos para as compulsões automáticas de nosso tipo. Assim, poderíamos dizer que a Tendência Rumo à Integração representa o antidoto contra as fixações inerentes ao tipo.

O Ponto de Segurança

Existem determinadas – e poucas – circunstâncias em que é possível adotarmos comportamentos próprios dos Níveis médios do tipo que constitui nossa Tendência Rumo à Integração. Como regra geral, tendemos a atuar esses comportamentos quando estamos seguros a respeito de nossa posição numa certa situação. Quando nos sentimos seguros da força de um relacionamento, às vezes adotamos comportamentos que nos pareceriam demasiado arriscados com alguém a quem não conhecemos tão bem. Por isso, chamamos a esse fenômeno ponto de segurança.

Por exemplo, as pessoas do Tipo Um que estão na faixa média às vezes se comportam como se fossem pessoas do Tipo Sete (também nessa mesma faixa). Mas não tão frequentemente quanto tendem a atuar os problemas situados entre as faixas média e não-saudável do Tipo Quatro. A menos que se sintam seguras, elas não agirão como se estivessem na faixa média do Tipo Sete. Da mesma forma, as pessoas do Tipo Cinco podem muitas vezes atuar comportamentos médios do Tipo Sete, deixando a mente sobrecarregar-se e mostrando-se dispersivas. Porém, em condições de maior segurança, elas também podem agir como se estivessem na faixa média do Tipo Oito, impondo-se vigorosamente. Tudo vai depender de seu grau de segurança diante do relacionamento com o outro.

O ponto de segurança, portanto, não é o mesmo que a Tendência Rumo à Integração: como a Tendência Rumo à Desintegração, ele é mais uma válvula de escape; é mais uma forma de atuação, apesar de exigir condições especiais. As pessoas que estão entre os Níveis médio e não-saudável de seus respectivos tipos podem saber que precisam das qualidades próprias do tipo que representa a Tendência Rumo à Integração. Porém, quando reagem compulsiva e automaticamente, não são capazes de integrar realmente os aspectos mais saudáveis daquele tipo. A passagem ao ponto de segurança não é um autêntico processo de integração, mas um exemplo de substituição ou suplementação de uma parte da personalidade por outra. Isso não é o mesmo que ser mais livre e conscientizado. Por definição, o recurso ao ponto de segurança é próprio dos Níveis médios

O Verdadeiro Sentido da Integração

Embora a adoção da Tendência Rumo à Integração exija opção consciente, ela não surtirá efeito se as atitudes e os comportamentos do tipo em questão forem simplesmente imitados, especialmente no que se refere às características médias. Se você for do Tipo Oito, por exemplo, não adianta começar a agir como se fosse do Tipo Dois, fazendo docinhos e abrindo portas para os outros. Na verdade, isso só tornará a personalidade ainda mais “densa", já que a verdadeira transformação requer o abandono, e não a adoção, de novos padrões e defesas do ego. Esse tipo de comportamento está fadado ao fracasso.

Devemos lembrar-nos sempre que a personalidade não pode resolver os problemas da personalidade. Enquanto não conseguirmos sentir profundamente nossa Essência e não deixarmos que nossas atividades sejam guiadas por ela, a personalidade pouco pode fazer além de "não usar" seus velhos truques.

O processo de integração não tem nada a ver com o que deveríamos" fazer – ele requer o abandono consciente das características de nosso tipo que nos bloqueiam. Quando deixamos para trás os medos e as defesas, vivenciamos um equilíbrio e um desdobramento orgânico tão naturais quanto o desabrochar de uma flor. A planta não precisa fazer nada para passar de botão a flor e daí a fruto: trata-se de um processo natural, orgânico. A alma deseja desdobrar-se da mesma maneira. O Eneagrama descreve o funcionamento desse processo orgânico em cada tipo. O tipo para o qual aponta a Tendência Rumo à Integração nos fornece indicações acerca do momento em que isso ocorre e ajuda-nos a compreender e iniciar esse processo com mais facilidade.

A adoção da Tendência Rumo à Integração enriquece profundamente todas as nossas atividades porque o tipo que a representa nos orienta em relação ao que realmente nos satisfaz e ajuda-nos a concretizar plenamente o potencial de nosso tipo básico. A pessoa do Tipo Quatro, por exemplo, que quiser expressar-se por meio da música será autodisciplinada e se dedicará com regularidade à prática como se estivesse na faixa saudável do Tipo Um, pois isso a ajudará a atualizar seu potencial. "Passar ao Tipo Um" é o meio que a pessoa do Tipo Quatro encontra de ser a representante mais eficiente possível de seu próprio tipo.

Quando vemos, compreendemos e vivenciamos plenamente todos os improdutivos bloqueios que recobrem nossas qualidades Essenciais, eles caem como folhas secas de uma planta que cresce, e a plenitude de nossa alma surge naturalmente. Essa alma, com todos os magníficos dons que encontramos na faixa saudável, está onde sempre esteve. Só precisamos parar de acreditar nas defesas da personalidade – na resistência, na auto-imagem e nas estratégias originarias do medo próprias de nosso tipo – e livrar-nos do apego que temos a elas para reclamar e assumir esse que é um direito nato.


(Traduzido de "The Wisdom of the Enneagram", de Don Richard Riso & Russ Hudson, por ~mamado frentista)

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