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Eneagrama: Tipo Seis – O Partidário

  • Foto do escritor: 16MM
    16MM
  • 1 de set. de 2019
  • 39 min de leitura

Atualizado: 25 de abr. de 2020

O Tipo Dedicado, Que Busca a Segurança:

Encantador, Responsável, Ansioso e Desconfiado

  • Medo Fundamental: O de não contar com apoio e orientação, o de ser incapaz de sobreviver sozinho.

  • Desejo Fundamental: Encontrar apoio e segurança.

  • Mensagem do superego: "Você estará num bom caminho se fizer o que se espera que faça."


As pessoas do Tipo Seis costumam identificar-se erroneamente como pertencentes ao Tipo Quatro, Oito ou Um. As dos Tipos Dois, Cinco e Um costumam identificar-se erroneamente como pertencentes ao Tipo Seis.


Chamamos este tipo de personalidade de o Partidário porque, dentre todos os tipos, ele é o mais leal aos seus amigos e às suas convicções. Seus representantes não abandonam o navio prestes a afundar e mantêm-se fiéis aos seus relacionamentos muito mais que os demais tipos. Além disso, são fiéis a ideias, sistemas e convicções – inclusive a de que todas as ideias e autoridades deveriam ser questionadas. Com efeito, nem todos eles concordam com o status quo: suas convicções podem ser rebeldes e antiautoritárias, até revolucionárias. De qualquer modo, essas pessoas sempre lutam mais por suas convicções que por si mesmas e defendem a família ou a comunidade antes de tudo.

A razão de serem tão leais aos outros é que essas pessoas não querem ser abandonadas nem perder o apoio de que dispõem – seu Medo Fundamental. Assim, o problema crucial das pessoas do Tipo Seis consiste numa falha de autoconfiança: não acreditando possuir os recursos interiores para enfrentar sozinhas os desafios e caprichos da vida, elas passam a recorrer cada vez mais a estruturas, aliados, convicções e arrimos exteriores, no intuito de obter orientação. Quando não existem estruturas adequadas, elas procuram cria-las e mantê-las.

Tipo Seis é o tipo primário da Tríade do Raciocínio, o que significa que ele é o que tem mais dificuldade para entrar em contato com sua própria orientação interior. Por conseguinte, seus representantes não confiam em seu próprio raciocínio nem em seus julgamentos. Isso não significa que não pensem. Pelo contrário, pensam e preocupam-se – muito! Além disso, tendem a recear tomar decisões importantes, embora, ao mesmo tempo, resistam à ideia de deixar que alguém as tome em seu lugar. Eles querem evitar ser controlados, mas têm medo de assumir responsabilidade de modo a colocar-se na frente da linha de fogo. (O antigo proverbio japonês "Grama que cresce demais acaba sendo cortada" tem relação com essa ideia.)

As pessoas do Tipo Seis estão sempre conscientes de suas ansiedades e sempre buscando formas de construir baluartes de "segurança social" contra elas. Quando acham que têm respaldo suficiente, elas seguem em frente sentindo-se mais seguras. Mas quando isso falha, elas tornam-se ansiosas e duvidam de si mesmas, o que re-desperta seu Medo Fundamental. ("Estou só! O que vou fazer agora?") Assim, uma boa pergunta para elas é: "Como posso saber que disponho de segurança suficiente "Ou, para ir direto ao ponto, "O que é segurança?" Sem a orientação interior Essencial e sem a profunda sensação de apoio que ela traz, as pessoas do Tipo Seis estão sempre lutando por encontrar terreno firme para pisar.

Elas tentam construir uma rede de confiança sobre um fundo de instabilidade e medo. Veem-se presas muitas vezes de uma ansiedade difusa e então querem descobrir ou criar motivos para ela. Na tentativa de sentir algo de firme e concreto em sua vida, elas podem aferrar-se a explicações e atitudes que visam explicar sua situação. Como a "crença" (confiança, fé, convicção, posições) é para elas algo difícil de atingir – e como é também tão importante para sua noção de estabilidade – essas pessoas não costumam questioná-la nem deixar que os outros o façam. O mesmo se aplica aqueles em quem adquiriram confiança: quando isso acontece, elas são capazes de muita coisa para manter relações com eles, pois funcionam como conselheiros, mentores, ou reguladores de seu próprio comportamento e de suas reações emocionais. Portanto, fazem tudo que estiver ao seu alcance para manter essa afiliação. ("Se não confio em mim mesmo, preciso encontrar alguém no mundo em quem possa confiar.")

Apesar de inteligente e realizada, Connie ainda luta contra as dúvidas a seu próprio respeito, características de seu tipo:

“Agora que minha ansiedade está sob controle, o mesmo acontece com minha necessidade de verificar tudo com meus amigos. Eu precisava sempre da aprovação de milhares (brincadeira!) de 'autoridades'. Quase todas as minhas decisões passavam por um comitê de amigos. Eu geralmente ia perguntando de um a um: 'O que acha, Mary? Se eu fizer isso, então pode acontecer aquilo. Por favor, decida por mim!' (...) Ultimamente, restringi minhas autoridades a um ou dois amigos em quem tenho mais confiança e, às vezes, eu mesma tomo minhas decisões!”


Enquanto não tem acesso à sua própria orientação interior, as pessoas do Tipo Seis ficam como bolas de pingue-pongue: vão de um lado para o outro, conforme a influência que bate mais forte num determinado momento. Por causa disso, não importa o que dissermos a respeito do Tipo Seis, o oposto geralmente também é verdade: seus representantes são, ao mesmo tempo, fortes e fracos, temerosos e corajosos, confiantes e desconfiados, defensores e provocadores, doces e amargos, agressivos e passivos, intimidadores e frágeis, defensivos e ofensivos, pensadores e empreendedores, gregários e solitários, crentes e céticos, cooperadores e obstrutores, meigos e hostis, generosos e mesquinhos – e assim sucessivamente. É a contradição – o fato de serem um feixe de opostos – a sua "marca registrada".

O maior problema das pessoas do Tipo Seis é que elas tentam criar segurança no meio em que vivem sem resolver suas inseguranças emocionais. Porém, ao aprender a enfrentar suas ansiedades, elas entendem que, apesar de o mundo estar sempre mudando e ser por natureza incerto, podem ter serenidade e coragem em todas as circunstâncias. E podem atingir a maior dádiva de todas, que é a sensação de paz interior a despeito das incertezas da vida.


O Padrão da Infância


(Favor observar que o padrão da infância aqui descrito não provoca o tipo de personalidade. Em vez disso, ele descreve tendências observáveis na tenra infância que têm grande impacto sobre os relacionamentos que o tipo estabelece na vida adulta.)


O Medo Fundamental das pessoas do Tipo Seis (o de não contar com apoio e orientação e não conseguir sobreviver sozinhas) é um temor muito real e universal para todas as crianças. Um bebê não sobrevive sem o pai e a mãe; é absolutamente dependente deles. As lembranças do terror que infunde essa dependência estão reprimidas na maioria das pessoas. Mas, às vezes, intensificam-se o bastante para vir à tona, como no caso de Ralph, um consultor que está na faixa dos 50:


“Lembro-me de acordar e ficar de pé no berço, segurando nas grades. Ouvia meus pais rirem e conversarem com os vizinhos enquanto jogavam cartas na sala. Ouvia até o barulho das cartas sendo distribuídas na mesa. Chamei minha mãe várias vezes, para que ela viesse até o meu quarto em penumbra. A cada vez, meu medo aumentava. Desesperado, chamei várias vezes por meu pai. Ninguém veio ver o que eu queria e, finalmente, acabei dormindo de novo. Até os 11 anos, eu não perdia meus pais de vista cada vez que saíamos de casa. Tinha medo que eles me abandonassem.”


Em determinado ponto de seu desenvolvimento, todavia, os bebês fazem algo notável. Apesar de sua tremenda dependência, eles começam a afastar-se da mãe, impondo sua independência e autonomia. Em psicologia infantil, essa é a chamada fase da separação.

Um dos elementos mais importantes que possibilitam à criança ter coragem de separar-se da mãe é a presença da figura do pai. (Este nem sempre é o pai biológico, embora na maioria das vezes o seja. Trata-se da pessoa que responde pela disciplina, estruturação e autoridade no seio da família.) Estando presente de modo forte e consistente, essa figura proporciona à criança orientação e apoio em sua demanda de independência, ensinando-lhe como é o mundo o que é seguro e o que não é – e espelhando o apoio e a orientação Essencial da própria criança. Naturalmente, no caso da maioria das pessoas, esse processo não transcorre nunca da forma ideal, o que resulta em inseguranças levadas à vida adulta. Entretanto, embora todos nós até certo ponto estejamos sujeitos a problemas decorrentes dessa fase, as pessoas do Tipo Seis estão particularmente fixadas nela.

Além disso, quando a criança do Tipo Seis percebe que o apoio do pai para a independência é insuficiente, pode sentir o risco de ser sobrepujado pela mãe e tudo aquilo que ela representa. Isso aumenta a sua necessidade de levantar a guarda e leva à profunda ambivalência e ansiedade do Tipo Seis em relação à confiança, ao apoio e à intimidade. Assim, as pessoas desse tipo desejam a aprovação e a intimidade, mas, ao mesmo tempo, têm necessidade de defender-se delas. Elas querem ser apoiadas, mas não se sentir pressionadas por esse apoio.

Joseph, jornalista na faixa dos 40, explorou algumas dessas questões na terapia:


“Tive uma mãe muito forte, controladora e impressionante. Ela era capaz de retirar-me seu amor de uma hora para a outra, com muita zanga e, em geral, sem explicações. Esse amor era extremamente condicional e dependia, acima de tudo, de uma lealdade absoluta – aos seus valores, convicções e julgamentos. Eu achava que me cabia confrontá-la, lutar por minha própria sobrevivência. O problema é que minha abordagem foi negativa: eu resisti a ela e sobrevivi, mas nunca tive certeza de que havia ganho. Jamais seria possível conquistar a aprovação das pessoas (principalmente de minha mãe) e, ao mesmo tempo, manter minha independência e criar uma noção de identidade própria.”


Para resolver esse dilema, as pessoas do Tipo Seis tentam criar uma aliança com a figura do pai. Mas isso geralmente leva à ambivalência – a autoridade/figura do pai parece ou demasiado severa e controladora ou demasiado desinteressada e pouco disposta a apoiar. Muitas dessas pessoas acabam chegando então a um incômodo acordo: prestam-se exteriormente a obedecer, mas, no entanto, mantêm interiormente a sensação de independência pela rebeldia e pelo ceticismo, além de atos diversos de agressividade passiva.


Os Subtipos Conforme as Asas


Tipo Seis com Asa Cinco: O Defensor


Faixa Saudável: Os representantes deste subtipo geralmente se sobressaem em diversos tipos de áreas técnicas, o que as torna excelentes analistas sociais, professores e formadores de opinião. Além disso, como se sentem atraídos por sistemas de conhecimento cujas regras e parâmetros sejam bem claros e definidos, como a matemática, a lei e as ciências, costumam sair-se muito bem na solução de problemas práticos. Embora seus interesses possam ser mais limitados, eles têm normalmente maior poder de concentração que as pessoas do outro subtipo. As causas políticas e o serviço comunitário costumam interessá-los, levando-os muitas vezes a servir de porta-vozes e defensores de pessoas e grupos em situação de desvantagem social.

Faixa Média: Essas pessoas são mais independentes e sérias que as do outro subtipo, além de menos propensas a buscar conselho ou consolo nos outros. Geralmente solitárias, elas buscam a segurança por meio de sistemas de crença, ao mesmo tempo que permanecem céticas. Como costumam julgar o mundo perigoso, essas pessoas podem acabar adotando posturas partidárias e reacionárias. A reserva pode dar margem a suspeitas, e elas muitas vezes veem-se como rebeldes e antiautoritárias, enquanto ironicamente são atraídas por sistemas, alianças e convicções que contêm elementos fortemente autoritaristas. As pessoas que pertencem a este subtipo são reativas e agressivas, sendo típico de seu comportamento atribuir a culpa disso ao que julgam ameaças a sua segurança.

Exemplos: Robert Kennedy, Malcolm X, Tom Clancy, Bruce Springsteen, Michelle Pfeiffer, Diane Keaton, Gloria Steinem, Candice Bergen, Mel Gibson, Janet Reno, Richard Nixon.


Tipo Seis com Asa Sete: O Camarada


Faixa Saudável: Divertidas e amigáveis, as pessoas deste subtipo são menos sérias que as do outro: tendem a evitar temas "pesados" e concentram-se em suas necessidades de segurança (impostos, contas, política no trabalho e coisas assim). Entretanto, elas levam os compromissos a sério e, se preciso, fazem sacrifícios para garantir o bem-estar dos amigos e familiares. Além disso, gostam de companhia, brincam e valorizam os relacionamentos. As pessoas deste subtipo possuem energia, humor e uma alegre disponibilidade para as experiências, além de qualidades interpessoais. Podem também ser autocríticas, transformando os próprios receios em pretextos para fazer brincadeiras e aproximar-se dos outros.

Faixa Média: Apesar de ávidas por serem queridas e aceitas, essas pessoas hesitam mais em falar de si e de seus problemas. São sociáveis, mas visivelmente inseguras, dependendo dos entes queridos para tomar decisões importantes. Elas costumam ter dificuldade para tomar iniciativas, pois procrastinam. Tendem a distrair-se e procurar diversões – como praticar esportes, fazer compras e "andar" com os outros – para acalmar a ansiedade. É possível que por vezes recorram ao excesso de comida e bebida e ao uso de drogas. Embora não sejam particularmente politizadas, podem ser dogmáticas e incisivas em relação às suas preferências e antipatias. A ansiedade quanto ao sucesso pessoal e nos relacionamentos pode provocar depressão.

Exemplos: Princesa Diana, Tom Hanks, Meg Ryan, Julia Roberts, Jay Leno, Ellen DeGeneres, Gilda Radner, Katie Couric, Jack Lemmon, Rush Limbaugh, “George Costanza".


As Variantes Instintivas


O Instinto de Autopreservação (self-preservation/Sp) no Tipo Seis


Responsabilidade: Na faixa média, os Autopreservacionistas do Tipo Seis tentam dissipar a ansiedade pela sobrevivência esforçando-se para estabelecer a segurança mediante responsabilidade mútua: oferecem compromisso e solicitude, na esperança de receber o mesmo em troca. Embora busquem relacionamentos seguros, tendem a fazer amizades devagar: observam as pessoas longamente para saber se são confiáveis e se de fato estão do seu lado". São mais domésticos que os representantes das outras variantes e costumam preocupar-se com a estabilidade da vida no lar, sendo quase sempre os responsáveis pelos impostos, contas, seguros, etc. da casa.

Essas pessoas não disfarçam facilmente sua carência e ansiedade. Na verdade, podem inclusive usá-las para angariar respaldo e alianças - a vulnerabilidade pode fomentar iniciativas de auxílio. A tendência a inquietar-se com pequenas coisas pode levá-las a raciocínios catastróficos e pessimistas. ("O aluguel está cinco dias atrasado? Então com certeza vamos ser despejados!") São pessoas em geral frugais, que se preocupam muito com as questões financeiras. É comum discutirem por causa dos recursos.

Na faixa não saudável, os Autopreservacionistas do Tipo Seis tornam-se extremamente pegajosos, dependentes e nervosos. Permanecem em situações punitivas - maus casamentos ou empregos demasiado estressantes - porque têm pavor de ficar sem apoio. Podem agarrar-se com tal ansiedade aos relacionamentos que acabam alienando as pessoas com quem mais queriam estar. A paranoia pode torná-los mais agressivas: exageram os perigos e atacam os "inimigos" para impedir que possam ameaçá-los. Ironicamente, isso geralmente termina por destruir seus sistemas de segurança.


O Instinto Social (So) no Tipo Seis


Angariando Apoio: Os representantes Sociais típicos do Tipo Seis lidam com a ansiedade recorrendo aos amigos e aliados para obter apoio e segurança. São muito amigáveis e procuram criar vínculos com as pessoas, desarmando-as com o afeto e o humor. Como muitas vezes riem de si mesmos e oferecem com desenvoltura seu apoio e afeição, podem ser confundidos com os representantes do Tipo Dois. São os representantes desta variante os que mais se preocupam em adaptar-se. São relativamente idealistas e, como gostam da sensação de fazer parte de algo maior – uma causa, uma empresa, um movimento ou um grupo –, dispõem-se a grandes sacrifícios em nome de suas afiliações.

A adesão a protocolos e procedimentos às vezes os faz parecer com os representantes do Tipo Um. Eles buscam segurança por meio de acordos, obrigações e contratos, para garantir que não se aproveitem de seu esforço. Quando se sentem inseguros, procuram locais onde possam encontrar pessoas que pensam igual e se ajudam mutuamente (como Vigilantes do Peso, Alcoólicos Anônimos, etc.)

Embora capazes de grandes sacrifícios pelas pessoas e pelo grupo a que pertencem, eles costumam ter dificuldade em trabalhar por seu próprio sucesso ou desenvolvimento. A ansiedade pode levá-los a buscar consenso antes de agir e tomar decisões e a imaginar as prováveis reações das pessoas. A própria indecisão os aborrece e provoca ambivalência diante da dependência de aliados ou autoridades. Eles temem perder o apoio de que dispõem, mas irritam-se com as restrições que isso implica. A frustração pode levá-los a atitudes passivo-agressivas diante de amigos e autoridades. Quando estressados, sentem-se facilmente pressionados, explorados e subestimados. Nessas ocasiões, mostram-se pessimistas e negativos.

Na faixa não saudável, essas pessoas podem tornar-se fanáticas por crenças, causas e grupos. Nesse caso, desenvolvem uma mentalidade do tipo "nós contra o mundo", sentindo-se acossadas por um ambiente hostil (um pouco à maneira dos representantes menos saudáveis do Tipo Oito). Podem julgar as próprias convicções inquestionáveis (mesmo que os outros lhes mostrem o contrário) e escravizar-se a uma determinada autoridade, enquanto se mostram paranoides em relação às autoridades que não se enquadrem em seus próprios sistemas de crenças.


O Instinto Sexual (Sx) no Tipo Seis


Símbolos de Poder e Associação: Os representantes Sexuais típicos do Tipo Seis cultivam a força física, o poder e/ou a atração física para sentir-se seguros. Os mais agressivos recorrem à força e a demonstrações de valentia parecidas às do Tipo Oito ("Não se meta comigo"), ao passo que os mais fóbicos usam o coquetismo e a sexualidade para desarmar as pessoas e angariar apoio, à maneira do Tipo Quatro. Eles mascaram as inseguranças recorrendo à auto-afirmação ostensiva e ao desafio da autoridade ou ao flerte e à sedução.

Muito conscientes de seus atributos, essas pessoas cuidam do físico, não por uma questão de saúde, mas sim para aumentar sua força e atração sexual. Como querem ter um parceiro forte e capaz, testam-no frequentemente a fim de verificar se continuarão com elas e ganhar tempo para avaliar-lhes o caráter e a força.

Os representantes Sexuais do Tipo Seis desafiam mais abertamente a autoridade que os das demais variantes Instintivas, principalmente quando se sentem ansiosos. Além disso, são os que mais duvidam dos outros e de si mesmos. Eles são capazes de violentas explosões emocionais quando suas inseguranças são expostas ou seus relacionamentos correm perigo. Quando ansiosos, podem voltar-se contra terceiros e até contra seus próprios defensores, em vez de atacar a verdadeira razão de suas ansiedades. São típicas as tentativas de desqualificar as pessoas ou manchar-lhes a reputação, especialmente pela difusão de boatos.

Na faixa não saudável, essas pessoas se tornam depressivas e imprevisíveis, principalmente se suas reações tiverem afetado negativamente os relacionamentos mais íntimos. O comportamento impulsivo e autodestrutivo alterna-se com ataques irracionais. A paranoia pode fazer parte do quadro, em geral caracterizada pela obsessão e pela concentração em determinados inimigos pessoais.


A seguir, alguns dos problemas mais frequentes no caminho da maioria das pessoas do Tipo Seis. Identificando esses padrões, "pegando-nos com a boca na botija" e simplesmente observando quais as nossas reações habituais diante da vida, estaremos dando um grande passo para libertar-nos dos aspectos negativos de nosso tipo.


O Sinal de Alerta para o Tipo Seis: A Busca da Certeza (Orientação e Apoio) No Exterior


Os representantes típicos do Tipo Seis costumam preocupar-se com o futuro. Como têm sérias dúvidas a respeito de si e do mundo, começam a buscar "certezas" que lhes garantam segurança – por meio do casamento, do emprego, de um sistema de crenças, de um grupo de amigos, de um livro de auto-ajuda. A maioria dessas pessoas tem mais de uma dessas certezas, pois acredita que se deve poupar para os maus dias e investir no futuro e ser fieis à empresa para garantir a aposentadoria.

Em termos simples, as pessoas do Tipo Seis buscam segurança e um seguro: tentam cobrir-se de todas as formas. Elas acham que a vida é repleta de perigos e incertezas, portanto, deve ser abordada com cautela e poucas expectativas. Essas pessoas naturalmente têm sonhos e desejos, mas temem agir de forma a colocar sua segurança em risco. ("Adoraria ser ator, mas é preciso ter algo a que recorrer.") Assim, elas se preocupam mais em criar e manter suas redes de segurança que perseguir suas verdadeiras metas e aspirações.

Por conseguinte, recorrem cada vez mais a apostas seguras e a rotinas e métodos testados e aprovados. Fazer as coisas como sempre foram feitas dá-lhes a sensação de estar no caminho certo: com o respaldo de outras pessoas ou da tradição, sentem-se seguras para ir em frente. Elas podem, por exemplo, hesitar em trabalhar numa empresa jovem ou pouco convencional – preferem as que já se consagraram. Porém, ironicamente, quando não estão seguras da situação, essas pessoas podem agir impulsivamente só para pôr fim as ansiedades. Isso às vezes funciona – mas, às vezes, debilita sua segurança.


Ouse Fazer O Que Manda Seu Coração
As pessoas do Tipo Seis tendem a pecar por excesso de cautela, perdendo assim várias oportunidades de crescer e realizar-se. Em um caderno ou diário, registre as ocasiões em que deixou de aproveitar boas oportunidades. Por que resolveu deixá-las passar? Se acreditasse em sua própria capacidade, o resultado teria sido diferente? Recorde quando resolveu desafiar o bom senso e arriscar. Não nos referimos à atuação impulsiva, mas às vezes em que você conscientemente decidiu tentar superar-se. Qual foi o desfecho? Como você se sentiu? Existem áreas de sua vida em que você resiste aos seus verdadeiros desejos por medo ou dúvidas em relação a si mesmo? O que você poderia fazer para agir de outra forma?

Papel Social: O Que Presta Apoio Incondicional


Os representantes típicos do Tipo Seis querem reforçar seu sistema de apoio, suas alianças e/ou sua posição em relação à autoridade. Para tanto, investem a maior parte de seu tempo e de sua energia nos compromissos que firmam, esperando que o sacrifício seja recompensado com o aumento da segurança e do apoio mútuo. De igual modo, como defesa contra a ansiedade e a incerteza, eles investem em suas convicções pessoais, sejam elas políticas, filosóficas ou espirituais.

Essas pessoas prontificam-se incansavelmente a ser as "responsáveis". Trabalham horas a fio para garantir que o relacionamento ou o emprego ou a convicção nos quais investem continuem a prosperar e servir-lhes de apoio. Isso inevitavelmente levanta dúvidas em sua mente predisposta: "Estarão se aproveitando de mim?" "Querem-me por perto só por causa de meu empenho e confiabilidade?" "Continuaria sendo querido se não trabalhasse tanto?" Assim, o desempenho de seu Papel Social ironicamente começa a criar inseguranças sociais.

As pessoas do Tipo Seis gostariam de uma garantia de que, se fizessem tudo que se espera, Deus (ou a empresa ou a família) cuidaria delas. Acreditam que, se elas e seus aliados dessem conta de suas tarefas, todos os riscos seriam evitados ou controlados. Mas até impérios têm ascensão e queda; mesmo as maiores empresas abrem falência ou passam por ciclos de crescimento e recessão. Não há nada que possam fazer exteriormente que as torne seguras se não se sentirem seguras interiormente.


O Que Lhe Proporciona Apoio?
Analise os sistemas de segurança social" que você criou. Eles realmente o tornaram mais seguro? Quanto lhe custaram? O que faria se não contasse com um deles? Além desses investimentos de tempo e energia, considere também todas as demais fontes de apoio que encontra na vida. (Dica: você plantou, processou e embalou o alimento que ingeriu hoje?)

O Medo, a Ansiedade e a Dúvida


Embora não seja um dos sete "Pecados capitais" clássicos, o medo é considerado a “Paixão" (ou distorção emocional subjacente) do Tipo Seis, já que a origem de boa parte de seu comportamento se baseia na insegurança e em reações ao medo. O medo do Tipo Seis pode ser visto não só na preocupação com a segurança e com futuros problemas, mas também nas dúvidas e ansiedades crónicas que seus representantes nutrem a respeito dos outros e de si mesmos. Embora na superfície sejam extremamente amigáveis e interessados pelas pessoas, eles costumam temer que elas os abandonem, rejeitem ou magoem. Eles temem que um erro venha a arruinar seus relacionamentos e que os outros de repente se voltem contra eles. Assim, muito de sua atitude amigável vem do desejo de "certificar-se" de que tudo continua bem.

Ao contrário das pessoas de outros tipos, que reprimem seus medos e ansiedades ou, ao menos, evitam pensar neles, as do Tipo Seis estão sempre conscientes dos seus. Às vezes, eles lhes dão energia, mas geralmente as afligem e confundem. Entretanto, por fora podem não parecer tão nervosos, pois a maior parte dessa ansiedade é interior.

Quem vê Laura, uma preparada e bem-sucedida advogada, não imagina os terrores que lhe passam pela cabeça:


“Preocupo-me com tudo – com a possibilidade de surgirem goteiras no telhado, de os pneus de meu carro furarem de repente – e sei que a maioria dessas coisas dificilmente aconteceria, se é que não é impossível. O medo é algo com que convivo diariamente, a cada hora, a cada minuto. Ele se revela no nervosismo, na ansiedade e na preocupação, e raramente como pavor ou medo simplesmente. Eu diria que a excitação, a ansiedade e a antecipação acabam tornando-se uma só coisa. Considero-me uma pessoa em geral positiva – mas o terror e o pessimismo volta e meia surgem e me derrubam.”


As pessoas do Tipo Seis aprendem a lidar com o medo reagindo a favor ou contra ele. Algumas delas se expressam com mais agressividade, ao passo que outras são visivelmente mais tímidas. Isso não quer dizer que a haja dois tipos: em vez disso, vemos que algumas dessas pessoas costumam se expressar contrafobicamente e que isso provavelmente decorre de mensagens do superego aprendidas na infância. Algumas delas foram instruídas a demonstrar resistência e descobriram que poderiam proteger-se mostrando uma certa agressividade; outras aprenderam a evitar problemas e dar a outra face.

Naturalmente, na maioria dos representantes do Tipo Seis, essas duas tendências coexistem e se alternam, conforme sabe muito bem Connie:

“Sinto-me como um coelhinho assustado que não sabe para onde ir. Preciso criar coragem para agir. Por outro lado, quando há uma crise, eu me comporto muito bem. Não tenho medo nenhum. Cuidado comigo se as pessoas de quem eu gosto forem atacadas! Eu ligo o piloto automático e vou em frente para defender e salvar quem precisa de mim. Mas assumir a liderança e a responsabilidade por outras pessoas me dá pânico quando tenho de pensar e decidir sozinha.”


Analisando a Ansiedade
Você é capaz de listar em um caderno ou diário, dez ou mais exemplos de situações ou áreas em que o medo, a ansiedade ou a dúvida normalmente surgem? Você pode identificar as épocas, pessoas, locais ou outros tipos de deflagradores que costumam provocar-lhe tensões e ansiedades? Apesar do elemento claramente negativo, há neles alguma recompensa positiva que você possa estar buscando sem perceber – digamos, a solidariedade ou a proteção das pessoas? Como você costuma reclamar ou mostrar desagrado? Como seria se você não agisse assim? O que acha que ganharia? E o que perderia?

A Busca de Apoio para a Independência


Embora queiram sentir-se apoiadas, as pessoas do Tipo Seis não querem sentir-se invadidas: elas não se sentem à vontade diante do excesso de atenção ou intimidade, querem um pouco de distância, mas sabendo que podem contar com os outros.

Paradoxalmente, para encontrar a independência, elas correm o risco de tornar-se dependentes de alguém. É o caso da jovem que, desesperada para sair da casa dos pais que a vigiam, se casa com um homem controlador e possessivo. A ansiedade muitas vezes faz essas pessoas precipitarem-se no que parece uma solução, como o homem que larga o emprego para tornar-se empresário e acaba se sentindo mais pressionado que antes, tendo de cumprir normas governamentais e enfrentar investidores exigentes.

A ironia é que, quanto mais inseguras, mais precisam de apoio externo e menos independentes se tornam. Se a autoconfiança estiver muito arranhada, a dependência de uma pessoa ou de um sistema de crenças torna-se tão forte e profunda que elas podem não conseguir nem imaginar viver sem ela. Em determinados casos, quando acham que os outros querem explorá-las ou magoá-las, as pessoas do Tipo Seis podem desenvolver uma mentalidade baseada num estado de sítio" eterno. Esse tipo de suspeita pode levar ao isolamento social.


Desfazendo a “Amnésia do Sucesso”
Você é muito mais capaz do que imagina. Todos precisam de apoio e ajuda de vez em quando, mas você às vezes subestima o apoio que proporciona aos outros. Pare um instante para anotar de que modos você já ajudou as pessoas importantes de sua vida dando-lhes seu apoio. Depois faça uma lista dos meios que já usou para apoiar a si mesmo. Inclua nessa segunda lista as coisas realizadas que o fizeram sentir-se bem consigo mesmo. Qual é a mais longa? Como se sente em relação a cada uma delas?

A Busca por Respostas


Como não confiam em sua própria orientação interior, as pessoas do Tipo Seis costumam buscar respostas nas ideias e percepções alheias. Mas elas não as adotam simplesmente: primeiro as analisam e testam e, por fim, podem até substituí-las por outras. As mais inseguras tendem a aceitá-las diretamente, mas, mesmo neste caso, não sem resistência e grandes questionamentos. Seja como for, sua reação natural consiste em primeiro buscar fora de si mesmas algo em que acreditar e, se isso não der certo, rejeita-lo e procurar outra coisa. A dúvida, o questionamento, a fé, a busca, o ceticismo e a resistência sempre fazem parte dessa reação.

Em geral, essas pessoas tendem a desconfiar da autoridade até certificar-se de que ela é benevolente e "sabe do que está falando". Porém, uma vez certas de haver encontrado uma "boa" autoridade, identificam-se muito com ela, interiorizando seus valores e ensinamentos. (Se o chefe as aprecia, sentem-se o máximo. Se encontram um mentor sábio e solícito, ficam radiantes. Se descobrem um líder ou um sistema político digno de confiança, podem envolver-se completamente.) Mas nunca se convencem inteiramente: sempre nutrem certas dúvidas e, na tentativa de suprimi-las, manifestam os pontos de vista adotados com ainda mais veemência.

As pessoas do Tipo Seis geralmente procuram resolver a questão de encontrar as respostas "certas" alinhando-se a diversas autoridades e sistemas. Assim, podem crer num sistema religioso, ter convicções políticas bem-definidas, levar em conta a opinião do parceiro, seguir o programa do instrutor de ginástica e ler livros de auto-ajuda para aconselhar-se melhor. Quando as mensagens de cada um deles se contradizem, elas voltam ao ponto de partida – à incômoda necessidade de decidir por si mesmas.

Assim, as pessoas do Tipo Seis são cautelosas e céticas quando se trata de adotar novas crenças ou relacionamentos. Isso se deve ao fato de estarem conscientes da intensidade dos compromissos que assumem e do fato de não quererem cometer erros. Se têm alguma razão para suspeitar de que sua autoridade é injusta ou pouco sábia, suas dúvidas podem rapidamente derivar em rebeldia ou rejeição. Naturalmente, não há relacionamento nem sistema de crença que possam sempre propiciar o apoio e a orientação perfeitas. Enquanto não se conscientizam desse padrão, essas pessoas vão oscilar eternamente entre a confiança e a dúvida.


Questionando as Bases das Convicções
Quais os fundamentos de seu sistema de crença? Eles provêm de sua própria experiência ou da autoridade de amigos, mentores, livros ou ensinamentos? Como você avalia a verdade ou a falsidade de uma convicção?

A Busca de Estrutura e Diretrizes


As pessoas do Tipo Seis não gostam de ter demasiadas opções, sentem-se mais seguras nas situações em que há regras, rotinas e diretrizes preestabelecidas, como no caso do direito da contabilidade e da vida acadêmica. Porém, quando as exigências que têm de cumprir são claras, elas são muito eficientes na criação de organização e estrutura, em geral como chefes de um grupo ou empresa que governa por consenso. Entretanto, nem todas elas se sentem à vontade diante de organizações, dada a ambivalência que costumam nutrir diante da autoridade.

Muitas das pessoas do Tipo Seis são capazes de flexibilidade e criatividade dentro da segurança proporcionada pelos limites estabelecidos. Para elas, agir conforme as regras de uma organização não implica mais restrições que jogar tênis com rede ou ler um livro a partir do início. Essas pessoas acham que as coisas seguem uma ordem natural e se sentem bem dentro dela – contanto que tenham a alternativa de ignorá-la, se quiserem. (Mesmo que jamais a utilizem, querem saber que existe.) Os artistas, escritores e terapeutas do Tipo Seis gostam de trabalhar com formas estabelecidas (blues, country, sonatas, haiku), nelas encontrando liberdade para dar expressão à sua criatividade.

Como se sentem mais seguras quando têm uma ideia do que esperar, essas pessoas não gostam de mudanças repentinas: um pouco de previsibilidade é fundamental para acalmar sua mente ansiosa.

A terapeuta Annabelle observa:

“Sou uma criatura de hábitos e rotinas. Cada vez que crio um hábito, é como se tivesse uma coisa a menos para pensar, sabe? Quando não faço isso, minha energia vai embora: fico pensando demais. Detesto mudanças. Tenho uma reação instintivamente negativa diante da mudança: ela significa que o futuro será diferente. A vantagem é que eu consigo me adaptar assim que o futuro volta a ser previsível ou assim que consigo re-situar meus sistemas e minhas explicações. Por exemplo, sempre abasteço meu carro no mesmo posto. Se não tivesse esse hábito, ficaria dando voltas na cabeça até definir quando e onde parar para colocar gasolina.”


Confiando na Certeza Interior
Observe as ocasiões em que você ou outra pessoa duvida do que fazer numa determinada situação. Essa dúvida pode ser, por exemplo, como abordar um problema no trabalho. Ou pode ser um amigo que o procura para pedir-lhe conselhos sobre seu casamento. Observe como chega a uma decisão: você se baseia nos precedentes ("A política da companhia nesse caso é..." ou "O ensinamento espiritual que aprendi diz...") ou recorre à sua própria inteligência – e, principalmente, à inteligência do coração e dos instintos?

Excesso de Compromissos e “Cobertura de Todas as Bases”


As pessoas do Tipo Seis sempre tentam honrar seus compromissos em todas as circunstâncias, mas é impossível satisfazer a todo mundo. Elas então começam a agir como o garotinho da lenda holandesa – que teve de colocar os dedos nas rachaduras do dique para impedi-lo de estourar e inundar o país – e acabam sentindo-se exploradas.

Imagine-se a seguinte situação: a mulher do representante do Tipo Seis liga para ele no trabalho e diz que reservou uma mesa para aquela noite – "só para nós dois" – num restaurante chique. Querendo reforçar a segurança que obtém no casamento, ele concorda e pensa no quanto aquela noite de sexta-feira será agradável. Nesse momento, o chefe entra na sala e, sabendo que aquele funcionário é perseverante e digno de confiança, pergunta-lhe se pode ficar até tarde aquela noite para terminar um serviço com prazo para segunda-feira. Sem querer decepcionar o chefe – nem se meter em encrencas –, ele concorda em ficar e já começa a pensar, apavorado, no que vai dizer à mulher. Logo depois, seu melhor amigo liga para lembrar-lhe o encontro que haviam marcado, na semana anterior, para jogar cartas aquela mesma noite. Pronto: o pobre representante do Tipo Seis agora está num dilema atroz. Por haver assumido excesso de compromissos – tentando cobrir todas as bases –, ele não tem outra alternativa senão decepcionar alguém.

A pessoa desse exemplo ficará morta de medo de que os outros se zanguem, embora possa não verificar se esse de fato é o caso. Para ela não importa; sua ansiedade se encarregará de preencher as lacunas com projeções terríveis e queixas e reprovações imaginárias. Ele se sente pressionado – "se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come" – e irritado com o fato de as pessoas esperarem demasiado dele; não pode fazer tudo que elas querem!


Atendendo a Todas as Solicitações
Determine quais as áreas de sua vida em que tende a assumir demasiados compromissos. Qual a razão para fazer isso? O que o impediu de dizer "não" quando estava assoberbado? Qual o resultado disso para você? E para os outros?

O Comitê Interior


Se as pessoas do Tipo Um têm na cabeça um poderoso crítico interior, as do Tipo Seis têm um comitê interior, o qual costumam consultar, imaginando qual será sua resposta a uma dada situação. ("Ih, não sei se devo aceitar esse emprego. O que será que Julie acha? Ela certamente será a favor, mas meu pai realmente não concordará. Por outro lado, aquele livro de auto-ajuda diz que...") Assim, quando têm de tomar uma decisão, elas ficam indecisas em meio a várias vozes interiores que defendem diferentes atitudes e responsabilidades. Às vezes a que ganha é a que fala mais alto; às vezes há um impasse e procrastinação. Essas pessoas podem tornar-se incapazes de chegar a uma decisão definitiva porque não conseguem parar de consultar-se a si mesmas.

Por essa razão, as pessoas do Tipo Seis costumam sentir-se indecisas. Embora possam ter opiniões firmes sobre as coisas, não têm certeza de qual o melhor rumo a tomar. Cada opção pressupõe prévia deliberação do comitê interior, o que pode fazê-las girar em círculos. Por outro lado, nas questões mais importantes (onde morar ou que religião professar), elas geralmente têm pontos de vista definidos e bem inflexíveis porque já resolveram as próprias dúvidas e chegaram a uma conclusão à qual podem aferrar-se obstinadamente. Surpreendentemente, é nas pequenas decisões da vida que elas tendem a oscilar e perder tempo. ("Peço o hambúrguer ou o cachorro-quente?") Sua interminável conversa interior impede a tranquilidade mental e bloqueia a orientação interior da Essência. Elas precisam destituir o comitê interior.


Demitindo o Comitê Interior
Você está consciente de seu comitê interior? Quem faz parte dele? Qual o seu próprio índice de acerto nas vezes em que tentou prever as reações de seus aliados e de autoridades?

Estado de Alerta, Suspeitas e Pensamento Catastrófico


Devido à sensação de não contar com apoio, as pessoas do Tipo Seis desenvolvem uma extraordinária sensibilidade aos sinais de perigo. Isso é ainda mais aplicável quando elas provêm de um ambiente inseguro ou instável ou sofreram algum tipo de trauma. Embora esse tipo de sensibilidade possa ser um trunfo e inclusive salvar a vida de uma pessoa, no caso do Tipo Seis ela é um tanto problemática, pois seus representantes permanecem sobressaltados, em constante estado de alerta, mesmo quando não há riscos presentes. Eles não conseguem relaxar nunca, nunca se sentem seguros. Seus olhos relampejam nervosamente em todas as direções, em busca de potenciais problemas e ameaças. (Muitos deles relatam estar sempre conscientes de certificar-se das saídas existentes no ambiente em que se encontram, bem como dos obstáculos existentes para que possam ter acesso a elas.) Esse tipo de relação com o mundo é extremamente estressante e pode, com o tempo, até provocar alterações na química do cérebro. Além disso, ela pode ainda moldar a imaginação, provocando a constante expectativa de percalço ou perigo.

Joseph conhece bem esse estado:


“Ser do Tipo Seis é como sentir que o céu está sempre prestes a desabar. Minha visão do mundo é matizada pela constante sensação de que algo vai dar errado. Começo a esmiuçar o ambiente em que me encontro – por dentro e por fora – desde a hora em que acordo, à espreita de problemas (...). É como se a vida fosse um acidente que espera a hora de acontecer. Mesmo nos melhores momentos, a única coisa em que penso é quando vão acabar.”


Os representantes típicos do Tipo Seis podem, assim, tornar-se muito pessimistas e amargos, com pouca auto-estima e amnésia" em relação aos próprios êxitos e realizações. É como se nada em seu passado pudesse convencê-los de que serão capazes de lidar satisfatoriamente com os problemas atuais – e eles veem problemas em tudo.

Annabelle descreve precisamente a tensão que isso provoca:

“Quando pego uma carona, olho em frente para ver o que os outros carros estão fazendo. Considero sempre a possibilidade de algo de mau acontecer e imagino logo um desastre. O coração se acelera, a pulsação também, a respiração fica entrecortada, a imaginação dispara-pronto, não temos saída! Nada acontece. Então eu passo a possibilidade seguinte. Imagino desastres automaticamente. Passo horas assim, até ver o que estou fazendo e me obrigar a parar, mas dali a pouco já estou fazendo a mesma coisa novamente.”


As pessoas do Tipo Seis acham que qualquer pequeno contratempo pode ser sua ruína. Fazem tempestades em copos d'água e sempre conseguem fazer uma lista de razões para alguma coisa não dar certo. Naturalmente, isso acaba afetando sua atitude no trabalho e nos relacionamentos. Os menores mal-entendidos e divergências de opinião podem levá-las a pensar que estão na iminência de ser abandonadas ou que os amigos e aliados se voltaram contra elas. Quando não é controlada, essa tendência pode estragar importantes relacionamentos ou deflagrar reações paranoides diante do que percebem como injustiças especialmente dirigidas contra elas.


Superando o Pessimismo
Aprenda a discernir os perigos reais dos potenciais. Quantas vezes espera maus desfechos? Tem dificuldade em imaginar que as coisas correrão bem? Você pensa deliberadamente nos problemas ou se trata de um reflexo? Embora prever futuros problemas tenha alguma utilidade, no seu caso isso costuma impedir que você lide com a realidade do aqui e agora – a única em que pode encontrar equilíbrio e orientação para viver cada momento.

Vitimizar-se e Culpar os Outros


A depender do quanto se sintam impotentes para fazer algo de construtivo, as pessoas do Tipo Seis podem atuar suas ansiedades queixando-se e culpando os outros. Isso se aplica especialmente quando temem ser censuradas ou punidas por uma figura de autoridade pelos erros cometidos.

O hábito de culpabilizar os outros bem pode ter sua origem na infância – é comum a situação em que os pais chegam em casa e, encontrando alguma coisa quebrada, perguntam: "Quem foi?" A criança do Tipo Seis, sentindo-se culpada, então responde: "Foi a Debbie! E sabe o que mais? Ela desarrumou tudo lá em cima e me disse um palavrão!"

Na vida adulta, as pessoas do Tipo Seis normalmente descarregam a ansiedade queixando-se daqueles com quem estão frustradas junto a terceiros. Para muitas dessas pessoas, a mesa de refeições é o lugar preferido para desabafar sobre as decepções no trabalho e a incompetência alheia. Mas o mesmo pode ocorrer junto à máquina de cafezinho do escritório ou em uma mesa de bar na happy hour. A verdade é que, quando se sentem exploradas ou ludibriadas, essas pessoas costumam vitimizar-se e criar o hábito de reclamar sem tomar nenhuma atitude para mudar a situação. Com o passar do tempo, isso acaba intensificando sua auto-imagem de vítimas, o que muitas vezes leva a paranoias e aos destrutivos padrões de solução de problemas" verificados na faixa não saudável.


Por Que Todo Mundo Quer Atrapalhar Minha Vida?
Quantas de suas conversas são para se queixar do emprego, dos relacionamentos, dos filhos, dos pais, do time, da política, da cidade ou mesmo do tempo? Antes de queixar-se de alguém, você discute a questão com a própria pessoa? Em que ou quem você está jogando a culpa pelos problemas de sua vida?

Reação ao Stress: O Tipo Seis passa ao Três


Conforme vimos, as pessoas do Tipo Seis investem incansavelmente tempo e energia em seus "sistemas de segurança". Quando o stress vai além dos limites suportáveis, elas passam ao Tipo Três, podendo motivar-se ainda mais para o trabalho. Além disso, essas pessoas se esforçam ainda mais para adaptar-se ao meio e lutam para tornar-se modelos de sucesso social e financeiro. Assim, tornando-as mais conscientes da própria imagem, a passagem ao Tipo Três faz as pessoas do Tipo Seis procurarem o olhar, os gestos, a postura e o jargão certos para serem aceitas por seus pares. Com isso, esperam conquistar os demais e evitar a rejeição. Porém, como adotam um profissionalismo e uma atitude amigável visivelmente forçadas, as pessoas começam a desconfiar do que elas estão realmente querendo.

Como as pessoas do Tipo Três, as do Tipo Seis tornam-se competitivas, em geral pela identificação com crenças ou grupos (pode ser um time de futebol, a empresa para a qual trabalham, sua escola, nacionalidade ou religião). Além disso, podem tornar-se gabolas e, para se autopromover, adotar atitudes condescendentes, desprezar os demais e superestimar a própria superioridade, numa tentativa desesperada de defender-se da baixa auto-estima e dos sentimentos de inferioridade. É possível também que comecem a mentir sobre suas origens e formação, explorem a si mesmas e aos outros e que o desejo de triunfar sobre grupos e ideologias rivais adquira laivos de fanatismo.


A Bandeira Vermelha: Problemas para o Tipo Seis


Se estiverem sob stress prolongado, tiverem sofrido uma crise grave sem contar com apoio adequado ou sem outros recursos com que enfrentá-la, ou se tiverem sido vítimas constantes de violência e outros abusos na infância, as pessoas do Tipo Seis poderão cruzar o ponto de choque e mergulhar nos aspectos não-saudáveis de seu tipo. Por menos que queiram, isso poderá forçá-las a admitir que seus atos de beligerância e suas reações defensivas estão, na verdade, ameaçando sua própria segurança.

Por mais difícil que seja, admitir isso pode representar o início de uma reviravolta na vida dessas pessoas. Se reconhecerem a verdade desses fatos, elas poderão, por um lado, mudar sua vida e dar o primeiro passo rumo à saúde e à libertação. Mas, por outro, também poderão tornar-se ainda mais nervosas e reativas: "Farei qualquer coisa por você! Não me abandone!" ou o extremo oposto: "Eles vão se arrepender de haver procurado encrenca comigo!" Se persistirem nessa atitude, arriscam-se a ultrapassar a linha divisória que as separa dos Níveis não saudáveis.

Se seu comportamento ou o de alguém que você conhece se enquadrar no que descrevem as advertências abaixo por um período longo – acima de duas ou três semanas, digamos –, é mais que recomendável buscar aconselhamento, terapia ou algum outro tipo de apoio.


Advertências

• Intensa ansiedade e ataques de pânico

• Aguda sensação de inferioridade e depressão crônica

• Medo constante de perder o apoio dos outros

• Alternância de independência e demonstrações impulsivas de desafio

• Manutenção de "más companhias" e apego a relacionamentos abusivos

• Suspeitas extremas e paranoia

• Atentados histéricos a inimigos percebidos

Potencial Patológico: Distúrbios de Personalidade Paranoide, Dependente e Limítrofe, Distúrbios Dissociativos e comportamentos passivo-agressivos, intensos ataques de ansiedade.


Práticas Que Contribuem para o Desenvolvimento do Tipo Seis


• Observe quanto tempo passa tentando imaginar como resolver possíveis problemas futuros. Na verdade, quantas vezes o que você imagina de fato acontece? Além disso, observe que essa atividade mental acaba por faze-lo lidar com os problemas reais de modo menos eficiente. Se você está preocupado e obcecado com uma reunião que terá amanhã ou na semana que vem, é bem provável que acabe esquecendo-se de fazer uma importante ligação hoje, ou mesmo que deixe de perceber um verdadeiro sinal de perigo. Tranquilizar a mente pela prática disciplinada da meditação – principalmente quando se concentra no corpo – ajuda as pessoas do Tipo Seis a silenciar o coro das vozes que estão em sua cabeça. Lembre-se: a certeza interior geralmente não fala com palavras.

• Você tende a ter dificuldade em apreciar devidamente os momentos em que atinge seus objetivos sem cair imediatamente na ansiedade – você é capaz de preocupar-se até com o rancor que possam sentir por suas realizações! Quando atingir uma meta, seja grande ou pequena, pare para relaxar, respirar profundamente e saborear o momento. Tente absorver e guardar a impressão que lhe provoca sua própria competência. Ela o ajudará a ver como você de fato pode apoiar os outros e também encontrar apoio em si mesmo. Essa lembrança o ajudará quando voltar a duvidar de sua capacidade.

• Procure conscientizar-se daquilo em que confia e do modo como chega a suas decisões. Observe principalmente os métodos ou aliados a que automaticamente recorre quando não se sente seguro de si. Por que acha que os outros sabem mais o que fazer que você? Atente ainda para a raiva e a rejeição que as pessoas lhe despertam quando descobre que elas não têm as respostas que você busca. É possível evitar isso ouvindo mais o que seu coração e seus instintos lhe dizem. Deixe que as vozes interiores se levantem: entenda que elas representam apenas projeções do medo e do superego. Quanto mais reconhecer a verdade disso, mais perto estará da mente tranquila e do caminho certo para você.

• Embora queira ser responsável e ajudar a todos, você tende a ser injusto consigo mesmo, não acreditando que seu próprio autodesenvolvimento valha a pena. Isso pode ser exacerbado pelo medo da mudança, da entrada em território desconhecido. Corra riscos, principalmente quando se tratar de abandonar os padrões mais seguros e conhecidos. O apoio de que você precisa para analisar os problemas mais difíceis pode ser fornecido por um terapeuta ou um grupo espiritual em que você confie. Mas lembre-se que, para essa análise, o fundamental é contar com sua própria força e coragem.

• Procure diversidade e variedade. Claro, você gosta de cheeseburgers, mas talvez você possa experimentar o sanduíche de frango. Você gosta de basquete, mas talvez você possa acabar achando outro esporte ou atividade interessante. O mesmo acontece com a sua escolha de conhecidos. Às vezes, interagindo com pessoas de diferentes origens e perspectivas, você aprenderá mais sobre você e o mundo. Tudo isso, longe de ser ameaçador ou perigoso, expandirá muito sua base de apoio e aumentará seu conforto no mundo.

• Aprenda a reservar algum tempo para cultivar sua tranquilidade. Isso não significa passar horas na frente da TV, mas sim algum tempo em que possa estar simplesmente consigo mesmo. O contato com a natureza lhe é muito benéfico. Faça caminhadas, jardinagem, natação, meditação e, acima de tudo, não use essas ocasiões para preocupar-se nem traçar estratégias para o trabalho ou os relacionamentos. Pense nessas ocasiões como momentos em que Ser se torna mais fácil. Um maior contato com o meio ambiente e com as sensações do corpo fará maravilhas no sentido de acalmar essa sua mente agitada.


Reforçando os Pontos Fortes do Tipo Seis


As pessoas saudáveis do Tipo Seis são dotadas de uma tremenda capacidade de resistência, atingindo seus objetivos pela constância e pela persistência de seus esforços. Menos exuberantes que as de outros tipos, elas agem conforme o ditado "O sucesso é 10% inspiração e 90% transpiração". Atentas aos detalhes, tendem a abordar os problemas cuidadosa e metodicamente: gerenciam os recursos, organizam as tarefas conforme a prioridade e cuidam da execução dos projetos, sentindo que seu valor pessoal está em sua confiabilidade e na qualidade de seu trabalho. As mais eficientes dentre essas pessoas valorizam a responsabilidade e a competência – e é isso que elas sempre se esforçam para mostrar.

Devido ao seu espírito sempre vigilante e a sua sensibilidade aos sinais de perigo, as pessoas do Tipo Seis são capazes de antever os problemas e "cortá-los pela raiz". Como são mediadoras natas, elas costumam poupar a si e aos demais, seja em casa ou no trabalho, muitas dores de cabeça, pois têm olho clínico para detectar potenciais irregularidades e problemas. Essas pessoas costumam encarregar-se das coisas porque querem que sua vida corra da melhor maneira possível: contratar seguros e pagar as contas com antecedência são atitudes típicas do Tipo Seis.

Essas pessoas gostam de aprender e pensar sobre as coisas, mas dentro de categorias conhecidas e conhecíveis. Por permitirem respostas definitivas, os sistemas auto-suficientes – como o direito, a contabilidade, a engenharia, as línguas e as ciências – as atraem. Por conseguinte, elas tendem a sobressair-se em todo trabalho que requeira análise cuidadosa e consideração de variáveis. Sua diligência as torna alertas para as discrepâncias dos sistemas e para os problemas, imprecisões e contradições nas declarações que ouvem. O universo acadêmico, por exemplo, tem muitos dos valores defendidos pelo Tipo Seis: observância de boa estrutura e forma, referência a autoridades por meio de citações e notas, análise meticulosa e raciocínio sistemático.

As pessoas do Tipo Seis brilham na capacidade de trabalhar pelo bem comum sem precisar "aparecer". Elas procuram saber o que tem de ser feito e o fazem, com a sensação de participar de algo que transcende seu interesse pessoal, mostrando-nos o quanto é bom comprometer-se, servir e cooperar. São pessoas que acreditam na máxima que diz: "Uma andorinha só não faz verão", principalmente quando a situação exige que as pessoas se agreguem para sobreviver: produzir alimentos e roupas, construir uma casa, melhorar o bairro ou as condições de trabalho, defender uma cidade ou um país.

Embora capazes de profunda lealdade e dedicação aos demais, os mais integrados dentre os representantes do Tipo Seis também se devotam a aprender mais sobre si mesmos. Nesse processo, muitas vezes descobrem um grande e insuspeitado talento para a criatividade na auto-expressão. O compromisso com o próprio aperfeiçoamento os ajuda a cultivar a auto-estima e a ver que estão em condições de igualdade com quem quer que seja – são igualmente competentes, dignos de respeito e louvor, capazes de assumir responsabilidades e defender-se em qualquer área da vida.

Para Connie, o caminho do crescimento passa pela capacidade de centrar-se em si mesma:

“Provavelmente, a característica de minha personalidade que mais mudou é a capacidade de defender meus pontos de vista. Agora tenho a certeza interior de estar bem, de que as coisas também estão. Em meus melhores momentos, sou forte e posso cuidar não apenas de mim, mas também dos outros. Em vez de ter quinze figuras de autoridade, tenho um ou dois amigos em quem confio mais – e escuto também a mim mesma. Na verdade, agora há coisas que não conto a ninguém. Antes, minha vida era um livro aberto. Hoje dou a mim e às pessoas o devido respeito.”

As pessoas saudáveis do Tipo Seis são seguras de si porque aprenderam a reconhecer sua própria orientação interior e a confiar nela. Sua fé em si mesmas geralmente se manifesta numa grande coragem e capacidade de liderança, as quais provêm de uma profunda compreensão das inseguranças e fraquezas alheias. Assim, vendo sua sinceridade e boa vontade em aceitar as próprias fraquezas, as pessoas reagem bem à sua liderança. Elas nutrem um espírito igualitário, que se baseia na noção de que na verdade não há líderes nem seguidores, mas sim pessoas diferentes com diferentes qualidades que buscam uma maneira de reunir-se em prol do bem comum. Esse desejo de participar, de encontrar um terreno comum e de trabalhar para o bem e a segurança de todos é uma dádiva de que nossa espécie precisa para sobreviver.


O Caminho da Integração: O Tipo Seis Passa ao Nove


As pessoas do Tipo Seis concretizam seu potencial e se mantêm na faixa saudável quando mantêm o equilíbrio nos instintos e centram-se no corpo, como as que estão na faixa saudável do Tipo Nove. Para encontrar a estabilidade que buscam, elas precisam recorrer ao apoio e à constância de sua presença física: centrar-se no aqui e agora. Muitas das pessoas deste tipo são ativas, até mesmo atléticas, mas isso não significa que estejam necessariamente em contato com as sensações que o corpo vivencia a cada instante. A atenção às impressões sensoriais funciona como compensação para o ininterrupto pensar dessas pessoas, dando-lhes algo mais com que se identificar.

A princípio, o centramento nas sensações físicas pode provocar pânico ou terror, principalmente se sofreram algum tipo de trauma no passado. Não raro, verificam-se tremores quando as pessoas deste tipo que foram criadas em ambientes violentos começam a ocupar mais plenamente o próprio corpo. Nessas ocasiões, e importante que elas percebam que essas reações físicas são a forma que o corpo encontra de assimilar medos e mágoas passados, não sendo necessariamente indícios de perigos presentes. Se conseguirem sentir a si mesmas e a suas sensações de ansiedade sem reagir, começarão a viver uma experiência mais aberta e confiante da vida.

Entretanto, as pessoas do Tipo Seis não conseguirão atingir essa estabilidade simplesmente imitando as características dos representantes típicos do Tipo Nove. A complacência, a tentativa de apagar-se e a adoção de rotinas cômodas não anularão suas ansiedades, antes pelo contrário. Porém, acostumando-se a estar mais consigo mesmas sem reagir a essas ansiedades, elas começam a sentir-se mais seguras do apoio não apenas das pessoas mais importantes em sua vida ou do trabalho, mas também de Ser. Elas então reconhecem a benevolência da vida e veem que o chão não lhes vai fugir. E isso não se deve a uma crença nem a algum truque mental, mas sim a uma tranquila certeza interior que não exige explicação nem respaldo externo.

Com essa equilibrada abertura, essas pessoas reconhecem os vínculos que têm em comum com a humanidade. Sentem-se inclusivas e aceitam os outros, independente de conhecerem ou não seus pontos de vista e seus estilos de vida. Elas são cheias de coragem, uma coragem que é uma força em si mesma, e não uma reação contrafóbica ao medo. Essa coragem provém de uma sensação de integridade interior e de uma profunda ligação consigo mesmas e com tudo que as cerca. Assim, como as pessoas saudáveis do Tipo Nove, as pessoas do Tipo Seis que se encontram em processo de integração são capazes de enfrentar tremendos desafios e até tragédias e ameaças com equilíbrio e equanimidade.


A Transformação da Personalidade em Essência


Todos os seres humanos necessitam de apoio e segurança para sobreviver e, principalmente, florescer, mas raramente percebem o quanto são de fato apoiados. Além do apoio que temos dos amigos e entes queridos, nós temos o das pessoas que cultivaram o alimento que comeremos hoje à noite, o dos desconhecidos operários que fizeram nossas roupas, o das pessoas que trabalham nas companhias de gás e eletricidade e por aí vai. Nenhum dos leitores deste livro já se viu verdadeiramente sem apoio, mas nossa personalidade, baseada como é em defesas contra o medo e os sentimentos de deficiência, não consegue reconhecer isso. A capacidade de reconhecer e reagir com inteligência ao apoio que encontramos no mundo, bem como ao apoio e orientação interior do Ser, só pode ser atingida por meio da Presença - pelo acatamento de nossa verdadeira natureza.

As pessoas do Tipo Seis dão um "passo em falso" quando recorrem ao ego que teme e duvida para saber onde encontrar o verdadeiro apoio e a verdadeira orientação. Ironicamente, quanto mais questionam e criam estratégias, menos seguras se sentem. Em vez de dar-lhes a segurança que buscam, a identificação com a sensação de ansiedade as torna pequenas, indefesas e desorientadas. Só quando percebem seus padrões de raciocínio sob a influência do medo elas começam a retomar o contato com sua natureza essencial. Quando o fazem, redescobrem sua própria autoridade interior e reconhecem que o apoio que estavam procurando está em toda parte e sempre disponível.

Jenny, terapeuta na faixa dos 50 anos que recentemente sofreu uma mastectomia, descreve muito bem essa transformação:

“Acho que me tornei minha própria autoridade com essa experiência da mastectomia. Consegui reconhecer e aceitar o amor de minha família e de meus amigos, coisa que nunca havia acontecido antes. Que coisa maravilhosa! Eu tinha de ser minha própria autoridade porque minha sobrevivência estava em jogo e ninguém melhor que eu sabe o que é melhor para mim! Que sensação fantástica a de ser saudável! Recentemente, venho me concentrando em plantar flores, em vez de arrancar ervas daninhas o tempo todo. Minhas "vozes interiores" – coisas do meu antigo superego – só querem que eu veja as ervas daninhas.”


As pessoas do Tipo Seis se transformam quando enfrentam seu Medo Fundamental de não ter apoio e orientação. Ao fazê-lo, começam a vivenciar um amplo e vazio espaço interior, no qual às vezes têm medo de cair. Se conseguirem tolerar essa sensação, esse espaço mudará, preenchendo-se de luz ou transformando-se de várias outras formas. Essas pessoas então passam a reconhecer que, na verdade, o apoio que vinham buscando está justamente nesse espaço repleto de liberdade, abertura, sabedoria e paciência. Quando o encontram, as pessoas do Tipo Seis sentem-se seguras, corajosas e inteligentes – em resumo, demonstram todas as qualidades que desejavam.


A Manifestação da Essência


No fundo, as pessoas do Tipo Seis lembram que o universo é benevolente e lhes dá apoio integral. Elas sabem que estão centradas no Ser, que fazem parte da Natureza Divina e que têm direito à graça.

Quando sua mente está tranquila, as pessoas do Tipo Seis vivenciam a vastidão interior que é a Base do Ser. Elas percebem então que a Essência é real, não simplesmente uma ideia: com efeito, ela é o que de mais real há na existência, é seu próprio fundamento Comumente se associa essa paz interior à presença de Deus, que se manifesta a cada instante. Quando vivenciam essa verdade, essas pessoas sentem-se apoiadas, constantes e fortes, como se fossem um monólito. Elas percebem que essa base constitui a verdadeira segurança, e é isso que lhes dá uma imensa coragem.

Esse é o verdadeiro significado da fé, sua qualidade Essencial específica. A fé não é uma crença, mas a certeza imediata que decorre da experiência. Sem esta, a fé é simples crença, mas com a experiência, a fé nos traz a orientação segura. Boa parte da personalidade do Tipo Seis pode ser descrita como uma tentativa de imitar ou recriar a fé em termos de crenças e de encontrar um substituto para a certeza de já contar com a segurança que provém do Divino. Porém, quando a Essência se manifesta, essas pessoas verificam que seu centramento no Ser é absoluto e imutável. O Ser lhes dá apoio porque elas são parte dele: sua própria existência está no Ser porque seria impossível não ser dessa forma.


Níveis de Desenvolvimento

Saudável

Nível 1 (Independência, Coragem): As pessoas do Tipo Seis deixam de acreditar que precisam depender de algo ou alguém que não elas mesmas para ter apoio e, assim, descobrem sua própria orientação interior. Paradoxalmente, realizam também seu Desejo Fundamental – encontrar segurança e apoio, principalmente mediante sua própria orientação interior. Essas pessoas então se tornam realmente seguras de si, centradas serenas e valorosas.

Nível 2 (Encanto, Confiabilidade): As pessoas do Tipo Seis concentram-se no meio em que vivem para conseguir apoio e prevenir-se contra possíveis riscos. São amigáveis, confiáveis e encantadoras, desejando estabilidade e relacionamentos em seu mundo. Auto-imagem: "Sou persistente, atencioso e digno de confiança".

Nível 3 (Compromisso, Cooperação): As pessoas do Tipo Seis reforçam sua auto-imagem esforçando-se diligentemente para criar e manter sistemas que beneficiem a todos. Nas alianças que estabelecem, elas contribuem com muito trabalho, parcimônia e atenção aos detalhes. Práticas e disciplinadas, frequentemente são capazes de antever os problemas muito antes de seu surgimento.

Média

Nível 4 (Consciência dos Deveres, Lealdade): Temendo perder a própria independência, mas, ao mesmo tempo, julgando necessitar de mais apoio, as pessoas do Tipo Seis investem nas pessoas e organizações que julgam capazes de ajudá-las, embora não se sintam à vontade com isso. Elas buscam orientação e segurança nas rotinas, regras, autoridades e filosofias.

Nível 5 (Ambivalência, Defensividade): As pessoas do Tipo Seis receiam não poder atender às exigências contraditórias de seus diversos compromissos. Por conseguinte, tentam evitar sofrer mais pressões, sem contudo alienar seus defensores. Sua ansiedade, seu pessimismo e suas suspeitas as tornam mais cautelosas, impulsivas e indecisas.

Nível 6 (Autoritarismo, Inculpação): As pessoas do Tipo Seis temem perder o apoio de seus aliados e, extremamente inseguras de si, buscam as causas da sua ansiedade. São amargas, céticas e reativas, pois acham que sua boa-fé foi lograda. Acusam os demais e entram em lutas pelo poder.

Não-saudável

Nível 7 (Nervosismo, Instabilidade): As pessoas do Tipo Seis temem que seus atos coloquem em risco sua própria segurança, o que pode ser verdade. Seu comportamento reativo pode haver provocado crises, levando-as a confiar ainda menos em si mesmas. Sentem-se nervosas, deprimidas e impotentes e, assim, buscam algo que as livre dos apuros em que se encontram.

Nível 8 (Paranoia, Ataque): As pessoas do Tipo Seis, inseguras e desesperadas, começam a pensar que os outros vão destruir os farrapos de segurança que ainda lhes restam. Nutrindo medos paranoicos e ideias ilusórias a respeito do mundo, elas arengam a propósito de seus temores obsessivos e atacam inimigos reais ou imaginários.

Nível 9 (Autodegradação, Autodestruição): Convencidas de haver cometido atos pelos quais certamente serão punidas, as pessoas não saudáveis do Tipo Seis, sentindo-se culpadas e cheias de ódio por si mesmas, partem para a autopunição. Fomentando a desgraça e arrasando tudo aquilo que atingiram, não raro recorrem a tentativas de suicídio para provocar reações de salvamento.


(Traduzido de "The Wisdom of the Enneagram", de Don Richard Riso & Russ Hudson, por ~mamado frentista)

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