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Eneagrama: Tipo Sete – O Entusiasta

  • Foto do escritor: 16MM
    16MM
  • 26 de abr. de 2020
  • 40 min de leitura

Atualizado: 27 de abr. de 2020

O Tipo Ocupado, que Gosta de Divertir-se:

Espontâneo, Versátil, Voraz e Dispersivo

  • Medo Fundamental: O de sofrer dores e privações

  • Desejo Fundamental: Ser feliz, satisfazer-se, realizar-se.

  • Mensagem do superego: “Você estará num bom caminho se obtiver o que precisa.”

As pessoas do Tipo Sete costumam identificar-se erroneamente como pertencentes ao Tipo Dois, Quatro ou Três. As dos Tipos Nove, Três e Dois costumam identificar-se erroneamente como pertencentes ao Tipo Sete.

Chamamos este tipo de personalidade de o Entusiasta porque ele está sempre se entusiasmando com tudo que lhe chama a atenção. Seus representantes veem a vida com curiosidade, otimismo e espírito de aventura. Como crianças numa doceria, eles veem o mundo com olhos escancarados, antevendo embevecidos todas as boas coisas de que desfrutarão. Arrojados e cheios de vivacidade, com alegre determinação vão em busca do que querem da vida. A palavra iídiche chutzpah – uma espécie de atrevido desembaraço – descreve muito bem uma de suas maiores características.

Embora pertençam à Tríade do Raciocínio, as pessoas do Tipo Sete não costumam dar essa impressão, pois tendem a ser bem práticas e a envolver-se com milhares de projetos ao mesmo tempo. Seu raciocínio é antecipatório: elas preveem as coisas e geram ideias às carreiras, preferindo as atividades que lhes estimulem a mente – o que, por sua vez, gera mais coisas a fazer e pensar. Embora possam não ser necessariamente intelectuais ou estudiosas segundo a definição padrão, essas pessoas costumam ser inteligentes, ler bastante e expressar-se verbalmente muito bem. Elas passam rapidamente de uma ideia a outra, saindo-se bem nos brainstorms e na síntese de informações. São o tipo de gente que se deixa arrebatar pelo fluxo rápido e continuo das ideias e pelo prazer da espontaneidade, preferindo a visão panorâmica e a excitação dos estágios iniciais do processo criativo à análise detalhada de um determinado tópico.

Devon, uma bem-sucedida executiva, fala-nos um pouco aqui sobre a dinâmica de funcionamento da mente de uma pessoa de seu tipo:

“Não tem jeito: sou a mulher das listas. Não é por causa da memória, pois a minha é ótima. É mais para descarregar as informações e evitar continuar pensando nas coisas. Outro dia, por exemplo, fui a um concerto cujos ingressos, além de caros, haviam sido difíceis de conseguir. Mas não consegui ficar até o fim. Minha mente me torturava com as coisas que tinha de fazer. Acabei não aguentando – levantei-me e fui embora. A pessoa com quem eu estava ficou muito chateada e eu perdi uma boa apresentação.”


As pessoas do Tipo Sete muitas vezes são dotadas de mentes ágeis, tornando-se alunas capazes de aprender extremamente rápido. Isso se aplica não apenas à sua capacidade de absorver informação (línguas, fatos, métodos), mas também à de realizar trabalhos manuais. Elas tendem a apresentar excelente coordenação mente-corpo e destreza manual (datilografia, tênis, piano). Quando aliam essas duas capacidades, essas pessoas podem ser a encarnação do verdadeiro modelo do Renascimento.

Ironicamente, a grande curiosidade e a capacidade de aprender muito rápido podem criar problemas para as pessoas do Tipo Sete. Por serem capazes de desenvolver diferentes habilidades com relativa facilidade, torna-se difícil para elas decidir o que fazer. Por isso, nem sempre valorizam o que possuem como fariam se tivessem tido de lutar para obtê-lo. Quando mais equilibradas, porém, essas pessoas são capazes de empregar sua versatilidade, curiosidade e capacidade de aprendizagem para chegar a grandes realizações.

A origem de seu problema é comum a todos os tipos da Tríade do Raciocínio: a perda de contato com a orientação interior e o apoio da natureza Essencial. Isso causa-lhes grande ansiedade, pois não lhes dá a segurança de estar fazendo opções que beneficiem a si mesmas e aos demais. As pessoas do Tipo Sete lidam com essa ansiedade de duas formas: em primeiro lugar, tentam manter a mente ocupada o tempo todo, principalmente com projetos e ideias positivas para o futuro, pois assim conseguem, até certo ponto, manter a ansiedade e os sentimentos negativos fora do consciente. Além disso, como em seu caso a atividade estimula o raciocínio, elas são impelidas a permanecer sempre em movimento, indo de uma experiência a outra em busca de estímulo. Isso não quer dizer que fiquem marcando passo: em geral são pessoas práticas, que gostam de ver as coisas serem feitas.

Frances, uma bem-sucedida consultora de mercado, parece ter mais energia que o resto dos seres humanos – algo típico do Tipo Sete:

“Sou de uma produtividade absolutamente incrível. Quando estou no escritório, fico alegre e minha mente funciona às mil maravilhas. Sou capaz de criar várias campanhas de marketing para um cliente, fazer o esquema de uma palestra que vou dar num seminário, destrinchar um problema com um cliente pelo telefone, fechar dois negócios, ditar algumas cartas e, quando olho para o relógio, ainda são 9h30 da manhã e minha assistente está acabando de chegar para darmos início ao trabalho do dia.”

Em segundo lugar, as pessoas do Tipo Sete lidam com a perda da orientação Essencial por meio do método de tentativa e erro: fazem tudo para certificar-se de saber qual a melhor opção. Num nível muito profundo, elas não se acham capazes de descobrir o que realmente querem da vida. Por conseguinte, tendem a experimentar de tudo – e, por fim, podem acabar experimentando qualquer coisa para substituir aquilo que realmente estão buscando. ("Se não posso ter aquilo que realmente me satisfaria, vou me divertir de qualquer maneira. Terei toda sorte de experiências – assim, não me sentirei mal por não ter o que realmente quero.")

Isso pode ser visto nas mínimas coisas do cotidiano dessas pessoas. Incapazes de decidir se querem sorvete de baunilha, chocolate ou morango, elas vão pedir os três sabores, só para ter certeza de não perder a opção "certa". Se tiverem duas semanas de férias e vontade de ir à Europa, será o mesmo dilema: que países e cidades visitar? Que pontos turísticos conhecer? A maneira que as pessoas do Tipo Sete encontram para resolver isso é incluir o maior número de países, cidades e atrações turísticas no roteiro. Enquanto correm atrás de experiências estimulantes, o que seu coração realmente quer vai sendo tão enterrado no inconsciente que elas nunca podem saber exatamente o que é.

Além disso, quanto mais intensificam a busca de liberdade e satisfação, maior a tendência a fazer opções piores e menor a satisfação, pois tudo é vivenciado indiretamente, através do filtro da atividade mental acelerada. O resultado é que essas pessoas acabam ansiosas, frustradas e com raiva, diminuindo assim seus próprios recursos físicos, emocionais e financeiros. Elas podem acabar destruindo a saúde, os relacionamentos e as finanças em sua busca de felicidade.

Gertrude agora está tentando se estabelecer na carreira e na família, mas, fazendo um retrospecto, analisa como essa tendência contribuiu para dificultar seu início de vida:

“Não havia nada que fazer nem em casa nem na cidadezinha do sul em que cresci. Eu morria de vontade de sair de lá e ir para algum lugar mais interessante. Quando fiz 16 anos, comecei a namorar e logo fiquei grávida, mas o pai de meu filho não quis casar-se comigo – o que, para mim, não foi problema, já que eu tampouco queria casar-me com ele. Não demorei a conhecer outro homem, casamo-nos e então me mudei para uma cidade maior. Mas a coisa não funcionou como eu queria porque nos separamos depois que eu dei à luz o meu filho e tive de voltar para casa. Fiquei lá por uns dois anos, até colocar meus pés no chão novamente. Quando as coisas pioraram, casei-me de novo. Agora, aos 19 anos, acho que já fiz muita coisa.”

Porém o lado bom é que as pessoas do Tipo Sete são extremamente otimistas, exuberantes, "para cima". Dotadas de uma enorme vitalidade e de um desejo de viver plenamente cada dia, elas são alegres e bem-humoradas por natureza, não levando nada – nem a si mesmas – muito a sério. Quando são interiormente equilibradas, conseguem contaminar todos os que as cercam com seu entusiasmo e alegria de viver, fazendo-nos relembrar o simples prazer de existir – a maior de todas as dádivas.

O Padrão da Infância

(Favor observar que o padrão da infância aqui descrito não provoca o tipo de personalidade. Em vez disso, ele descreve tendências observáveis na tenra infância que têm grande impacto sobre os relacionamentos que o tipo estabelece na vida adulta.)

A infância das pessoas do Tipo Sete é matizada por uma sensação em grande parte inconsciente de desligamento da figura materna (que é muitas vezes, mas nem sempre, a mãe biológica). De modo geral, essas pessoas são muito suscetíveis a uma profunda frustração resultante da sensação de serem prematuramente apartadas da ligação com a mãe, como se tivessem sido desmamadas cedo demais o que pode ser fato em alguns casos). Numa reação a isso, as crianças do Tipo Sete inconsciente mente "decidem" cuidar de si mesmas. (“Não vou ficar parado com pena de mim mesmo, esperando que alguém se encarregue de tomar conta de mim. Eu mesmo o farei!") Esse padrão não implica que as pessoas deste tipo não tenham tido intimidade nem proximidade com a mãe na infância. Porém, no plano emocional, elas decidiram inconscientemente que teriam de cuidar de suas próprias necessidades.

As razões para isso podem variar muito. Talvez a chegada de um irmãozinho tenha feito a criança do Tipo Sete perder de repente a atenção exclusiva da mãe. Talvez uma enfermidade (da própria criança ou da mãe) tenha impedido o contato mais próximo entre elas.

Devon, a executiva que já conhecemos, relembra:

“Um incidente acontecido quando eu tinha 3 anos me impressionou tanto que me lembro dele como se tivesse ocorrido ontem. Meu irmão, recém-nascido, estava tendo uma convulsão. Minha mãe não parava de gritar e literalmente arrancar os cabelos, negros e longos. Lembro-me de seu cabelo caindo no tapete bege e rosa. Era tarde da noite, e a ambulância levou consigo meu irmão, minha mãe e meu pai também. Sei que, até um ano e meio, fui muito bem cuidada por minha mãe. Aí ela ficou grávida e enjoava muito até meu irmão nascer. Ele, por sua vez, tem saúde frágil desde bebê e, assim, é o meio que perdi minha mãe por tabela.”

As pessoas do Tipo Sete são também muito influenciadas pela "fase da separação do processo de desenvolvimento do ego, quando aprendem a tornar-se mais independentes da mãe. Uma das maneiras que as crianças normalmente encontram de lidar com o difícil processo de separação está em ligar-se ao que os psicólogos denominam objetos transicionais: os brinquedos, jogos, coleguinhas e outras distrações que ajudam as crianças a suportar a ansiedade dessa fase.

As pessoas do Tipo Sete dão a impressão de ainda estar em busca de objetos transicionais. Enquanto puderem descobrir e deixar-se levar por ideias, experiências, pessoas e "brinquedos" interessantes, elas conseguem reprimir a sensação subjacente de frustração, medo e mágoa. Mas se, por alguma razão, não encontrarem os objetos transicionais adequados, a ansiedade e os conflitos emocionais atingem o patamar consciente. Então essas pessoas tentam encontrar outra distração o mais rápido possível, a fim de controlar a sensação de pânico. Naturalmente, quanto maiores a privação e a frustração realmente vividas pela criança, maior a necessidade do adulto de ocupar a mente" com toda sorte de distrações.

Os Subtipos Conforme as Asas

Tipo Sete com Asa Seis: O Animador

Faixa saudável: As pessoas deste subtipo são brincalhonas e produtivas. Curiosas e criativas, além de dotadas de um excelente senso de humor e de uma visão mais positiva que a do outro subtipo, elas mantêm a certeza de que a vida é uma coisa boa e alegre. Por sua rapidez mental, seu espírito de cooperação e sua capacidade de organização, essas pessoas são capazes de realizar muita coisa, aparentemente sem grande esforço. Elas gostam de variedade e têm facilidade para entrosar-se com os outros, o que faz das atividades ligadas ao ramo dos espetáculos, relações públicas, publicidade, mídia e diversões seu elemento.

Faixa média: Espertas, interessadas em novidades, falantes e amigáveis, as pessoas deste subtipo têm uma grande reserva de energia e podem proporcionar momentos muito animados aos que estão à sua volta. Apesar de serem geralmente produtivas, elas podem perder a concentração com mais facilidade que as do outro subtipo. A depender de seu grau de insegurança, poderão demonstrar um certo nervosismo, uma aceleração meio frenética. Como gostam de emoções fortes, estão sempre envolvidas em relacionamentos ou em busca de um. Apesar de não gostarem de ficar sós, esperam muito dos mais íntimos. Costumam ficar divididas entre o desejo de arriscar-se a encontrar melhores opções e o medo de perder o que têm. Há uma possibilidade de abuso de drogas no caso deste subtipo devido à ansiedade e a ocultos sentimentos de inferioridade.

Exemplos: Robin Williams, Steven Spielberg, W. A. Mozart, Jim Carrey, Benjamin Franklin, Freddie Mercury, Richard Feynman, Felix Kjellberg, "Gênio" (Aladdin), "Homer Simpson" .

Tipo Sete com Asa Oito: O Realista

Faixa saudável: As pessoas deste subtipo realmente apreciam o mundo, sendo "materialistas" no sentido mais amplo do termo. Elas aliam a rapidez ao ímpeto – o que, muitas vezes, lhes angaria sucesso material e cargos de poder e importância. Determinadas a obter da vida o que desejam, elas pensam estrategicamente e são capazes de organizar rapidamente os recursos interiores e exteriores para realizar seus desejos. São práticas, pragmáticas e obstinadas. Seu senso de humor se expressa pelo sarcasmo e pelo atrevimento.

Faixa média: Versáteis, as pessoas deste subtipo dirigem suas energias em várias direções, podendo ter diversas profissões. Podem demonstrar determinação, ímpeto e agressividade na busca da satisfação de suas necessidades. Seu forte desejo de acumular posses e experiências as torna mais viciadas no trabalho que as pessoas do outro subtipo. ("Eu mereço!") Além disso, como seu interesse maior recai nas atividades, mais do que nas pessoas, elas tendem a ser pragmáticas quanto aos relacionamentos: buscam parceiros e não figuras românticas idealizadas. Essas pessoas não têm medo da solidão e conhecem muito bem suas próprias expectativas e limites. Para obter o que desejam, são capazes de uma objetividade que beira a rispidez e, em alguns casos, a pressão. Ao contrário dos representantes do Tipo Sete com Asa Seis, cujo entusiasmo é tanto que chega a ser infantil, os deste subtipo podem mostrar-se muito blasés e insensíveis.

Exemplos: Jack Nicholson, Howard Stern, Robert Downey Jr., Eric Andre, Leonard Bernstein, Mike Patton, "Sonic", "Coringa", "Jack Sparrow", "Wade Wilson".

As Variantes Instintivas

O Instinto de Autopreservação (self-preservation/sp) no Tipo Sete

Garantindo o Meu. Os típicos Autopreservacionistas do Tipo Sete são pessoas cheias de energia e determinação, principalmente quando se trata de garantir que seus prazeres e necessidades sejam sempre satisfeitos. Seus interesses e preocupações tendem a relacionar-se ao prático e ao material (ou, nas palavras imortais de Scarlett O'Hara, "Juro por Deus que jamais passarei fome novamente!"). Essas pessoas tendem a ser ambiciosas e a dar duro para poder dispor de várias opções.

Além disso, os Autopreservacionistas do Tipo Sete são consumistas no sentido clássico da expressão: gostam de fazer compras, viajar e mimar-se, empenhando-se sempre em descobrir novas possibilidades de prazer (catálogos e guias de espetáculos, viagens e restaurantes). Essas pessoas estão sempre atentas a pechinchas e liquidações e gostam de conversar a respeito com os amigos. (“Descobri umas gracinhas de canecas numa loja que abriu há pouco tempo." "Puxa, esse monitor é excelente. Por quanto você o comprou?") Embora gostem de sair e conversar, temem depender dos outros ou que estes dependam delas.

Os Autopreservacionistas menos saudáveis do Tipo Sete podem demonstrar impaciência e nervosismo quando suas necessidades não são logo atendidas. Preocupados em não sofrer privações, muitas vezes ficam ansiosos quando perdem algum conforto ou apoio material. (Não raro, têm medo de passar fome.) Essas pessoas podem tornar-se extremamente exigentes e mal-humoradas quando são frustradas, pois esperam que os outros lhes satisfaçam as necessidades assim que elas as manifestem – ou até antes disso.

Na faixa não saudável, obstinadas com sua própria necessidade de segurança, essas pessoas mostram-se descorteses e desatentas perante os demais. Sem tolerar interferências, lançam-se agressivamente a busca de tudo aquilo que creem que as tornará mais seguras e menos ansiosas. A irresponsabilidade e o descomedimento em relação aos próprios recursos podem levá-las a desbaratá-los, estragando a saúde, jogando a dinheiro ou gastando em demasia. Assim, podem passar dos limites e permitir-se todo tipo de excesso.

O Instinto Social (so) no Tipo Sete

O Que Estarei Perdendo. Os representantes Sociais típicos do Tipo Sete costumam cultivar um grupo de amigos e "conselheiros" que partilham de seus interesses e entusiasmos. Por meio desse grupo, eles se informam das novidades e obtêm o estímulo e a variedade que apreciam. Como são idealistas, gostam de envolver-se com causas sociais. Porém, depois que o fazem, às vezes sentem-se atados, pois seu ritmo é mais rápido do que o dos outros. Nessas ocasiões, veem a responsabilidade social como um estorvo, pois ficam divididos entre o desejo de honrar seus compromissos e o de largar tudo e cuidar de sua vida. Além disso, os representantes Sociais deste tipo estão sempre em busca de algo mais interessante ("Essa festa de ano novo parece que vai ser boa, mas aposto que a do Ted vai pegar fogo depois da meia-noite!"). Eles se ressentem diante da autoridade, vendo-a como arbitrária e desnecessária – mais uma fonte de restrição social.

Os representantes Sociais menos saudáveis do Tipo Sete tendem a dispersar sua energia no que poderíamos chamar de meios compromissos: gostam de ter a agenda sempre cheia, mas estão sempre anotando também algumas "alternativas". Assim, colocam muitos ferros no fogo, mas não esperam que nenhum fique em brasa. São pessoas amigáveis e mesmo encantadoras, mas muito ariscas, podendo facilmente cancelar seus compromissos se a ansiedade ou uma opção mais promissora surgirem.

Na faixa não saudável, essas pessoas tendem a dissipar sua energia e seu talento numa interminável sucessão de festinhas, encontros sociais ou "reuniões de planejamento" que nunca acabam em nada. Deixando atrás de si uma trilha de iniciativas interrompidas e corações partidos, são como aves de arribação, inquietas e inquietantes, pois a fuga da ansiedade as torna irresponsáveis e conduz a "cenários sociais" potencialmente arriscados e destrutivos.

O Instinto Sexual (sx) no Tipo Sete

O Neófilo. Os típicos representantes Sexuais do Tipo Sete estão em constante busca de coisas novas, que fujam do ordinário. Como os do Tipo Quatro, eles tendem a rechaçar o mundano – são pessoas que querem viver a vida intensamente em todas as suas atividades e interações. Vendo-a através da lente da imaginação, elas idealizam a si mesmas, aos relacionamentos e à realidade. Frequentemente, essas pessoas demonstram curiosidade em relação a uma ampla gama de coisas, deixando-se fascinar por ideias e assuntos que estão na crista da onda. A atração que une os representantes Sexuais do Tipo Sete àqueles que consideram interessantes é magnética. Quando o radar de seu instinto sexual detecta alguém assim, não hesitam em aproximar-se usando de todo o seu charme e interesse. Da mesma forma que o objeto de sua curiosidade temporariamente os deslumbra e hipnotiza, eles são capazes de induzir sensações semelhantes nos demais. Essas pessoas gostam da emoção de fantasiar com seu novo objeto de desejo, imaginando futuras aventuras e interesses comuns. Elas amam ideias loucas, humor e espírito – seu raciocínio é bastante rápido, mas isso pode trazer inquietação não só a elas mas também aos seus relacionamentos.

Nos Níveis menos saudáveis, essas pessoas podem tornar-se volúveis nos interesses e também nos afetos. Elas temem os compromissos, preferindo a intensa paixão das fases iniciais de um relacionamento. (Amam o amor.) O romance e o processo de descoberta mútua as deleita, mas, assim que os sentimentos se tornam familiares, elas partem em busca de novas possibilidades. A inquietude as faz perder o discernimento e envolver-se com modismos e ideias espetaculares que, apesar da embalagem glamorosa, são pouco mais que distrações temporárias. Logo vem a decepção.

Nas faixas não saudáveis, os representantes Sexuais do Tipo Sete podem buscar emoções com ainda menos prudência. Assim, poderão envolver-se em projetos malucos e casos amorosos pouco viáveis e perigosos, tornando-se caçadores de emoções que buscam cada vez mais fontes de prazer e diversão porque cada vez menos conseguem gozá-las. Viver no limiar as torna pessoas duras e dissolutas, que muitas vezes se esgotam ou se prejudicam irreversivelmente com seus excessos.

A seguir, alguns dos problemas mais frequentes no caminho da maioria das pessoas do Tipo Sete. Identificando esses padrões, “pegando-nos com a boca na botija" e simplesmente observando quais as nossas reações habituais diante da vida, estaremos dando um grande passo para libertar-nos dos aspectos negativos de nosso tipo.

O Sinal de Alerta para o Tipo Sete: “Adiante A Grama Sempre Está Mais Verde”

A tentação característica das pessoas do Tipo Sete é a propensão a perder o gosto por aquilo que estão fazendo ou vivendo. A grama sempre está mais verde em algum outro lugar, e assim elas começam a desejar o futuro, como se um outro fato ou atividade fosse a solução para seus problemas. ("Esta noite vou jantar com uns amigos, mas quem estará no vernissage? Quem sabe, se eu comer depressa, consiga dar uma passada lá também!") Se elas ignorarem seu Sinal de Alerta – deixar se levar pelas possibilidades do momento seguinte, em vez de viver totalmente o presente – começarão a seguir o rumo errado.

Suponha que está conversando com um amigo num restaurante lotado e de repente começa a escutar a conversa ao lado. Você presta atenção a ela enquanto finge que está atento as palavras do amigo? Se a resposta é "sim", você sucumbe à tentação do Tipo Sete. O resultado é que acabaria não apreciando devidamente nenhuma das duas conversas e, de quebra, indiretamente ofenderia seu amigo, que provavelmente perceberia tudo.

Esse tipo de atenção errante tem sérias consequências para as pessoas do Tipo Sete, já que sua vida se baseia tanto nele. Pensar torna-se o mesmo que antever, e isso as leva a não ficar com nada o suficiente para conhecê-lo profundamente ou obter alguma verdadeira satisfação. Quando não dão ouvidos ao seu Sinal de Alerta, deixam-se atrair por outra coisa, independentemente do que quer que estejam fazendo. Sua atenção errante as faz pular e ligar a TV, abrir a geladeira em busca de algo que merendar, telefonar a um amigo ou rabiscar num bloco, em vez de começar a trabalhar – ou mesmo continuar a ler o livro de que estavam gostando!

Treinando a Mente Errante
Escolha uma atividade qualquer e concentre-se nela. Ao fazer isso, observe quando se distrai e pensa em outra coisa. Volte a concentrar-se no que estava fazendo e, caso se distraia novamente, tente retornar a atividade que escolheu. Repita o procedimento, tentando sempre permanecer concentrado no que está fazendo. Na maioria das vezes, será difícil conseguir concentrar-se, principalmente no início. Mas, se persistir e conseguir identificar o que o distrai da atividade, conseguirá entender melhor os fatores que deflagram o seu Sinal de Alerta. A tensão física é um deles? A fome, o cansaço e a ansiedade também tem alguma influência?

Papel Social: Dínamo

Os representantes mais típicos do Tipo Sete definem-se como "Dínamos": aqueles que precisam injetar energia e emoção nas situações para que todos se animem – e, assim, eles mesmos também fiquem animados. Como são pessoas de muita energia, para elas é fácil representar esse papel. Porém, como com todos os Papéis Sociais, uma vez que o indivíduo se identifica com eles, torna-se cada vez mais difícil deixar de agir da maneira que ele preconiza.

O papel de Dínamo, Catalisador ou Vela de Ignição – bem como o de conspirador e aliciador – permite as pessoas do Tipo Sete tornar-se o centro das atenções. Sua companhia é muitas vezes disputada porque sua alegria levanta o moral das pessoas.

Kansas é uma atriz talentosa que também se profissionalizou como empresária:

“É gostoso saber que você pode afetar a vida das pessoas com sua energia. Muitas vezes vejo as pessoas se animarem bem diante dos meus olhos. Gosto de fazer todo mundo sentir-se feliz. Às vezes, isso é um problema, pois sinto que atraio muita gente que é meio "deprê”. Para dizer a verdade, não acho que essas pessoas queiram melhorar. Estou tentando deixá-las seguir seu caminho e poupar minha energia para melhores investimentos, nos quais ela seja realmente apreciada. A capacidade de levantar naturalmente o moral das pessoas é de fato um grande dom.”

O problema começa quando os representantes típicos do Tipo Sete começam a agir apenas como os superdínamos que precisam falar, chocar, instigar e deslumbrar o tempo todo. Isso inevitavelmente as sobrecarrega demais, além de tornar-se cansativo para todos também. Quase todo mundo, inclusive outras pessoas do Tipo Sete, acha que essa energia excessiva acaba se tornando unidimensional e extenuante. Se os outros não conseguem acompanhar seu ritmo, essas pessoas saem em busca de novas oportunidades e plateias, interpretando essa reação como uma forma de rejeição ou abandono que provoca raiva e frustração. Porém elas podem sentir-se também cada vez mais identificadas com seu papel, sem saber como relacionar-se ou satisfazer-se de outra maneira.

Velma, versátil educadora e consultora de mercado, conheceu essa frustração no início da adolescência:

“Quando criança, sentia-me livre, desinibida, cheia de vida. Sabia que conseguia fazer as pessoas rirem. As outras crianças disputavam minha companhia porque eu era divertida. Quando adolescente, queria ser levada mais a sério, principalmente pela minha família, mas nunca achava que o conseguia. Então eu reagia às expectativas atuando ou sendo boba, engraçada ou dramática (em vez de autêntica) para chamar a atenção.”

Mexendo o Caldeirão
Quando se pegar distraindo as pessoas – animando a festa, por assim dizer – procure observar para quem está fazendo isso. Qual o efeito que essa excitação provoca sobre o seu contato consigo mesmo? E sobre o seu contato com os outros? Você se sente satisfeito? O que você acha que aconteceria se não assumisse a responsabilidade de animar o ambiente em que está?

A Gula e a Eterna Insatisfação

O vício característico das pessoas do Tipo Sete é a gula – literalmente, o desejo de empanturrar-se de comida. Em muitos casos, elas bem poderiam ser acusadas de comer ou beber demais, da mesma forma que fazer em demasia tudo aquilo que lhes traga satisfação física. Embora às vezes a gula possa aplicar-se literalmente ao Tipo Sete, é mais produtivo entender essa Paixão metaforicamente, como a tentativa de preencher um vazio interior com coisas e experiências.

A gula é a reação emocional de querer cumular o eu com gratificações externas diante da experiência da frustração, do vazio e da carência. Em lugar de vivenciar diretamente o vazio e a carência, as pessoas do Tipo Sete tentam fugir a ansiedade distraindo-se tanto com os prazeres da carne quanto com estímulos mentais. Quanto mais profundas as distorções emocionais da infância, menor a probabilidade de essas pessoas se conformarem com as próprias experiências – elas precisam de mais para encher-se completamente, cedendo assim à "Paixão" da gula.

Por manter a mente ocupada para defender-se da ansiedade, essas pessoas têm dificuldade de perceber e processar as informações provenientes dos sentidos, a menos que lhes causem uma impressão muito forte. Assim, sua identidade se baseia no fato de permanecer mentalmente excitadas; o que está na cabeça – os pensamentos em si – não é tão importante quanto o estímulo e a promessa de gratificação produzidos. As pessoas do Tipo Sete buscam estímulos fortes para que as impressões que forem filtradas sejam registradas pela mente e as satisfaçam. Como sua identidade se baseia no fato de permanecer estimuladas, essas pessoas normalmente impõem-se poucos limites e não gostam de restrições. Elas querem ser livres para reagir aos impulsos e desejos tão logo eles surjam, sem demora. Como todas as Paixões, a longo prazo a gula está fadada ao fracasso, pois quanto mais essas pessoas "se entopem" indiscriminadamente, tentando encontrar o alimento de que foram privadas na infância, mais insatisfeitas se tornam.

A Busca de Estímulos e de Novas Experiências

A despeito de qual seja o nosso tipo, nós geralmente buscamos aquilo que pensamos que nos fará felizes, sem considerar se nossas opções têm a possibilidade de trazer-nos felicidade. Que circunstâncias propiciam a felicidade? O que a faz durar mais que um breve instante? Como podemos aumentá-la sem correr o risco de exagerar em alguma coisa? Esse tipo de questão constitui o tema do Tipo Sete.

Os típicos representantes do Tipo Sete são sofisticados, colecionadores e connoisseurs – são aqueles que sabem qual o melhor joalheiro, conhaque ou restaurante francês, quais dos filmes recentes valem a pena ver e quais as últimas novidades e tendências porque não querem perder nada.

Uma das distinções mais nítidas entre os representantes que estão na faixa saudável e os que estão na média é que os primeiros se sentem mais gratificados quando são capazes de concentração e produtividade – assim, eles contribuem com algo de novo e válido para o mundo; já os que estão na faixa média tornam-se menos produtivos porque a ansiedade os faz concentrar-se mais em divertir-se e entreter os demais. Sua criatividade é suplantada por um desejo cada vez maior de adquirir e consumir.

A cineasta Tara reconhece em si esse padrão:

“Infelizmente, é verdade que tendo a me entusiasmar com as novidades e depois perder o interesse e deixar para lá. Para mim, a variedade é o sal da vida. Falar em fazer algo "interessante" me faz sentir bem, mesmo que depois não faça nada. Gosto de aprender coisas novas. Adoro aulas – de culinária, dança de salão, patins, qualquer coisa. Compro pelo menos dez revistas diferentes. Também gosto de fazer pesquisa de preços antes de comprar por que acho importante verificar todas as opções e escolher a que mais valo riza meu dinheiro. Para mim é difícil assumir compromissos num relacionamento porque também aí estou sempre em dúvida se não há algo melhor, se já verifiquei todas as opções ao meu dispor.”

Descobrindo a Dádiva
Observe como a antecipação e o desejo de experiências o impede de saborear o que está vivendo no momento. Para analisar isso melhor, você pode fazer um joguinho: pare um instante e tente descobrir alguma coisa extraordinária em sua experiência imediata. Qual a dádiva que recebe neste exato momento?

O Tédio e a Diversidade de Opções

As pessoas do Tipo Sete frequentemente reclamam do tédio e do quanto o detestam, embora o que chamem de tédio seja a ansiedade que sentem quando o ambiente não lhes propicia os estímulos necessários para manter longe o sofrimento e os sentimentos negativos. Da mesma forma, as restrições e a incapacidade de seguir em frente provocam nessas pessoas não apenas tédio, mas até pânico. Elas não querem situações que as "prendam" nem forcem a enfrentar sentimentos penosos antes de estar prontas para tal.

Para defender-se do tédio e das sensações que o acompanham, essas pessoas querem manter a cabeça cheia de fascinantes possibilidades e certificar-se de estar sempre em dia com tudo que é novo, elegante e emocionante.

Velma, que já conhecemos, explica:

“Eu preferia a variedade em tudo. Tinha determinados amigos para meu lado intelectual, outros para meu lado emocional e outros para meu lado sexual. Sentia-me impelida a buscar satisfação em todos esses lados meus. Era impossível resistir. Quanto mais experiências tinha, mais queria ter e, daí, passei a precisar delas cada vez mais. Minha energia dependia da variedade de minhas experiências. Conseguia fazer várias coisas diferentes sem me exaurir – via-me impelida a "fazer" tudo e tinha energia para isso. Jamais quis nada do jeito tradicional. Cada coisa nova e diferente que eu experimentava alimentava meu desejo de continuar a buscar o novo e o diferente. Um círculo vicioso.”

Sem orientação interior, as pessoas do Tipo Sete precisam fazer tudo pelo método de tentativa e erro – provavelmente, sem dar ouvidos a conselhos, pois sempre querem ver tudo com seus próprios olhos. Elas acham que, vivenciando o maior número de situações, saberão quais as farão mais felizes. Mas é humanamente impossível experimentar tudo: há demasiados lugares a visitar, pratos a provar, roupas a vestir, experiências a viver. Seriam precisos séculos para que elas tivessem todas as experiências que precisariam para orientar-se apenas com base nisso. Experimentar de tudo para saber como é levaria muitas vidas e, ainda assim, as possibilidades são quase infinitas. Além disso, há experiências que provavelmente seriam perigosas e prejudiciais, já que há coisas na vida que é preciso evitar ou que, pelo menos, demandam muita cautela. Porém, para o bem ou para o mal, as pessoas do Tipo Sete em geral têm de aprender as coisas por experiência própria.

Tédio, Essa Palavra Temida
Analise aquilo que está chamando de tédio. Como você o sente em seu próprio corpo? Como você descreveria a sensação de tédio? Depois que conseguir identificá-lo, procure de terminar quais as lembranças e associações que lhe provoca.

A Falta de Discriminação e o Excesso de Atividades

Para os representantes típicos do Tipo Sete, é muito fácil perder a noção das prioridades: eles estão em atividade constante e, muitas vezes, exagerada. Independentemente da situação financeira, essas pessoas tendem a desperdiçar dinheiro é comum que vivam à grande, seja morando numa metrópole com farta oferta de lazer e conveniências, ou numa cidadezinha do interior, na qual tenham de conformar-se com as poucas lojas e diversões locais. Se não conseguirem sair dela, essas pessoas podem passar o dia inteiro fumando e vendo TV, falando ao telefone, visitando amigos ou batendo papo no bar da praça.

O exagero também se aplica a ideias, pois quando se entusiasmam com alguma coisa, vão até às últimas consequências. Mas o contrário também é verdade: à medida que se tornam menos saudáveis, elas perdem a concentração e a capacidade de levar as coisas a cabo, deixando atrás de si muitas coisas começadas e não terminadas. O fato de que muitas de suas boas (e às vezes brilhantes) ideias jamais se realizam se torna mais uma fonte de frustração para elas. Se não lidarem com as ansiedades ocultas que as levam a fugir de si mesmas, acabarão por jogar fora suas melhores inspirações e oportunidades.

Sua agilidade de raciocínio e sua eloquência podem degenerar em superficialidade e lábia, muito embora elas pensem que isso é o mesmo que capacidade de improvisar. Na faixa média, essas pessoas tendem a considerar-se verdadeiros sabe-tudo o que, às vezes, as mete em encrencas que, depois, tentam resolver na base da "enrolação"

Programas Realistas
Durante alguns dias, tome nota de quanto tempo leva para fazer as coisas: quanto demora para ir ao trabalho, fazer compras, ver um amigo, etc. Compare o resultado ao programa que havia feito inicialmente. É possível cortar uma ou duas atividades por dia para ganhar um pouco de tempo para respirar e para conseguir desfrutar plenamente das atividades que se comprometeu a fazer?

Como Evitar a Ansiedade e os Sentimentos Penosos

Da mesma forma que, em tempo de guerra, um inimigo pode bloquear sinais de rádio transmitindo um sinal mais forte, as pessoas do Tipo Sete "bloqueiam" sua própria percepção da dor, tristeza e privação mantendo a mente constantemente ocupada com possibilidades novas e interessantes. Porém isso não quer dizer que elas não sofram, sintam dor ou tenham depressão – a percepção de seu próprio sofrimento no fim vence suas defesas. Mas tão logo possam, essas pessoas tocam o barco para a frente. De forma semelhante, tornam-se peritas em usar a mente ágil para re-enquadrar as suas experiências, sempre descobrindo uma maneira de ressaltar o que elas têm de positivo e desviar os sentimentos mais profundos, mesmo no caso de grandes tragédias.

Jessie, uma terapeuta que personifica várias das exuberantes qualidades do Tipo Sete, relembra o reenquadramento de uma grande perda que sofreu:

“Quando eu tinha 11 anos, meu pai morreu subitamente de infarto do miocárdio. Lembro-me de haver pensado: "Quais são as minhas opções? Qual a melhor coisa que posso fazer agora? Minha mãe está em choque, com ideias suicidas, e minha irmã menor está atuando. Eu vou crescer". Decidi ser o mais alegre, animada e útil que pudesse. Não se deve perder tempo sofrendo. Essa é a minha única maneira de ser livre – livre da depressão e do desespero.”

Entrando em Contato com os Sentimentos Mais Profundos
Como tarefa de Trabalho Interior, pare um instante e vivencie mais profundamente seus próprios sentimentos. Pense em uma pessoa ou situação que lhe provoque sentimentos fortes até que estes comecem a surgir. Observe o que acontece e verifique por quanto tempo consegue concentrar-se no que sente. Ao perceber que sua atenção mudou de rumo, procure identificar o que o impediu de continuar pensando no que sentia. O que o levou a distrair-se?

Frustração, Impaciência e Egocentrismo

As pessoas do Tipo Sete podem ser extremamente exigentes: quanto mais ansiosas, mais impacientes com os outros e consigo mesmas. Nada acontece rápido o bastante. Nada lhes satisfaz as necessidades. Sem se dar conta, elas podem seguir pela vida afora projetando em todas as suas experiências uma sensação subjacente de frustração

Além disso, podem tornar-se profundamente frustradas e impacientes consigo mesmas. Essas pessoas podem conseguir evitar enfrentar o próprio sofrimento, mas são geralmente alerta demais para não perceber que estão desperdiçando seus recursos e talentos. Muitas de suas ideias aproveitáveis ficam na gaveta porque elas se tornam impacientes demais consigo mesmas para deixar que seus projetos cheguem à fase final

Essa frustração subjacente as torna altamente intolerantes diante dos defeitos alheios, além de incapazes de suportar as expectativas, não só as que os outros criam em relação a elas como também a incapacidade deles de atender às expectativas delas. Sua impaciência pode também manifestar-se pela exasperação e por uma atitude ferina e desdenhosa.

Velma, a consultora de mercado, continua:

“Quando eu era criança, gostava de ficar conversando com mamãe na cama dela. Ela me fazia umas gracinhas e depois tentava livrar-se de mim. Dizia-me que eu não tinha problemas. Ela esperava que eu continuasse a ser a mesma garotinha alegre de sempre. Comecei a sentir desdém por minha mãe e hoje me pego fazendo o mesmo com todos aqueles com quem não tenho paciência.”

Dentre os três tipos cuja base é a frustração (Quatro, Um e Sete), este é o que expressa mais abertamente seu desprazer, pois é também um tipo assertivo. Seus representantes são capazes de manifestar diretamente a frustração e a infelicidade com relação a tudo que não lhes agrada. O pensamento subconsciente que está por trás dessa atitude é: "Se eu tiver um ataque de raiva, conseguirei fazer a mamãe cuidar de mim". Atuando de maneira tão exigente, eles geralmente conseguem o que querem.

A impaciência das pessoas do Tipo Sete é vivenciada pelos outros como egocentrismo desenfreado. Embora elas gostem de chamar a atenção, não o fazem porque querem ser estimadas e admiradas, uma motivação narcisista característica dos tipos pertencentes à Tríade do Sentimento. Com efeito, em certas situações, essas pessoas não se incomodam de parecer bobas se isso mantiver a energia fluindo e impedir que se vejam diante de sua ansiedade. As pessoas do Tipo Três, por exemplo, jamais mostrariam suas fraquezas e imperfeições da maneira que tantas vezes fazem as do Tipo Sete.

Descobrindo a Frustração
Observe como a energia da frustração age sobre você. Ao perceber que está frustrado, pare e respire fundo algumas vezes. Como é a verdadeira sensação de frustração? O que acontece quando você a vivencia, em vez de atuá-la?

Impulsividade e Falta de Sensibilidade

Já que manter o momentum é um de seus valores elementares, as pessoas do Tipo Sete podem adotar uma abordagem do tipo "acertar um golpe e fugir", o que deixa os outros magoados e confusos. Para manter-se em movimento, essas pessoas suprimem a culpa e o remorso por seus atos. Embora em geral não queiram magoar ninguém, suas defesas dificultam-lhe reconhecer o sofrimento que provocam – ou até percebê-lo.

Para evitar a ansiedade, essas pessoas tornam-se também cada vez mais impulsivas. A constante busca de estímulos – por meio do abuso de álcool, alimentos prejudiciais e cigarros ou simplesmente da pressão que se impõem – poderá causar-lhes graves problemas físicos. Em seus piores momentos, essas pessoas podem recorrer à agressão verbal, mostrando-se excessivamente exigentes, prepotentes e cruéis.

Devon fala com franqueza sobre sua forma de lidar com os problemas:

“Algumas vezes, expulsei as pessoas da minha vida sem aviso prévio. Num dia, elas pensavam que viveríamos felizes para sempre e, no dia seguinte, eu estava dizendo adeus. Na época, não senti remorso nenhum. Elas simplesmente me haviam obrigado a deixá-las. Hoje me sinto muito mal por ter tido tão pouca consideração por seus sentimentos, mas o principal era que, se eu tivesse de sofrer, não acreditava que seria capaz de sobreviver ao sofrimento. Então eu fugia dele e saía em busca de novo prazer em outro lugar. Você podia apostar que, se eu estivesse deprimida, me levantaria, poria meu melhor vestido, saltos altos e sairia para dançar.”

Limpando a Bagunça
Pessoas que conhecem você sabem que você não tem a intenção de magoá-las, embora possa tê-lo feito inadvertidamente, em períodos mais carregados de stress. Quando for apropriado, converse com um amigo ou uma pessoa querida a quem possa ter magoado. Peça-lhe antes permissão para conversar e, depois que tiver se desculpado, ouça o que ele ou ela tem a lhe dizer. Compartilhe com essa pessoa seus sentimentos sobre quaisquer aspectos que continuam irresolvidos. Isso talvez não seja fácil para você, mas aliviar assim a situação pode reduzir muito sua própria mágoa e ansiedade – bem como sua necessidade de sufoca-las debaixo de um excesso de atividades.

Escapismo, Excessos e Vícios

Os representantes típicos do Tipo Sete veem-se como pessoas espontâneas que apreciam as diversões e adotam a filosofia de viver para o momento presente. Porém, eles nem sempre se apercebem do quanto essa atitude pode esconder uma abordagem cada vez mais escapista da vida. A depender do quanto se deixem levar por medos e ansiedades, não serão tão livres e espontâneos quanto imaginam. Assim, podem ir impulsiva e cegamente em busca de tudo aquilo que lhes prometer satisfação imediata sem considerar o quanto isso pode lhes custar. Sua filosofia é: “Desfrute agora e pague depois".

Essas pessoas podem achar excitantes mesmo as experiências mais negativas e penosas, pois elas servem de máscara a um sofrimento ainda mais profundo. O sofrimento do alcoolismo ou do vício em drogas, por exemplo, é algo terrível. Mas, para os representantes deste tipo que se encontrarem em processo de degradação, é um sofrimento preferível ao que sobreviria do pânico e do pesar mais profundos.

As pessoas do Tipo Sete estão presas a um ciclo de antecipação, desejo ardente e excesso que chamamos de síndrome do chocolate. Uma das coisas mais deliciosas que há quando se ganha uma caixa de chocolates finos é a antecipação da primeira mordida. Para as pessoas deste tipo é assim: não conta tanto a experiência em si; o que mais as estimula é a prelibação dessa experiência. E, como sabe todo mundo (menos as pessoas do Tipo Sete), um prazer levado a extremos pode tornar-se rapidamente uma fonte de desprazer. Depois de comer vários chocolates, começamos a sentir o oposto do prazer: repugnância e dor.

No caso dessas pessoas, a busca da gratificação pode assumir um caráter de vício: elas passam a exigir doses cada vez maiores de tudo aquilo que lhes agrada para manter-se estimuladas e eufóricas. Até o perigo pode começar a não provocar reação.

Tara fala com franqueza sobre seu passado nesse aspecto:

“Evitar as coisas gera ansiedade. E, à medida que a intensidade vai se tornando intolerável, a necessidade de distração se torna cada vez maior. A distração precisa ser "maior" que a ansiedade para reprimi-la. Acho que foi por isso que tantas vezes perdi o controle na vida. Em vez de render-me ao medo e ao sofrimento, eu fugia deles. Evitava-os a qualquer preço até que ficou impossível continuar fugindo. Eu poderia ter morrido de overdose ou de acidente de trânsito, dirigindo sempre a 220km/h.”

Avaliando seu Grau de Persistência
Faça duas listas em um caderno ou diário: na primeira, coloque os principais projetos que você iniciou e não conseguiu terminar, na segunda, cite os que você de fato levou a cabo. Você é capaz de distinguir um padrão em cada uma das listas? O que o entusiasma mais: ter novos planos e possibilidades ou acompanhar o processo e sua finalização? Até que ponto você é "viciado" na movimentação, em detrimento de realizar de fato algo importante para si mesmo? Atrás de que você acha que tem corrido até agora – e de que tem corrido?

Reação ao Stress: O Tipo Sete Passa ao Um

Quando o stress aumenta, as pessoas do Tipo Sete se dão conta de que precisam concentrar as energias se quiserem realizar seus planos. Assim, como os representantes típicos do Tipo Um, elas começam a sentir que precisam restringir-se: passam a trabalhar com mais afinco, achando que podem resolver tudo sozinhas, e a tentar impor limites ao seu próprio comportamento. Com efeito, obrigam-se a permanecer nos eixos, apesar de logo se frustrarem com seus limites e estruturas. Daí, podem tornar-se mais inquietas e dispersivas ou mais rígidas e autocontroladas, quando sua habitual vivacidade pode dar lugar a uma seriedade implacável.

Também como os representantes do Tipo Um, quando estressadas, essas pessoas tentam educar os outros - sugerindo desde um bom livro ou curso a um bom lugar para fazer compras, passando por um determinado ponto de vista político ou espiritual. O entusiasmo por suas próprias opiniões pode rapidamente transformar-se numa tendência a debater ou criticar as dos demais. Assim, elas acabam tornando-se extremamente impacientes com o mínimo indício de incompetência, em si ou nos outros. Em situações de muito stress, a raiva e o ressentimento vêm à tona, levando-as a dar vazão à frustração mediante a busca de defeitos em tudo e de reprimendas e comentários sarcasticamente cruéis.

A Bandeira Vermelha: Problemas Para o Tipo Sete

Se estiverem submetidas a stress por períodos prolongados, tiverem sofrido uma crise grave sem contar com apoio adequado ou sem outros recursos com que enfrentá-la, ou se tiverem sido vítimas constantes de violência e outros abusos na infância, as pessoas do Tipo Sete poderão cruzar o ponto de choque e mergulhar nos aspectos não saudáveis de seu tipo. Por menos que queiram, isso poderá forçá-las a admitir que sua vida lhes está fugindo ao controle e que seus atos e opções na verdade lhes trazem mais sofrimento.

Se reconhecerem a verdade desses medos, elas poderão, por um lado, mudar sua vida e dar o primeiro passo rumo à saúde e à libertação. Por outro, poderão tornar-se ainda mais dispersivas, impulsivas e maníacas, envolvendo-se desesperadamente em riscos para evitar o sofrimento a qualquer custo. ("Vale qualquer coisa para chegar ao dia seguinte.") Se persistirem nessa atitude, essas pessoas se arriscam a ultrapassar a linha divisória que as separa dos Níveis não saudáveis. Se seu comportamento ou o de alguém que você conhece se enquadrarem no que descrevem as advertências abaixo por um período longo – acima de duas ou três semanas, digamos, é mais que recomendável buscar aconselhamento, terapia ou algum outro tipo de apoio.

Advertências • Dispersão extrema e tentativas de fuga da ansiedade • Vícios crônicos graves e debilitantes • Impulsividade, agressividade e reações infantis • Atividades compulsivas e humor eufórico • Períodos de perda de controle • Mania, depressão e extrema instabilidade de humor • Períodos de pânico e terror paralisante

Potencial Patológico: Distúrbios Maníaco-Depressivos, Personalidade Fronteiriça, elementos do Distúrbio Histriônico de Personalidade, Distúrbios Obsessivo-Compulsivos, abuso de drogas.

Práticas que Contribuem para o Desenvolvimento do Tipo Sete

• Quando se sentir mentalmente agitado, pare um instante e respire fundo para saber o que realmente está acontecendo com você. Observe especialmente se está inquieto ou sente medo por causa de alguma coisa e tente perceber como a velocidade de seus pensamentos o afasta do contato com esses sentimentos. Quando percebe que a mente dispara e começa a fazer associações livres, é uma boa hora de perguntar-se o que de fato está acontecendo. Na maioria das vezes, você estará mascarando algum tipo de ansiedade. A palavra chato é uma boa dica: sempre que recear "chatear-se", pare para descobrir o que está evitando.

• Seu problema não é tanto ignorar os sentimentos negativos quanto assimilá-los de forma incompleta. Você os percebe mais ou menos bem, mas quer logo passar por cima deles. Permitir que as coisas realmente o afetem, que tenham impacto sobre você num nível mais profundo, não é o mesmo que atolar-se em negativismo. Pelo contrário, se deixar que os fatos – mesmo os que magoam – o toquem profundamente, estará enriquecendo sua própria experiência e tornando sua alegria mais verdadeira e significativa. Observe como os sentimentos se expressam em seu corpo. Como é a sensação da tristeza? Onde você a situa – no estômago, no peito ou no rosto? E a voracidade? Identificar um sentimento – dizer a si mesmo: "Estou triste" ou "Estou alegre" – já é um começo, mas não é o mesmo que o vivenciar plenamente e deixar-se afetar por ele.

• Aprenda a detectar sua impaciência e descobrir de onde ela vem. Como representante de seu tipo, você pode ficar muito impaciente com o ritmo e o nível de energia dos outros, mas também consigo mesmo. Como tem talento para muitas áreas, tende a não cultivar plenamente nenhuma. Você é injusto consigo próprio pela impaciência não só em relação a si mesmo como também ao processo de aprendizagem e aquisição de uma técnica ou habilidade. Cuidado também com a síndrome do "expert instantâneo". A noção básica de um tema ou uma certa destreza, juntamente com seu charme e fanfarronada, certamente podem abrir-lhe portas. Mas se você não souber do que está falando, se não tiver feito o dever de casa, se deixar as ideias alinhavadas, os outros logo se darão conta, e sua reputação – malgrado todos os seus dotes – sofrerá. As pessoas do Tipo Sete detestam ser tachadas de superficiais, mas a culpa é de sua impaciência se os outros o veem assim. Esforce-se para cultivar seus talentos.

• Descubra a alegria das coisas simples. Como as pessoas do Tipo Quatro, você tende a amplificar a realidade – gosta que as coisas sejam extraordinárias, fabulosas e excitantes. Porém o fantástico é que, quando estamos presentes, todas as nossas experiências são extraordinárias. Arrumar o quarto ou chupar uma laranja podem ser experiências altamente gratificantes quando se está 100% nelas. Cada instante é uma fonte única de prazer e assombro. O medo da privação e o desejo de divertir-se o impedem de encontrar a satisfação que busca. Pense nos momentos mais plenos e gratificantes que já viveu – o nascimento de um filho, o casamento, um piquenique com colegas de faculdade, um pôr-do-sol perfeito. O que os torna tão satisfatórios? Observe que, embora possam não dar ensejo a grandes relatos, esses momentos possuem outra coisa que os torna gratificantes. Na medida em que conseguir descobrir o que é, sua vida mudará.

• A meditação pode ajudar muito as pessoas do Tipo Sete, em especial por tranquilizar a mente. Se começar a meditar, logo perceberá a intensidade de sua tagarelice mental. O esforço para relaxar e identificar-se mais com sua presença no momento será grande. Além disso, observe como você termina a meditação. As pessoas de seu tipo costumam sair da meditação aos tombos, como se a personalidade não pudesse esperar nem dois segundos para voltar à agitação. Conscientize-se de estar finalizando a sessão e tente levar a tranquilidade interior a tudo que fizer. A meditação de pouco valerá para transformar-nos se estiver restringida aos poucos minutos diários que reservamos à nossa vida interior. Você de fato tende a ser mais alegre e exuberante que a maioria das pessoas. Observe o que acontece quando você consegue compartilhar isso sem fazer pressão e sem "demonstrá-lo". Você será mais eficiente e profundo quando estiver centrado e seguro – em tais ocasiões, sua alegria será evidente e a todos afetará. Além disso, se for autêntica, não precisará "levantar a galera" e não poderá ser diminuída nem perdida se os outros não reagirem a ela.

Reforçando os Pontes Fortes do Tipo Sete

Mesmo na faixa média, as pessoas do Tipo Sete tendem a ser criativas. Mas, quando são mais centradas e equilibradas, elas podem ser brilhantes, polivalentes, capazes de sintetizar as várias áreas que dominam. Graças às suas diversas habilidades e interesses, a seu prazer no trabalho e a sua extroversão, essas pessoas muitas vezes obtêm sucesso.

Como costumam dizer elas mesmas, são pessoas que têm os pés no chão. Não são fantasistas nem ociosas – são ligadas à realidade e a vida prática. Elas entendem que precisam ser realistas, produtivas e trabalhadoras se quiserem obter os meios financeiros para realizar seus muitos sonhos.

Assim, os representantes saudáveis do Tipo Sete não se conformam em simplesmente consumir o trabalho alheio, seja ele um hambúrguer ou a roupa de um estilista. Eles sabem que seu maior prazer na vida vem de contribuir com alguma coisa para o mundo e, por isso, prefeririam desenhar um vestido a comprá-lo, fazer um filme a assistir o de outrem – afinal, assim poderiam fazê-los exatamente do jeito que querem.

Uma maneira construtiva de abordar sua versatilidade e seu desejo de diferentes experiências está em cumprir várias tarefas ao mesmo tempo. Dessa forma, essas pessoas conseguem satisfazer o gosto pela variedade, fazer uso de diversas habilidades e, ao mesmo tempo, ver como estas se relacionam. Essa técnica costuma agradar muito às pessoas do Tipo Sete e, contanto que se estabeleçam limites e prioridades, em geral atinge excelentes resultados.

Além disso, elas têm o dom de gerar ideias rápida e espontaneamente. São pessoas com visão de conjunto que gostam de dar o pontapé inicial nos projetos e se sobressaem na descoberta de soluções originais para os problemas. Sua mente quase transborda de conceitos e possibilidades criativas, o que as habilita a considerar opções que os outros poderiam nem perceber. Quando saudáveis, elas são capazes também de manter a disciplina necessária à concretização de suas ideias.

Talvez o maior dom das pessoas do Tipo Sete seja a capacidade de manter a visão positiva e a certeza da abundância. Quando essa visão é temperada pelo realismo e pela disposição de enfrentar os sentimentos mais difíceis, elas demonstram um entusiasmo contagiante, qualquer que seja a situação. Longe de ser tímidas, elas vivem a vida plenamente e convidam todos a fazer o mesmo. ("Só se vive uma vez.") Além disso, sua abertura a novas experiências pode muito bem torná-las cultas e bem-informadas. São pessoas que de fato se sentem em casa no mundo e gostam de compartilhar as riquezas que descobrem em suas incursões.

Tara continua:

“A vida é um grande parque de diversões. Tudo é interessante. A vida me desperta uma espécie de alegria e curiosidade espontâneas. Sinto-me amparada pelo universo, como se tivesse a certeza de que tudo vai dar certo. Mesmo quando as coisas estão pretas, algo dentro de mim sempre acredita que no fim tudo vai dar certo. O mundo às vezes é mau, é terrível, mas acho que não me é pessoalmente hostil. Graças a essa sensação de segurança, sou mais curiosa e estou mais disposta a abrir-me para as coisas.”

O Caminho da Integração: O Tipo Sete Passa ao Cinco

As pessoas do Tipo Sete concretizam seu potencial e se mantém na faixa saudável quando aprendem a desacelerar a sua mente rápida para que suas impressões possam afetá-las mais profundamente, como as que estão na faixa saudável do Tipo Cinco. Quando rumam a integração, não mais viciadas em distrações e experiências extraordinárias, elas conseguem conviver com o fruto de sua observação o bastante para descobrir as coisas mais incríveis a respeito do ambiente em que vivem e de si mesmas. Isso não só lhes dá a orientação que buscam, mas também enriquece sua produtividade e criatividade. Além disso, tudo aquilo que produzem ganha mais ressonância e significação para os outros.

Cultivando mais a tranquilidade e a concentração, as pessoas do Tipo Sete estabelecem um maior contato com sua própria orientação Essencial. Assim, tornam-se capazes de reconhecer quais as experiências que realmente terão valor para elas. Não mais sujeitas à ansiedade de fazer opções erradas e deixar de seguir o melhor rumo, elas simplesmente sabem o que fazer. A exploração mais profunda da realidade não faz aqueles que estão em processo de integração perderem a espontaneidade ou o entusiasmo - pelo contrário, torna-os mais livres para saborear cada momento. Todavia, a imitação das características típicas do Tipo Cinco não ajudará muito as pessoas do Tipo Sete. O excesso de pensamentos, o distanciamento emocional e a ansiedade para lidar com as necessidades alheias só servirão para exacerbar o circo que é o cérebro dessas pessoas. A tentativa de obrigar-se a se concentrar tampouco terá resultados, pois se baseia na repressão. Porém, à medida que conseguirem tranquilizar a mente e tolerar a ansiedade, elas gradual e naturalmente aprenderão a abrir-se para a lucidez, a inovação, a percepção e a sabedoria dos representantes saudáveis do Tipo Cinco.

A Transformação da Personalidade em Essência

Se há uma coisa que as pessoas do Tipo Sete precisam entender é que, enquanto estiverem perseguindo diretamente a felicidade e a satisfação, jamais as obterão. A realização não decorre de "obter" nada: é um estado que surge quando permitimos que a riqueza do momento presente nos toque. Quando compreenderem isso e conseguirem deixar de lado as condições que impõem à sua própria felicidade, elas verão o desabrochar de uma vastidão interior e, com ela, o do simples prazer de existir. Compreenderão então que o próprio Ser, pura existência, é prazeroso. Assim, passarão a apreciar profundamente a própria vida.

Após anos de trabalho interior, Tara descobriu isso por si só:

“Comecei a compreender que a vida nem sempre é diversão. Redefini o que é divertido e o que não é e percebi que essas ideias geralmente são falsas. Muito do que eu não julgava divertido – como lavar pratos – na verdade está bem; não é diferente nem pior do que outras atividades que eu considerava divertidas.”

Certamente não há nada de errado em pensar no futuro, mas, no caso do Tipo Sete, isso se torna um dos principais meios de perder o contato com a presença. A parte mais difícil de seu processo de transformação recai na capacidade de permanecer em contato com a realidade presente. Isso se deve ao fato de que, estando mais despertos e presentes, nós acabamos por trazer à consciência o sofrimento e a privação, justamente as coisas de que fogem as pessoas do Tipo Sete. Nessas ocasiões, elas poderão lembrar-se de que o sofrimento que temem já ocorreu – e elas sobreviveram. Com o apoio da Presença, então, serão capazes de permanecer com esse sofrimento o suficiente para realmente metabolizá-lo. O pesar, como qualquer processo orgânico, tem um ciclo e requer um determinado período – não pode ser precipitado. Além disso, se não conseguirmos conviver com a tristeza, não conseguiremos conviver com a felicidade.

Quando esse trabalho chega ao fim, as pessoas do Tipo Sete conseguem satisfazer-se com muito pouco, pois percebem que sempre haverá o suficiente para elas e todos os demais. Talvez seu maior dom seja a capacidade de ver o mundo espiritual no material – perceber o Divino nas coisas mais comuns.

Jessie, a terapeuta que conhecemos anteriormente, conta-nos um momento em que essa capacidade lhe valeu muito:

“Quando meu enteado estava morrendo de AIDS, tomei-o nos braços e perguntei a mim mesma: "Qual é a melhor opção agora? O que de mais maravilhoso poderia ele viver neste momento?" Então o orientei em seu caminho para a paz e o alívio do outro lado. Gregory conseguiu libertar-se suavemente do aspecto físico da vida, sentiu que esta havia chegado ao fim e na verdade escolheu o momento de seu último suspiro. Tudo se havia completado, estava perfeito, e todos estávamos ali com ele.”

A Manifestação da Essência

Os hindus dizem que Deus criou o universo como dança para poder gozar o prazer de ver refletida nele Sua própria criação. É essa sensação de maravilha e assombro diante da beleza da vida que está infundida nas pessoas do Tipo Sete.

Desse ponto de vista Essencial, o Tipo Sete representa o júbilo, o estado finalmente destinado aos seres humanos. O júbilo é uma experiência que surge espontaneamente quando vivenciamos em nós o Ser – quando nos libertamos da tagarelice e dos projetos intermináveis da mente egoica. Do ponto de vista cristão, os seres humanos foram criados para ir ao Céu e gozar da Visão Beatífica – passar a eternidade contemplando Deus em suprema e completa felicidade. Assim, o êxtase é nosso estado por direito. Quando relembram essa verdade, as pessoas do Tipo Sete, vendo na alegria seu estado essencial, a personificam e difundem.

Jessie continua:

“Aprendi a re-centrar-me por meio de momentos tranquilos de contemplação e reflexão. Descobri todo um mundo dentro de mim. O espírito que eu sou é livre e me mostrou tanto com que regalar-me. Meu mundo interior transcende meus atos exteriores, mas também transborda e lhe dá cor. O júbilo que sinto às vezes borbulha e torna a vida um deleite. Sei que não preciso de muito e, no entanto, minha vida está cheia. Em meus melhores momentos, sou tomada pelo assombro e pela gratidão Vivo o momento e tenho a certeza de que todas as minhas necessidades serão satisfeitas.”

Acima de tudo, as pessoas do Tipo Sete percebem no mais profundo nível de consciência que a vida realmente é um dom. Uma das maiores lições que o Tipo Sete tem a dar é que não há nada de errado com a vida, nada de errado com o mundo material. Ela é uma dádiva do Criador. Se não esperássemos nada, seríamos tomados de júbilo e gratidão o tempo inteiro. Quando não exigimos nada da vida, tudo se torna uma dádiva Divina capaz de nos arrebatar em êxtase. Esta é a luta do Tipo Sete: lembrar qual a verdadeira fonte do júbilo e viver de acordo com essa verdade.

Níveis de Desenvolvimento

Saudável

Nível 1 (Alegria, Satisfação): As pessoas do Tipo Sete deixam de acreditar que precisam de determinados objetos ou experiências para estar satisfeitas, o que lhes permite assimilar plenamente suas próprias experiências e tirar proveito delas. Além disso, paradoxalmente realizam seu Desejo Fundamental – ter satisfação e alegria, atender as próprias necessidades – e se mostram gratas, reconhecidas e extáticas.

Nível 2 (Expectativa, Entusiasmo): As pessoas do Tipo Sete concentram-se nas possibilidades, emocionando-se com a antevisão de todas as coisas que farão. Auto-imagem: "Sou uma pessoa feliz, espontânea e sociável".

Nível 3 (Realismo, Produtividade): As pessoas do Tipo Sete reforçam sua auto-imagem mergulhando de cabeça na vida e fazendo tudo aquilo que lhes garanta ter o que precisam. O gosto e a paixão que sentem pela vida as torna muito versáteis e prolíficas. Apesar de arrojadas e otimistas, são pessoas práticas e sensatas.

Média

Nível 4 (Voracidade, Consumismo): Temendo estar perdendo experiências mais interessantes, as pessoas do Tipo Sete tornam-se inquietas e buscam cada vez mais opções. Mantém-se eternamente ocupadas, fazendo malabarismos para dar conta de diferentes tarefas e planos, além de lutar para manter-se informadas sobre as mais recentes tendências.

Nível 5 (Distração, Dispersão): As pessoas do Tipo Sete receiam o surgimento de sentimentos penosos e a possibilidade de frustrar-se ou entediar-se. Por conseguinte, tentam manter-se ocupadas e animadas. Elas procuram criar energia em torno de si falando, fazendo brincadeiras e buscando novas aventuras, mas muitas vezes se distraem e perdem a concentração.

Nível 6 (Egocentrismo, Intemperança): As pessoas do Tipo Sete temem ser impossível dispor suficientemente do que creem que precisam. Assim, tornam-se impacientes em sua busca de gratificação instantânea. Apesar de muito exigentes, elas quase nunca se mostram satisfeitas quando suas exigências são atendidas. Perdulárias e blasés, mostram-se displicentes em relação aos próprios hábitos, jamais aceitando a culpa por eles.

Não-saudável

Nível 7 (Insaciabilidade, Escapismo): As pessoas do Tipo Sete temem que seus atos lhes tragam sofrimento e infelicidade, o que pode ser verdade. Assim, entram em pânico e evitam o próprio sofrimento a qualquer custo. Comportam-se com impulsividade e irresponsabilidade, fazendo tudo aquilo que prometa alivio temporário contra a ansiedade, mas no fundo não tem alegria nessa busca.

Nível 8 (Mania Depressiva, Temeridade): Desesperadas por fugir a ansiedade, as pessoas do Tipo Sete perdem o controle, atuando o sofrimento em vez de senti-lo. A medida que se tornam cada vez mais instáveis e imprevisíveis, períodos de atividade frenética alternam-se a profundas depressões. Insensibilizadas e temerárias, fazem qualquer coisa para suprimir o sofrimento.

Nível 9 (Acabrunhamento, Paralisia): Convencidas da possibilidade de haver arruinado a própria saúde, vida e alegria de viver, as pessoas menos saudáveis do Tipo Sete pressentem já não ter alternativas para o sofrimento. Paralisadas e cheias de pânico, muitas vezes cometem excessos que acarretam graves problemas financeiros e físicos, inclusive dores crónicas.

(Traduzido de "The Wisdom of the Enneagram", de Don Richard Riso & Russ Hudson, por ~mamado frentista)

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